MINHA ETERNA NAMORADA

Dia destes, na minha rotina diária caminhando pela manhã, encontrei um pedaço de papel, dobrado no formato de um coração. Por curiosidade o apanhei. Na primeira dobra tinha algo escrito. Na medida em que desfazia suas dobras, dava seqüência a uma bela mensagem de amor, referenciando o dia dos namorados, finalizava mencionando o autor desconhecido. Colocando-o no bolso o conduzi para casa.

À noite, ao me recolher, li novamente. A mensagem acabou por mexer com o meu imaginário. Talvez por ser uma data a qual não fez parte do meu passado, uma vez que na minha juventude não era comemorada. Pelo menos no meio onde fui criado, privado das delicias desfrutadas pela atual juventude.

Envolto pela sensação de nostalgia causada pelo conteúdo daquele pedaço de papel, acabei mergulhando nas lembranças, em pouco tempo, estava eu metido numa viagem retroativa ao passado. Percorri mentalmente uma série de etapas da vida, desde a infância até a maturidade. Embalado por aquela fantasia; adormeci e comecei a sonhar.

Estavam meus colegas e eu, ainda jovens na companhia de nossas namoradas, participando de uma grande festa. O local não consegui identificar. Eis que de repente, me senti diante de uma embaraçosa situação. Colocaram-me na coordenação de uma competição onde seria escolhida por maioria, a data a ser consagrada como o dia dos namorados. Logo, uma acirrada disputa tivera inicio. Duas alas se formaram uma optando por doze de junho outra por treze de agosto. A disputa tomou forma política e pude ver faixas e mais faixas propagando as datas. Discursos inflamados tentavam denegri a imagem adversária. A ala de doze afirmava que treze é numero de azar, dizia ser melhor por representar os doze apóstolos de Jesus. O treze se defendia dizendo que Jesus escolheu treze porque Judas o traidor fora substituído. Além do mais é um número superior. Alguns mais exaltados quizeram partir para agressões físicas. Tive que interferir acalmando os ânimos. Em fim amenizada a situação foi realizado o pleito. O resultado foi surpreendente,deu empate.

Outra polemica, formada para o desempate. Logo imaginei vai sobrar pra mim! Não deu outra, me apontaram para decidir com o voto minerva.

Peguei lápis e papel e rascunhei o seguinte texto:

Numa noite de céu muito azul

Respingado de estrelas

Enquanto a lua de prata

Bordava de terna magia

A verdejante mata

Numa praça sem jardim

Surgiu uma linda flor...

A sorrir pra mim

Perfumada e bela!

Celerado meu coração

Quase saia do peito.

Ao lado dela

Estava eu...

Tímido meio sem jeito

A contemplar seu lindo rosto

Na data tão aclamada...

Treze de agosto!

Finalizei com esta decisão porque aos treze de agosto de hum mil novecentos e sessenta e um, encontrei pela primeira vez minha eterna namorada, grande amor de minha vida. E espero me separar dela,smomente quando Deus determinar.

Ao me levantar para ler este veredito acordei... Minha esposa com a mão sobre a minha me convidando para nossa oração da manhã, um costume mantido desde os primeiros dias de nossa vida conjugal... Fazemos de mãos dadas toda manhã, uma oração, pedindo a Deus sua proteção em nossa jornada diária!!!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 11/06/2010
Reeditado em 12/06/2010
Código do texto: T2313022
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