O PAPAGAIO

Numa humilde casinha da cidade, morava a Dona Zefinha, a casa ficava bem próximo da feira livre, um dia feliz ela foi visitar uma amiga doente e esqueceu a janela entre aberta, no final do dia quando retornou, encontrou um lindo papagaio em sua sala. Ainda procurou saber como ele chegou até sua casa, mas, ninguém sabia, ela então recebeu-o como um presente de seu falecido marido, na tentativa de afastar a solidão e nele colocou o nome de Louro Divino e o fez seu grande amigo e companheiro.

Todas as manhãs antes que o sol saisse a Dona Zefinha fazia o seu café com leite para tomar com o Louro. Conversavam muito, contava de suas tristezas de hoje e das tantas alegrias vividas no decorrer de sua longa vida, e o Louro, segundo ela entendia e respondia com carinho. A convivencia fez com que se conhecessem muito bem, o Louro sabia quando ela estava triste ou feliz e sempre lhe perguntava: O QUE FOI? TA TRISTE É? E assim comessava seu dia com seu grande amigo que nunca deixava ela sozinha.

Muitos anos se passaram e eles formaram laços profundos de amor, lealdade e confiança, porém Deus determinou a hora do Louro DIvino partir. Era como se ele já tivesse cumprido sua missão, a de viver tantos anos ao lado da bondosa Zefinha. Um dia ao acordar para levar o seu café, viu que ele estava quieto, cabisbaixo, já que nada lhe perguntou, percebeu que ele estava seriamente doente e o-levou ao veterinário que nada pôde fazer.

Louro Divino partiu deixando uma dor muito profunda na Dona Zefinha, que chorava inconsolada de tristeza e uma nova solidão tomou conta do seu ser. A saudade, anos de dedicação, a companhia, as poucas palavras, a atenção, agora... tudo era vazio. A casa ficou triste, ela nunca mais voltou a sorrir. Todas as manhãs estava lá no mesmo lugar olhando os pertences do Louro. Não mais se alimentava como antes, de saudades ficou fraca e a idade não le ajudava muito, pois, aos 101 anos ainda sofria a perca de seus maiores amores. Assim... Um dia descuidada e com a visão turva, saiu no jardim as pressas dizendo ter visto o Louro voltando, caiu e não pôde mais levantar-se. No hospital o RX detectou o fêmuo quebrado e sem forças para lutar, ficou em cadeira de rodas e no colchão d´agua, perguntando, falando e contando as aventuras que vivera com seu companheiro Louro Divino.

Com 102 anos e 4 meses Deus a-chamou, era chegada a hora do descanço eterno!! De quem morreu de amor por um grande amigo. Talves estejam juntos agora na eternidade. Triste final para uma tão linda história de amor.

Dona Zefinha era minha madrinha e esta história é real.

Dilma de Caboclo
Enviado por Dilma de Caboclo em 04/05/2010
Código do texto: T2237631
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