Crianças brincam na chuva

O corpo pesa pelas roupas, a água lava o rosto como lagrimas, o silêncio é irrompido pelo tamborilar incessante ao tocar o chão. Os olhos ignoram a rua a lembrar de um passado presente, sem notar o caminho tortuoso que sua pernas traçam.

Foi uma pequena discussão que terminara como um grande fardo, ela não notara nele a sinceridade em teus olhos, ele não soubera explicar o que houve. Ela continuou e continuou a interrogá-lo sem ao menos se importar com o que ele sentiu. O desespero, a dor, o medo de perde-la. Ele a perdeu.

A noite terminou trágica para ele, mas um banho de chuva o conforta e ao mesmo tempo o esmaga. Sua roupa que cheirava a sangue pelo seu trabalho, agora deixava escorrer uma água avermelhada pelo caminho que ele traçava, sem se importar com isso ele continua a caminhar. Lembrando de cada pelava mordaz que ouvira.

Ele estava bêbado quando discutiu com o a mulher a quem ama, ela notara isso e proveitosa usou esse fato para descarregar nele suas aflições enquanto ele tentava se explicar. Cada gesto o feria ela não notava, o tom alto de sua voz o incomodava ela ignorava. Ele ergueu a mão para ela.

Um carro jogou o farol alto em seus olhos, ele se protegeu com as mãos. Por segundos se esquecera do que havia feito, mas logo voltou a menear a cabeça pesadamente como se houvesse algo a impulsioná-la para baixo. Suas mãos com luvas tateiam o colar que um dia ela o dera de presente.

Sua mão foi posta no ombro dela que estremecera, ele a olhou nos olhos “me desculpe, mas acho que esse é o fim de um amor de anos” ela não esperava ouvir tais palavras, ela não esperava que ele respondesse algo que não fosse uma desculpa esfarrapada. Ele se vira e caminha em direção a porta de sua casa, mas que agora ficará para a mulher que ele ama, talvez tivesse outra escolha, talvez ele pudesse pensar melhor se não estivesse bêbado.

Um açougueiro caminha pelas ruas cinzentas de uma noite chuvosa, seu casaco cheira a sangue de animais, seu olhar se perde nas guias molhadas. Sua dor, seu orgulho, e seu jeito de poucas palavras o tirara algo muito importante. Ele jamais volta a atrás em algo que diz. Enquanto o seu peito anseia por silêncio, crianças brincam na chuva indiferentes aquele que por ali passa.

Sem Nomes
Enviado por Sem Nomes em 28/04/2010
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