Meu amor cafajeste

Era impossível não se sentir atraída por um homem daqueles. Lembro da primeira vez que eu o vi. Bati o olho nele e pensei: É esse.

Amor, atração sexual, loucura, paixão. Tudo junto misturado. Aquele homem me despertou todos os meus instintos. Desejos e fantasias que eu nem mesma assumia que tinha, afloraram de repente. Achei que ele jamais passaria de um simples colega meu. Mas para minha felicidade - ou agonia - ele foi muito mais do que isto.

Foram tão rápidos os acontecimentos que fui pega de surpresa. Meus olhos famintos logo atraíram os dele e em pouco tempo, de todas as mulheres que rastejavam aos seus pés, sinto orgulho em dizer que a escolhida fui eu.

Todos meus momentos com ele foram maravilhosos, encantadores, plenos. Fugazes, inclusive. Foi um tempo vivido rápido demais para uma mulher que como eu, tem o sonho de viver um amor eterno. Ainda sonho dormindo e sonho acordada, lembrando daquele jeito cafajeste dele, dos olhos matreiros e da pose de sedutor. Por aquele breve tempo, achei que tinha conquistado aquele homem que exalava sensualidade por onde passava. Achei, verdadeiramente, que ele fosse meu. Mas como pude me enganar tanto?

Não importa a idade, toda mulher sonha com seu príncipe encantado. E ele era meu príncipe, meu homem, toda minha vida. De uma hora para outra, deixei minhas coisas de lado para viver exclusivamente para ele. Que boba eu fui! Talvez tenha sido aí que tenha começado a perdê-lo. Se é que alguma vez eu realmente o tive.

Um dia ele não me ligou. No dia seguinte também não. Entrei em desespero. Tentei o celular. Sempre desligado. Antes de cair a ficha que eu havia levado um sutil pé na bunda, levantei a hipótese de que ele estivesse morto. Levei uma semana para absorver que meu amor perfeito tinha se mandado.

Bom, eu prossegui aos trancos e barrancos. Em cada esquina eu julgava vê-lo. No shopping, no supermercado, em um estádio de futebol. Eu o enxergava em todos os lugares. Mas ele nunca estava em lugar nenhum. Nem nunca mais o vi. Se isto é bom ou ruim? Não sei. Mas nunca mais encontrei um homem que me fizesse flutuar a três metros do chão.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 13/07/2010
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