Doces Lembranças...

Estávamos na década de setenta, quando tudo era proibido.

Namoro, somente na presença da familia.

Até tínhamos permissão para passeios perto de casa, mas, teríamos que estar de volta, antes das vinte e duas horas.

Num destes passeios, conhecí aquele que seria o homem, pelo qual me apaixonaria, e sofreria para o resto da minha vida.

Apesar de saber que ele era comprometido com outra e que estava prestes a se casar, apaixonei-me!

E passamos à nos encontrarmos diariámente.

Eu sempre fingia naturalidade, quando estava ao seu lado.

Nada podendo cobrar, disfarçava o meu amor, de todas maneiras.

Eu o amava loucamente!

Uma noite, voltando de um dos nossos passeios triviais, ficamos conversando na varandinha da minha casa até mais tarde.

Estávamos sozinhos, minha família já havia se recolhido e com certeza, todos estavam dormindo.

Ao perceber que estávamos a sós, ele disse-me, com aquela voz meiga e calorosa -" Quero ficar com você. Só quero você, e ninguém mais!"

Meu coração acelerou desesperado. Era o que eu mais desejava.

Tê-lo só para mim!

O sangue pulsava, quente, quase febril em minhas veias.

E meu coração descontrolado saltitava de prazer, medo e ansiedade.

Ele estava mais lindo ainda. Seu rosto queimava o meu.

Seus labios sufocavam-me.

Beijava-me com tamanha paixão que por pouco, eu não desfalecia em seus braços.

Nossos corpos ardiam em desejos mútuos.

O "sininho alerta" abandonou-me de vez! Perdí o controle de mim mesma!

Entreguei-me de corpo e alma, àquele, que seria o amor de toda minha vida.

E o amei como nunca pensei amar alguém. Ali mesmo, naquela varandinha, correndo o risco de ser pega.

De ser expulsa de casa, e de perder o amor e a confiança da minha família.

E ele, nem percebeu que foi minha primeira vez !

Estava muito nervoso. Ou talvez não quisesse sentir o compromisso de ser o primeiro homem na minha vida!

Medo de cobrança !

De perder a situação privilegiada de um namorinho sem compromisso.

E naquele momento, eu jamais lhe diria. Não tinha a menor importância!

Não poderia quebrar o encanto daquele momento sublime.

Aceitei seu amor como uma dádiva de Deus!

E tudo aconteceu de forma muito natural.

Para mim, era como se já lhe pertencesse em vidas passadas.

Amava-o com tanta intensidade que meu peito doía. E dói !

Às vezes, tinha a nítida impressão que meu coração saltaria pela boca a qualquer momento!

Partilhávamos TODO tempo LIVRE. Ate seu último dia de solteiro, onde nossas vidas tomaram rumos diferentes.

Ele seguiu sua jornada, fez carreira, uma família...

Foi feliz, infeliz talvez, não sei...

Vivo com meu coração despedaçado, e a tormenta da sua lembrança.

E seguirei amando-o até a eternidade!

Nana Okida
Enviado por Nana Okida em 25/09/2010
Reeditado em 25/09/2010
Código do texto: T2520520