Era  final de inverno, num convento...

Nos longos e silenciosos corredores Irmã Janete  passava, rezava,meditava...os passos ecoavam ...ouvia-se o barulho até  das folhas que caiam...

Ela, no silêncio, o sentia e cada vez mais com ele se agitava...Ele lhe falava tanto...

Sentia-se só, saudades  e pensava num antigo amor, motivo pelo qual ela ali resolvera se trancar e viver os seus dias...

Trabalhava na padaria do Convento,estava em atividade sempre. Fazia  pães,tanto os do consumo delas,quanto o do colégio que  funcionava anexo ao convento.

Um dia, à hora da entrega das encomendas, viu o  encarregado da distribuição dos pães e lhe entregou a caixa.

-Fique com Deus,Pe Jonas,disse se despedindo.
 
Nessa hora, o padre, olhando para todos os lados, retira do bolso uma carta ...Me foi entregue, com mil pedidos para que eu lhe passasse às mãos.

Era de Vitor,  adoentado de tanta tristeza, pois arrependera-se de a ter traído e com isso,a perdido.

Nela estava escrito tudo, com detalhes e ainda,o pedido para que ela repensasse e lhe desse uma resposta. Confessou que passava frequentemente por ali e tinha esperança de a conseguir ver numa janela...

Daquele dia em diante, até os pães davam errado,tal a desconcentração que estava.As irmãs já estavam percebendo que algo ia mal ...

Ela rezava,pedia ajuda mas do alto, um dia pareceu ouvir..."quando despertarem as flores..."

O tempo passava e ela naquela agonia.Não mais se sentia bem ali. Mas havia decidido ficar.Tinha medo! Estava numa mistura de sentimentos e sensações...

Uma manhã porém, ao abrir sua janela, vê a sua  floreira repleta de flores,bem coloridas...

Na hora, lembrou do que parecera receber de resposta:"Quando despertarem as flores..."


Será mesmo isso? As flores despertaram e dentro de mim...

Resolveu arriscar...Não perderia sua chance de ser feliz!

Foi até a janela de sua cela e antes de fechá-la pela última vez,olhou bem as flores, que eram lindas...

Juntou numa sacolinha suas roupas e pertences, passou na Madre superiora e comunicou sua decisão.

As portas foram abertas...ela saiu, de longe, olhou pra trás e parecia ter visto pássaros e borboletas voando, felizes na sua ex-janela...

Ruma ao colégio,procura Pe.Jonas  no refeitório e lhe diz:

-Lembra daquela carta?Foi ela que me fez decidir.

Não serei mais eu a fornecedora  dos  pães no convento. Como vês, estou fora dele!

Ele surpreso,perguntou:
-Estás certa disso?
-Sim! Estou aqui e acho que te amo!
Quando vi tua bondade ao me entregar a carta , vi algo mais e criei uma coragem enorme.

Por aquela Pe Jonas não esperava. Havia feito um favor e ganhava,em troca, um amor...

Já recuperado do susto, ele confessou que muitas noites ficara pensando nela e que a cada entrega de pães,mais ele a admirara.

Assim,certos de que tinhas se encontrado,entre silêncios e pães, precisavam apenas de algum tempo.
O amor havia se instalado e Deus os abençoaria...haviam sido honestos consigo mesmo e com suas vestes religiosas.

Agora,sem elas,haveria muito tempo para se conhecerem melhor e quem sabe, ver crescer e florescer outras flores juntos...

Formariam uma linda família...Haviam decidido isso...

Rejane Chica
Enviado por Rejane Chica em 27/08/2010
Reeditado em 01/09/2010
Código do texto: T2463307
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