Amor e nada mais
Lourenço sempre fora aquilo a que costumamos chamar, um verdadeiro macho latino, ele não podia ver um rabo de saia que ficava logo de olho alerta, não descansava enquanto não conseguisse chegar à fala com a rapariga que lhe chamasse a atenção.
Lourenço mudava de namorada com mais facilidade do que mudava de camisa, não se lhe conhecia namorada que tivesse durado mais de uma semana, e todas elas eram raparigas que seriam o sonho de muitos homens, ele próprio dizia que não suportava pessoas feias ao seu redor, só escolhia namoradas bonitas, que soubessem vestir bem e que fosssem mulheres que, fisicamente falando, não chamassem a atenção de quem se cruzava com elas.
Lourenço terminava os namoros sem que lhe ficasse qualquer peso de consciência por saber que a única coisa que lhe interessara fora o prazer sexual que as moças lhe podiam oferecer. Os próprios pais de Lourenço já o tinham crticado por ele não conseguir manter um namoro estável.
Aproximavam-se os trinta anos e Lourenço não dava provas de poder vir a mudar, mas o destino desenha-se por linhas que ninguém pode antecipar, e naquele dia Lourenço cvomeçou a escrever uma história de vida diferente da que tinha vindo a escrever, foi quando viu Laura. Efectivamente, Lourenço, sentiu-se atraído por Laura mal a viu entrar naquela carruagem do Metro, mas algo não estava de acordo com a sua forma de estar, a atração que sentia por aquela moça era diferente da que costumava sentir por todas as outras, sentia que não era só o desejo de poder desfrutar de tão perfeito corpo que o atraía para aquela moça. Ela veio sentar-se no bano que ficava mesmo em frente a ele, as roupas permitiam que ele pudesse contemplar todo o seu corpo, o que com toda a sua imaginação e conhecimento da anatomia feminina lhe permitia imaginar como seriam as suas formas, fez a viagem de olhar pregado na rapariga, Laura também nunca o evitou.
Nos dias seguintes, Lourenço deixava-se ficar pela estação até ver surgir Laura, entravam na mesma carruagem e lá faziam a viagem de olhar no olhar, um do outro, até que Lourenço arranjou a coragem que antigamente nunca lhe faltava e que com Laura teimava em não se manifestar, casaram passados três meses, ninguém queria acreditar que tal fosse possível, Lourenço estava sempre desejoso que chegasse a hora de terminar o trabalho e poder voltar para junto da sua Laura. Não se passava um único dia que eles não mareializam-se o seu amor.
Um dia, Lourenço, comunicou aos colegas que ia ser pai, estava radiante, acompanhou a gravidez de Laura com toda a dedicação e carinho, assistiu ao parto, era uma linda menina. Só que esse dia de imensa felicidade seria também o inicio de um longo sofrimento para Lourenço,o parto deixara Laura em coma profundo.
No inicio, enquanto Laura permaneceu internada, Lourenço mudou-se, com a filha, para casa dos pais e só posteriormente, quando Laura saiu do hospital, é que ele ssentiu coragem para voltar à casa onde fora tão feliz. Laura continuava a apresentar um quadro de saúde bastante complicado, não lhe restava muito tempo de vida, parecia mesmo que só o amor de Lourenço, e o amor pela filha, é que a mantinham ainda viva.
Foi numa dessas manhãs que Lourenço se cruzou com uma das suas ex-namoradas, ela achou-o triste e dirigiu-se a ele:
- Lourenço, que cara é essa?
- É a vida, Lena, é a vida.
- Mas há algum azar?
- Sim, não sei se sabes, mas eu casei.
- Tu quê! Tu casate?
- Sim, tenho uma filha e tudo.
- Então porquê essa cara? Desiludido com a esposa?
- Não, o que se passa é que a Laura nunca recuperou do parto e está a caminhar para a morte.
- Que idade tem a tua filha?
- Quatro meses.
- Quatro meses. Ah, faço ideia, lá andas outra vez de namorada em namorada.
- Não Lena, nunca fui infiel à Laura, nem mesmo agora.
- Lourenço, tu estás a querer-me dizer que tu não…há esse tempo todo? Desculpa m,as não acredito nisso.
- Problema teu.
- Bem, eu por acaso também não tenho namorado, se uma destas noites quiseres, podemos recordar velhos tempos.
Lourenço foi para o trabalho a pensar na conversa de Lena, só agora se apercebia que já havia mais de seis meses que não tinha relações sexuais. Ninguém lhe poderia levar a mal se decidisse aceitar a proposta da rapariga, afinal seria apenas uma entrega fisica e sexual, nada mais do que isso.
Lourenço foi rsistindo o máximo que foi conseguindo, mas Lena via-o começar a perder a capaxcidade de recusar o seu corpo e foi insistindo, até que combinaram um encontro na casa da rapariga. Lourenço chegou, entrou e Lena abraçou-o, beijou sofregamente e começou a despir-se, Lourenço avançou para ela, agarrou-a pelos ombros, olhou-a bem nos olhos e disse-lhe:
- Lena, enquanto a Laura for viva, nem tu, nem ninguém me farão ser-lhe infiel, por muito que eu possa desejar o teu corpo, por é só isso que alguma vez me interessou em ti, o prazer sexual, só isso e nada mais, mas enquanto a Laura for viva, nem isso terás de mim.
- Lourenço, esquec e a Laura, olha que se recusares fazer amor comigo, aqui e agora, nunca mais te darei o prazer de provares deste corpo.
- Pois bem, se é assim que queres, assim será. Nunca mais te atrevas a procurar-me. Fica sabendo que amo a Laura como nunca amei mulher nenhuma, e nem toda a tesão que pudesse sentir ao olhar para o teu corpo, me faria ser-lhe infiel.
Lourenço virou-lhe as costas e foi para casa. Sentia-se feliz ao abraçar Laura, esta pareceu perceber o que se passava e sorriu-lhe.
Francis Raposo Ferreira