Legítima Defesa- (QUARTA PARTE)

Legitima Defesa - quarta parte

A INESQUECIVEL CHEGADA

Sofia chega em Novo Calvário.

O velório estava sendo feito na casa de seu sogro. Sofia ao entrar é abraçada pelo sogro e sogra, ela diz:- minha filha, eu sei que estas sofrendo e a sua dor é igual a minha...(Sofia olha para o corpo de seu amado João, inerte naquele caixão e, sente uma dor imensa... e, reflete em uma pergunta que não quer calar):

Por que ele deu uma de corajoso? não entendia, com certeza seria melhor um covarde vivo do que um corajoso morto. Será que foi legítima defesa? ou será que ele foi assassinado?

Houve o sepultamento e todos foram embora para suas casas, o João (sua matéria)encontrava-se definitivamente em sua casa... Sofia queria ficar no cemitério, sua Irmã não deixa.

-Laura diz: - Sofia você precisa descansar, por favor, pelo amor de Deus eu não estou suportando te ver assim criatura, sabe! teu aspecto está parecido que já morreu também e, agora tua responsabilidade ficou maior ainda, pense nas tuas filhas, tu é o pai e a mãe agora entendeu?...Sofia satisfaz sua irmã:

-Tudo bem, tu está certa, eu estou exagerando...

Chegaram em casa.

O marido da Laura, o Leandro gostava muito do João, encontrava-se profundamente abalado com o susto, a tragédia, e muito intrigado com a história da calçada. Chamando a Sofia, diz:

-Abra o inquérito policial, esta conversa que encontraram o “compadre” numa calçada não dar para engolir, sabe comadre, do que você precisar pode contar comigo, eu pago, não quero saber quanto, pra ver este criminoso preso, foi crime, mataram o meu compadre. Lamenta consternado.

Isto aconteceu no domingo, no mesmo dia do sepultamento. Sofia não conseguiu dormir, queria viajar logo para Fortaleza, assim, já amanhecia o dia para ir falar com o delegado e dar inicio logo na abertura do inquérito policial, em primeiro lugar a força que estava recebendo era de Deus e agora acabara de receber a força material, moral do seu compadre, ele é rico, podia arcar com as despesas. Sua Irmã não deixa Sofia viajar. Ela se conforma mais uma vez e fica. Durante toda a noite passa muito mal, náuseas, falta de ar, angústia, muita dor, vontade de chorar, não conseguia era uma dor tão grande que não dava nem para chorar. Sua Irmã lhe dar um chá.

UM NOVO DIA

Amanheceu era o dia 22 de dezembro, o meu espírito de Natal era o da sexta feira santa, o da paixão de Cristo comparando mau, só muita dor...E uma sensação de destruição, de fracasso, e uma dor sem local, é como se o meu eu não estivesse comigo, a amargura, a raiva, o ódio, o desespero e a vontade de vingança, eram muito maior do que a falta que estava sentindo de meu marido, num momento daqueles o descontrole provocaria qualquer tipo de tragédia, mas eu jamais deixaria meu coração descontrolar minha razão, eu tinha duas filhas para criar e agora só era eu.

Sofia viaja para Fortaleza. Geralmente gente como a Sofia calma, discreta, educada, risonha, ria por tudo, era muito alegre e feliz. Todas as pessoas assim, simples ou são muito invejadas ou ninguém leva a sério, acham que não tem sentimentos, não ligam para nada, um jeitão desprendido de quem nada quer e nada pensa, todos queriam e tiravam um pedacinho e até um pedação...

A luta travada do bem contra o mau, instalou-se, ela enchia sua cabeça só de pensamentos positivos, mas gente como a Sofia se não houvesse este controle da Fé, poderia se transformar, muito pior do que o OSAN BIN LADEN seria insignificante, diante do monstro que se forma dentro de uma pessoa com tanta dor.

Já em Fortaleza, o telefone toca, Sofia pede para atenderem.

-Alo! Quer falar com quem!

Sofia é pra te, sua tia diz, entregando o fone:

-Alo,(era uma das irmãs do João).Ela disse:

-Sofia, eu soube que tu vai abrir o Inquérito Policial?

Vou,- Custodia, afirmei.

-Tu queres saber o que? eu liguei pro teu advogado e conversei com ele. Sofia contemporiza:

-Eu não quero saber de advogado, eu quero a verdade. E só vocês sabem, foram vocês que encontraram ele, morto. Mas ficam fazendo mistérios para uma coisa séria dessas, não querem me dizer nada, com omissão, estão se fazendo de inocentes, eu sei que vocês não são, então a polícia diz, eu vou descobrir o culpado. Está com medo, do contrário não vinha me procurar. A Custódia aflita afirma:

-Ele foi encontrado na calçada, tu sabe disso, criatura...

--Onde você está, aqui ou em Novo Calvário?

-Estou aqui em frente a tua casa.

-E você veio de Novo Calvário só para fazer uma ligação pra me? de frente da minha casa! Um, como as coisas mudam, de repente fiquei importante...é nojento, um dia é da “caça e o outro do caçador.”

-Por favor eu quero entrar e falar contigo pessoalmente.

-Tudo bem, mas eu quero o endereço dessa calçada, o bairro, a rua, o número, a avenida...

-E tu queres acreditar em que, deixa de ser ingênua, que a gente acredita é no que quer. E tem mais a mãe disse que não quer ninguém mexendo no corpo do filho dela. Quando ela soube que tu vai exumar o corpo dele, ela desmaiou e foi parar no hospital. Eu disse a minha mãe que a coisa pior que ela fez na vida, foi dar o filho dela a ti.

-Isto é peculiar Custódia, sua revolta e a de vocês todos é porque eu nunca me conduzi pelos caminhos que vocês queriam, nunca deixei que me transformassem em fantoches como fazem com todos do clã de vocês(casta), não sou falsa moralista e nem santa, mais enquanto eu reagi contra as sujeiras de vocês, íamos vivendo em paz, mesmo com todas as perseguições, só foi eu aceitar esta sujeira da sua Irmã, taí no que deu, eu tenho certeza que a morte do João tem a ver com esta maldade...

-Está bem, está bem, eu quero entrar... desligou o celular.

Sofia foi abrir o portão, Custódia nunca havia andado em sua casa. Da casa para o portão da frente são uns quarenta metros de recuo, quando Sofia chegou lá fora, Custódia, demonstrou que não gostou da demora. Após ser conduzida por Sofia até a casa, justifica encabulada:

-Pensei que havia demorado para me deixar esperando, nunca pensei que fosse tão recuada...Sofia enfática diz:

-Entra, senta e diz logo, sem querer me enrolar, estou cansada de tanta sacanagem...Custódia faz que não escuta e, com muito sarcasmo afirma:

-É, a casa é grande, a Ivone tem toda razão de querer tomar para ela, pois o João comprava outra para ele. Quantas tem dessas?

Sofia ficou calada, detesta humor negro.

Custódia sentou-se e disse:

-Primeiro sobre o caixão, estou te comunicando porque estamos fazendo uma cota entre os irmãos de cinqüenta reais para cada um.

-Deixe o caixão do meu marido que eu pago, apesar de não ter sido eu que pedi , vocês escolheram uma porcaria, vocês tem muito mau gosto, quem tem coragem de matar, mentir, roubar, não pode ter bom gosto.

Ela ouvia o que Sofia dizia, como se nada ouvisse, com total frieza e indiferença, era como se não ouvisse, estivesse literalmente moca, é uma cínica.

-Vai exumar o corpo do João?.

-Vou.

-Então vou embora, vim falar contigo para entrarmos num acordo e evitar mais sofrimento pros velhos, eles estão sofrendo muito, nós podemos aguentar, tuas filhas são muito novas e nós também aguentamos. Eu conto tudo o que houve se tu me der a tua palavra como não vai abrir o inquérito policial.

Sofia queria a verdade, ela não podia confiar nela, mas encontrava-se sem opção, pra saber o que houve e o que provavelmente ela iria inventar, valeria a pena dar a sua palavra. Antes que Sofia respondesse a Custódia acrescenta:

-Tu tens muito caráter, entrou lá em casa no dia do velório, abraçando a todos, como é que tu consegue ser assim? nós estávamos pensando que tu ia dar um escândalo chamando a todos de criminosos.

-De criminosos? – perguntou Sofia curiosa. –Como poderia fazer isto? se não sabia o que houve, dar escândalos num momento de dor, pra que isto? Vocês gostam muito de tirar os outros por vocês. As pessoas são diferentes, sabia? conta logo o que houve.- Sofia insistiu.

-O João foi encontrado na casa da Ivone , na piscina, todo urinado e defecado .O Estevão chegou e tentou ressuscitá-lo, ele ainda estava vivo.

Mesmo já desconfiando do que houvera,...O silêncio pairou entre as duas. Sofia não consegue pensar, nem falar , um entalo na garganta, corta sua voz, ficaram olhando uma para a outra... Até que Sofia consegue dizer; muito admirada, pasma:

-Piscina!? E para onde ela se mudou também tem piscina!!

-Se mudou? Custódia muito admirada pergunta, - o que tu está sabendo é que ela se mudou? Que conversa é esta, ela nunca saiu da casa que tu e o abestado do meu irmão foram os fiadores. O Estevão foi chamado de lá para levar o João ao hospital. Sofia indignada diz:

-E porque o Estevão mexeu no corpo, não era pra ter mexido, só eu podia resolver o que fazer com o rapaz.

- O Estevão disse que pensou em fazer isto, mas lembrou-se que era “um irmão e uma Irmã, todos dois filhos da minha mãe”, pegou o corpo e levou para o hospital. E continua, impaciente:

- E aí mulher? eu não quero saber de conversa, o Estevão não quer nem saber, ele quer é esquecer aquela cena, e ponto final, o teu marido não volta mesmo.

-Eu não posso esquecer disso, afirmei. Ela diz já dominando:

-O melhor que tu faz é esquecer, porque tu está vendo, teu marido foi avisado, não ouviu, brincou, com eles lá é assim, brincou dançou, meu irmão foi teimoso e se tu quiser terminar de criar tuas filhas é melhor tu não ver e escutar nada, um acidente numa calçada é só o que acontece toda hora , pensa mulher...

QUEBRANDO BARREIRAS

Dia 23 apenas três dias do falecimento de João.

Fui falar com o advogado, era preciso saber sobre os embargos, as execuções, os cheques...Ele pergunta se eu não ia processar estas criaturas.

-Como, doutor? a inquilino oficial, nós fizemos a destituição de fiança não é mais a inquilino, a Ivone que está dentro da casa, não existe para a lei, o que mesmo que nós vamos processar!

-É, faz sentido, é uma pena tamanha crueldade ficar assim sem ser feito justiça.

-Doutor eu queria um agente da inteligência disfarçado, para ficar por lá investigando, quem sabe se não conseguiríamos uma testemunha, aí sim valeria a pena abrir o inquérito, sem testemunho não adianta, é perca de tempo.

Sofia vai na delegacia e consegue contratar um investigador particular, ele não podia iniciar logo porque era época de recesso até fevereiro após o carnaval. Enquanto isto Sofia não podia parar, ela lia, procurava ler bons livros, que valorizassem sua auto estima, ela não podia e nem queria, que nada intimidasse sua vontade de mais uma vez dar a volta por cima.

Entre uns e outros, estamos com a nossa realidade individual, porque somos o que somos, a caminho do que devemos ser, conforme os padrões de Jesus. Sofremos por nossos amigos por não sermos a criatura ideal ou o tipo de perfeição que eles esperam de nós e sofremos com nossos adversários, porque, nem sempre, carregamos todas as imperfeições e perversidades que eles nos atribuem. Mas os Espíritos Benfeitores asseveram que devemos todos ter paciência uns com os outros, porque , um dia, chegaremos a vida maior, na qual nos amaremos mutuamente como verdadeiros irmãos perante Deus. Era o que sentia dentro do meu coração, muita dor e do tamanho desta dor um sentimento de covardia, ou de temor, não sei explicar, pois nunca fui cúmplice, mais assinei, acho que é isso, atribuiu esta minha omissão de que não deveria denunciar ninguém. Lembrei de Maria Dolores poetisa notável e obreira dedicada do espiritismo no Brasil, suas poesias eram para crianças menos felizes, as mais necessitadas:

CONFRONTOS

Tristeza oculta no peito

Tem a mania do cupim

Que, quando surge na casa,

O telhado esta no fim

Ciume ;(Deus me perdoe)

Parece em qualquer feição

Com jararaca enroscada

Por dentro do coração

Orgulho lembra o coqueiro

Que mais alto poe o cacho

Um dia o raio aparece

E o coqueiro vem abaixo.

Vaidade recorda a Ra

Que não vê a própria face

E pensa que o mundo inteiro

E a lagoa onde ela nasce

Mentira e igual ao macaco

Que come no pe de amora

Corpo escondido na rama

Deitando o rabo de fora.

Melindre parece a larva

Que cresce sem reboliço

E acaba matando a rosa

Sem que a rosa de por isso.

Maledicencia relembra

Um papagaio invulgar

Que tanto mais preso

Quanto mais sabe falar

Apego desenfreado

E igual a hera em ação

Que, aos poucos, abraça o muro

E atira o muro no chão.

Cobiça se bem comparo,

E assim como poço fundo

Que cabe, de ponta a ponta,

Toda a miséria do mundo.

(5)”Flores de Outono’, EDIÇAO LAKE l948, paginas 82 e83

“Palavras do Companheiro (os meus irmãos de Pirapitingui)”Peço licença para escrever estes versos de Jesus Gonçalves ao desencarnar psicografado por CHICO XAVIER, que para mim viúva de Joao ao ler senti o desencarnar de meu esposo:(ofereço as minhas filhas Samanta e Marcela:

Irmaos cheguei contente ao Novo Dia

E ainda em pleno assombro de estrangeiro,

Jubiloso, saltei de meu veleiro

No porto da Verdade e da Harmonia

Bendizei, com Jesus, a dor sombria,

Na romagem de pranto e cativeiro

Nele achareis o Doce Companheiro

Para as rudes tormentas da agonia...

Não desdenheis a chaga que depura,

Nossas horas de amarga desventura

São dádivas da Lei que nos governa!...

As escuras feridas torturantes

Que envergamos ao sol da Vida eterna

Que maravilhosa madrugada

Que desdobras a luz no céu aberto

Alem das trevas, longe do deserto

Onde a esperança geme incontentada!

Salve, resplandecente e excelsa estrada

Sobre o mundo brumoso, estranho e incerto,

Que acolhe, em paz, o espírito liberto

Na vastidão da abobada estrelada!

Oh! Meu Jesus, que fiz na noite densa,

Por merecer tamanha recompensa

Se confundido e fraco me demoro!

Recebe, ante a visão do Espaço Eleito,

A alegria que vasa de meu peito

Nas venturosas lagrimas que choro...

Eu entendo que meu marido era uma daquelas matérias que não queria desencarnar, ele não aceitava a morte. A pessoa viva que esta sentindo todas as vibrações da matéria, não aceita a morte, imagine estando morto, se foi doutrinado na terra para aceitar que morrer é nascer de novo, tudo bem e se não aceitar se é a única coisa exclusivamente certa que temos aqui nesta terra, é morrer.

Sofia encontrava-se muito cansada, mas não ia passar o Natal em Fortaleza, era melhor viajar e ficar perto de seus irmãos e de seu pai em Novo Calvário. As crianças adoravam ficar com os primos , brincavam se divertiam...Já em Novo Calvário:

- A Laura entra, avisando que a Custódia estava lá fora e queria falar com ela e acrescenta;.- Sofia ela parece muito nervosa, ela já tinha ligado, antes de tu chegar de Fortaleza, me contou uma história que estou me tremendo até agora, roubaram o corpo do João da gaveta dele(eu mim arrumando e a Laura atrás de me, acompanhava os meus passos e contando rapidamente o que ouvira da Custodia). – Sofia exclama sem entender: - Meu Deus! que conversa é esta Laura, que loucura...Saímos nós duas:

Custódia narra rapidinho o que já havia contado para Laura. Sofia diz:

-A solução é ir na delegacia, falar com o delegado, registrar a queixa e descobrir onde está o corpo do João.

Custódia fica logo muito assustada pedindo que não falassem no nome dela...Laura e Sofia afirmaram para ela que ficasse tranquila que ninguém ia comentar nada.

Foram para a delegacia. O delegado ouviu tudo calado, depois convida as duas para ir no cemitério falar com o coveiro. Vão, ao chegarem lá, conversam com o coveiro e ele muito assustado tentou negar que não havia visto nada, depois foi cedendo aos poucos até que disse ter visto um carro grande tipo furgão entrar por volta das três horas da manhã e duas mulheres pularam o muro. Antes até notei que uma delas machucou feio o joelho, era muito escuro, não deu pra ver direito, mais ficou muito sangue e logo levaram ela, depois de tudo, notei que ficou um saco com uns ossinhos, era de um anjinho com certeza, mais pediram pra me colocar dentro da gaveta. O delegado diz :

-Vamos, vamos, pra delegacia, vou abrir o inquérito e investigar esta história de terror, vamos lá, insiste o delegado.

O coveiro começa a chorar, pedindo até pelo amor de Deus que não deixassem fazer isto com ele, pois era um pai de família e com certeza ia virar presunto.

Laura e Sofia olham uma para a outra e dizem:

-Senhor delegado, deixe–o em paz, a corda só quebra do lado mais fraco, nós só queremos que o senhor dê uma geral no sítio deles, quem sabe levaram para lá. O Delegado pensa um pouco e diz:

-Tudo bem, só quero uma coisinha ir no hospital e saber se alguém deu entrada na madrugada de domingo pra segunda, com um problema no joelho ou na perna, algo do gênero. O coveiro agradeceu muito.

Chegaram no hospital, apenas o delegado entrou(difícil só tinha um), encontrou logo, coisa recente, a irmã da Custodia, a Olivia machucou feio o joelho e a perna, inclusive informaram ao delegado que ela precisou engessar a perna toda e a entrada da ocorrência fora por volta das três e meia da manhã, - confirmado - O delegado diz: - sem testemunho é a mesma coisa de nada.

Nos deixou em casa, prometendo que ia dar uma volta no sitio dos velhos. Sofia alerta-o para o perigo que ele poderia correr, se desconfiassem de alguma coisa, com certeza ele viraria presunto também, e o sr. não tem testemunha...Sofia ironizou.

O sistema devorou tudo, os valores morais, alguém ainda sabe o que é isto hoje?...Os pais tem filhos porque é bom fazer , criar só dar trabalho, despesas..., deixa aí que o mundo cria.

Será que é assim? Ou será que estes espíritos zombeteiros, desonestos, hipócritas, são encarnações necessárias para ensinar aqueles que não são assim? Quando Jesus andou no mundo só haviam hipócritas, eram os fariseus que dominavam aquele mundo, se assim não fosse como Jesus poderia ter mostrado para a humanidade até hoje seu exemplo de humildade, caridade, Fé e esperança? tudo é providencial, são dois mil anos que os exemplos de Jesus são pregados em várias religiões, e durante todo esse tempo quantos espíritos foram evoluídos até chegar a perfeição e, sentarem-se ao lado de Deus em seu trono! Deus não tem pressa, eis porque fez o tempo infinito...

Sofia passou o Natal e o Ano Novo com sua Irmã Laura, o Leandro e seus filhos o Amon e o Elias, por toda a semana ficaram tentando descobrir a questão do corpo do rapaz. O delegado fez a vistoria, segundo ele não encontrou nada, sem testemunha nada feito, ninguém mata , ninguém rouba, a justiça da terra é assim, mas a de Deus não é assim, porque é perfeita, demora, porque Ele não está preocupado com dinheiro, a propina Dele é a própria natureza, provocando a causa e o efeito, os retornos...

E Sofia exercitava seu cérebro com hinos belíssimos, como este que ela cantarolava sempre:

“Alma gêmea de minha alma

Flor de luz de minha vida

Sublime estrela caída

Das belezas da amplidão.

Quando eu errava no mundo...

Triste e só no meu caminho,

Chegaste, devagarinho,

E encheste-me o coração.

Vinha na benção das flores

Da divina claridade

Tecer-me a felicidade

Em sorrisos de esplendor!

És meu tesouro infinito

Juro-te eterna aliança

Porque sou tua esperança,

Como ÉS todo o meu amor

Alma Gêmea de minha alma

Se eu te perder algum dia...

Serei tua eterna agonia,

Da saudade nos seus véus...

Se um dia me abandonares

Luz terna dos meus amores

Hei de esperar-te entre as flores

Da claridade dos céus”.

EMMANUEL

(psicografado pó Chico Xavier)do Livro há 2000 anos.

Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladora.

A DECISAO

Missa de trinta dias, Sofia manda celebrar uma em Fortaleza e outra em Novo Calvário. Apareceram por aqui em Fortaleza a Florinda, o Jesus e toda a família, o Estevão e família. Quando Sofia entrou em sua casa encontravam-se sentados em sua sala contando piadas e rindo como se nada houvera acontecido, aquilo deixou Sofia irritada, porque não estavam respeitando sua dor , isto não era perdão, eu estava acoitando uma falta de vergonha e de respeito. Senti que aquilo não era pra ser assim, se eles não estavam sentindo a sacanagem que fizeram com o irmão eu não era cúmplice daquilo não, eles acharam que eu era, porque não abri o inquérito! E ai? eu ia suportar aquilo também? pelo amor de Deus, era exigir muito de mim mesma, para que uma amizade desta? se na hora que mais precisei desta galera o que fizeram comigo?...Não segurei, tudo que estava preso em minha garganta vomitei, não podia ser de outra forma, era vômito mesmo, chamei-os de criminosos, dei escândalo, foi horrível...Foram embora, aí eles ficaram tão sensíveis, não gostaram, eu fui muito agressiva. ”Pimenta no... é refresco...” imagine, se tivesse sido aqui em casa que eles tivessem encontrado o corpo do João? meu Deus, até este detalhe meu amado Mestre me poupastes, Tu não me deixas só um minuto, obrigada mais uma vez...Nunca mais ouvi falar desta galera, ninguém não vive é sem Deus.

O Investigador pouca coisa conseguiu:- Dona Sofia os vizinhos estão calados ninguém abre a boca, apenas comentaram numa festa que fizeram no Natal e outra no Ano Novo, a respeito do irmão nada consegui, apenas que chegou um senhor muito embriagado aos gritos e quebrando o portão, bateu muito no portão, chamou a atenção de todo mundo. Ah! Lembrou-se o investigador de algo que poderia ser muito importante se alguém quisesse testemunhar, que eram as viaturas após as duas horas da manhã , chegavam pra pegar as propinas, realmente faziam parte de uma gangue da pesada, o chefe é muito conhecido, ele mexe com tudo : carro roubado, cartão clonado, drogas, lavagem de dinheiro e tal. E daí se vão detido o habeas Corpus entra primeiro do que eles, não dá, é comum não dar em nada, entendeu? ninguém quer se envolver numa fria desta... o investigador justificava a ausência de provas.Sofia consultou o advogado, sobre o que o Juiz faria numa situação destas - em que um cidadão vai cobrar uma dívida em Casa de uma irmã e é encontrado morto. Após consultar o Juiz, o advogado afirmou ser considerado uma omissão de socorro, ocasionando uma detenção de três a quatro meses. Principalmente se o fato não for testemunhado...

Sofia opta por dar um tempo, já que três meses não é justo, apenas esta pena, para tamanha maldade.

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SEIS ANOS DEPOIS (1997 a 2003)

Há pouco menos de sete anos da ocorrência do fato, em 2003(1997-2003), estavam num restaurante, um grupo conversando tomando cerveja, ouvindo música em Novo Calvário, neste grupo tinha uma prima de Sofia que ninguém ali presente imaginaria, pois a maioria da galerinha eram jovens e só ela com idade de mais de quarenta anos. Conversavam animadamente , quando um carinha de uns vinte e três anos conta uma história que, segundo ele nunca houvera esquecido tal cena. Na rua que ele mora até a presente data, numa noite, ouvira uns gritos que fizeram ele deixar a TV, para ir olhar que clamor tão grande era aquele, ele relembra que era muito novo dizendo que tinha apenas uns quinze anos, chegando em sua calçada vê um senhor tentando entrar naquela casa a qual era dos seus sonhos, pois tinha uma piscina grande com sauna e tudo, sentia segundo ele muita vontade de um dia dar alguns mergulhos, mas o mais perto que chegou fora no portão. Ele fica olhando aquilo sem entender, ninguém se aproximava e nem ninguém abria o portão. Até que ele quebra uma das barras de madeira, ficando um buraco que ainda não dava para entrar, ele desiste de quebrar a outra barra, ai pega seu carro encosta bem próximo do muro, sobe no carro e depois no muro e logo pulando para dentro da casa. O Jovem conta que fora uma oportunidade que tivera para ele poder ficar olhando de um buraco maior para as águas daquela piscina tão azul parecia o céu: - ainda hoje galera eu me lembro da vontade que eu sentia de pular ali dentro, era massa! Um dos ouvintes, retrucou:- fala cara, para de brincadeira, o que houve com o homem que pulou o muro? O jovem continua;- macho foi triste oh! - Saíram três caras lá de dentro pegaram ele e socaram a cabeça dele dentro da água, e ele naquela posição alucinante, se jogando muito, o cara tinha força, mais não deu, eram três segurando a cabeça dele, dentro da piscina, mataram o cara asfixiado, - o coitado! não sei como não partiram foi o pescoço do corpo.- Eu vi tudo, pelo buraco do portão, só tem um detalhe, se a viúva souber desta história ela vai querer que eu testemunhe, e não adianta, porque o juiz não aceita, eu era de menor, não vale - acrescenta aliviado.

Minha prima diz: - Gabriel eu conheço esta história ai, a mulher do rapaz que foi assassinado é minha prima. Assustado Gabriel retruca preocupado:

- Puxa, cara falei demais, não adianta contar pra viúva.. .E tem mais, depois de umas três horas é que apareceu um irmão dele, e ele ainda tinha sinal vital, o irmão dele fez os primeiros socorros, respiração boca a boca, colocou-o no ombro e saiu, o hospital não dava cem metros, era ali bem pertinho, o que aconteceu ali foi omissão de socorro, se eles tivessem levado o rapaz logo, ele tinha escapado...Gabriel continua, passando muita mágoa:

- Essa familiazinha é parecida com a minha. O meu pai foi acidentado e faleceu numa batida com uma scânnear, a culpa foi do motorista da scannear, foi provado pela lei e a família foi indenizada com uma fortuna, minha mãe não viu nenhum tustão, nós não passamos fome porque minha mãe, se garante, mais se dependesse da galera do meu pai, nós já tinha morrido, nunca nos ajudaram com nada.

Todos ficaram em silêncio absoluto, -Sara quebra aquele momento dizendo:

-O pior ainda de tudo é que roubaram o corpo dele...

Silêncio...

Gabriel diz:- no Brasil existe dois tipos de assaltantes:- O que assalta nas esquinas com revólver, faca ou com a conhecida “sugesta”, estes são os bandidos pobres, analfabetos e alienados socialmente, infelizmente a grande maioria segundo as estatísticas seriam alunos de escolas púbicas. O outro tipo de assaltante que é o próprio governo que assaltam com uma simples caneta em sua maioria de ouro, suntuosos em seus gabinetes, com ambiente refrigerado, sorrindo, ele não encara você, também não precisa pois o secretário dele paga tudo com o nosso dinheiro, acompanhado de muitos papéis chamados burocracia para parecer que está tudo dentro da ética. Ah, em sua maioria até utilizam pessoas como “laranja” e desta forma nem precisam sujar suas mãos, estes ficam apenas esperando que o dinheiro caia na conta pra fazer a festa, “são os bandidos ricos”, estes são que fabricam o bandido pobre porque eles mantém esta classe social sob o domínio do analfabetismo. Dizem que a maior revolução já feita até hoje no mundo foi quando o primeiro “besta” encontrou-se com o primeiro “ sabido”. Deste casamento, nasceram o estelionatário (171) , a miséria (concentração de renda) e a chamada estória pra boi dormir. De lá pra cá, quanto mais o mundo gira mais o pobre fica mais “tonto” e o rico fica mais rico.

Sara liga para Sofia e conta o que acabara de ouvir de Gabriel, o menino que testemunhou tudo que fizeram com o seu marido. Sofia nesta ocasião encontrava-se lendo o livro, quem ama não adoece, do Dr. Marco Aurélio Dias da Silva, ele diz que não se pode “medir” o grau de tristeza ou de sofrimento de alguém. Achei esta frase fantástica, pois quem poderá ter uma noção pelo menos da minha dor, das vezes que pensei em matar aqueles que judiaram até a morte do meu homem querido, aquele que beijei tanto que abracei tanto e que até suas roupas eu cheirava para matar a saudade quando apenas demorava depois de um dia de trabalho.

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Seis anos depois da confirmação do assassinato de João.(2009)

Dia 24 de Agosto, aproximadamente uns cinco ou seis anos após saber da história de Gabriel, a Sara liga avisando que o meu sogro morrera. Após quinze dias do falecimento de meu sogro somos avisadas que havia uma irmã de meu esposo falecido nos procurando nos arredores de nossa casa. Uma vizinha nos conta que ela havia deixado um recado que o assunto era sobre a herança dos velhos, deixando o número de seu telefone para nos comunicarmos .Entramos em contato com ela após alguns dias e foi marcada uma reunião, sendo os irmãos os únicos a fazerem parte para ser discutida a divisão dos bens. Minhas filhas representando o pai (João), Jesus, Estevão, Custódia, Lavínia, Florinda, Lívia, Ivone, Olívia, após 12 anos que não se viam, quando encontram com elas Samanta e Marcela já não as reconheciam, sua fisionomia era conhecida pois o sangue de seu pai era muito forte e eram muito semelhantes, mais não as reconheciam como da família como da sua família (como suas tias), a reunião ocorreu “normalmente”.

Que Deus proteja minhas filhas, nesta jornada constrangedora, pois acho que elas estão em conflito, com escrúpulos, não entendi bem ainda o que elas estão sentindo para não abrirem um inquérito, com esta aproximação o tempo vai mostrar o que vai acontecer...

Eu queria abrir um parêntese para aqueles que estão lendo, entender, que resolvi escrever esta história, com o objetivo de trazer e levar um questionamento sobre uma palavrinha tão pequena e de consequências tão drásticas que é o amor: - a confusão que é feita por nós seres humanos sobre o que é amar, questão antiga mesmo antes de Cristo, por inúmeros pensadores. Quero fazer uma citação do livro "quem ama não adoece", capítulo XVIII páginas 335 a 339 sobre a armadilha da autoridade e da disciplina: “biombo para o desamor"! A violência, física ou não, é o desrespeito dos pais pelos filhos são, na maioria das vezes, praticados em nome da necessidade de discipliná-los e do exercício da autoridade. Quase sempre, porém, tal necessidade é apenas o biombo atrás do qual os pais tentam esconder, de si próprios e das outras pessoas, a ambivalência e o ódio que devotam aos filhos. È chocante de ler, mas é a triste realidade, por dolorosa que seja.

Não há dúvida de que temos o dever de transmitir aos filhos os princípios fundamentais que nos regem, a lei moral em que acreditamos e as regras básicas de higiene, de convívio social e muito importante de muito respeito as outras pessoas. Temos também o inalienável dever de incutir-lhes, gradativamente e na proporção de sua capacidade de compreensão, o senso de responsabilidade por seus atos e obrigações que lhes cabem, entre elas deveres escolares e a participação nas tarefas caseiras.

Para obter isso, contudo, não é necessário recorrer a violência, castigos, repreensão carregados de ódio e irritação. Basta apenas que amemos nossos filhos.Se conseguirmos transmitir amor a eles, transmitiremos também, sem qualquer esforço, de forma natural e quase imperceptível, quase tudo o mais que quisermos, inclusive as normas de conduta e os princípios morais que comungamos. Assim como aprendem espontaneamente a falar, aprendem também a comportar-se bem e ser corteses.

A transmissão desse amor e a crença e confiança que a criança tenha nele compreendem vários elementos, dentre os quais julgo essenciais: respeito e coerência.

Respeitar a criança significa fundamentalmente tratá-la como ser humano que é, com desejos, vontades e sentimentos próprios. A surrada frase de que a “criança não tem querer “ que os de minha geração e os que antecederam tanto ouviram traduz um dos maiores equívocos dos pais e educadores que adotam como lema. È lamentável que tantos pais ajam de acordo com esse modo de pensar e somente decidam tratar a criança “como gente” quando ela for “gente”, querendo dizer com isso quando adultos. Então na maioria das vezes, será tarde demais. A ruptura já terá acontecido. Os laços de amor, legítimos e espontâneos, já estarão envenenados pela mágoa e pelo ressentimento.

As experiências indicam que são justamente aquelas crianças tratadas de igual para igual pelos pais que tendem a revelar desenvolvimento intelectual mais elevado, maior originalidade, maior segurança emotiva e maior domínio sobre si mesmas, quando comparadas aquelas oriundas de famílias autoritárias, adeptas do “criança não tem querer”.

Compreendo a angústia e a ansiedade dos pais com a “educação” e a “formação” de seus filhos, mas vejo com muita tristeza o quanto os deseducam e os deformam. Se simplesmente os amarem e respeitarem, as coisas fluirão naturalmente, tudo a seu tempo.

O respeito aos filhos inclui também o respeito as suas aspirações, suas aptidões e ao seu projeto de vida. È muito comum e lamentável que os pais projetem, sobre os filhos e seu futuro, suas próprias expectativas e venham a cobrar deles direta ou indiretamente, o que não conseguiram realizar. São pais que pensam estar criando os filhos para si mesmos, e não para o mundo. As maiorias das vezes, por esse caminho, criam pessoas fracas e dependentes.

A necessidade de sentir-se superior aos outros deriva, não tenho dúvidas, de uma razão única: a sensação íntima – mesmo que inconsciente – de inferioridade. O desprezo e o desamor a si mesmo são, pois, os motores da ambição da vaidade e do destrutivo sentimento da inveja. Então, no afã de conseguir ter o que lhes possa servir para exibir aos outros sua superioridade, assumem compromissos que não podem honrar, sofrem por não conseguir o que outros conseguiram, sacrificam a saúde e a paz para alcançar o que, muito provavelmente, nem desejariam, não fossem tais coisas símbolos de status e sucessos, a exibir ao mundo.

Ultrapassando o limiar da pobreza, portanto, a questão do dinheiro é fator de doença na razão direta do desassossego e da baixa auto-estima interior. Quem se presa e se ama não necessita desesperadamente dos sinais exteriores de sucesso para se sentir na condição de merecedor do amor das outras pessoas.

São assim as experiências distorcidas de sucesso. A concepção de sucesso é sempre o ter, o que aquele cristão conseguiu: uma fazenda com muitas cabeças de gado, um iate, mansão com piscina, enfim, ninguém se preocupa em saber se a pessoa é feliz, se é honesta com as outras pessoas, se amam o que faz e se é amada pela família, etc. Nada disso parece relevante; a única coisa que importa aparentemente é o dinheiro, o status, o prestígio.”

Sofia ao ler esse livro lembrou como a teoria esta bem próxima da prática, pois seu marido fora criado por uma família que impunha a violência como “disciplina”. João sempre contava para ela a maneira como fora educado, levando diariamente “castigos” por suas pequenas danações! Até assédio moral e material eram feitos, pois lhes trancavam dentro de um quarto chamado o “quarto do sal”, literalmente cheio de sal onde ali eram colocados noite e dia e, sua mãe os alimentava mediante uma vasilha por entre uma fenestra da porta, muitas vezes passavam-se por dias e até semanas, sem tomar banho, sem higiene alguma.

Sofia nunca esqueceu do dia em que entrou na casa dos pais de João e viu aquela criança presa numa gaiola, a qual “sofria” de uma síndrome até então desconhecida (Síndrome de dawn) ela encontrava-se nua, presa aquela gaiola enorme de madeira, colocada dentro de um quarto onde era escondida, para que as visitas não a vissem. Esta criança era tratada como um animal, era alimentado como um, suas necessidades fisiológicas eram feitas ali mesmo, fiquei chocada ao me deparar com aquela situação, sem nada a fazer, eu tinha apenas 15 anos, me lembro disso como se fosse hoje (e já se passaram 40 anos). Lembro-me que pedia muito ao João para fazer algo por aquela criança, vesti-lo, passear com ele, e João dizia, não toque nesse assunto, você quer que eles me coloquem no quarto de sal?

Não desejo e nem quero o mal para meus inimigos, assim também como não posso mais andar de braços dados com eles, como se nada houvera acontecido, procuro afastar-me dos ambientes escarnecedores, evito as pessoas mal intencionadas, sinto minha alma sofrendo, mesmo assim se for pra ajudá-los, independente de qualquer interesse de minha parte, ajudo-os. Veja o sol que ilumina e saneia o pântano, sem que seu raio de luz e calor dali se afaste enlameado e fétido.

Sejamos nós o espelho vivo de nossa fé. "Não quero deixar minha vida ser um rascunho, pode não dar tempo passar a limpo".

Humildade é saber exatamente o que somos e o que valemos. È conhecermos a nós mesmos, procurando corrigir sinceramente nossos defeitos, e não nos querendo impor aos outros.

Mais uma vez minhas filhas foram convocadas para mais uma reunião, as tias querem que assinem um documento renunciando a herança, elas decidiram ir e assinar.

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Agora há poucos dias fui informada, por pessoas que sempre procuram informar as ocorrências dos últimos fatos, que o marido de uma delas, hipotecou a fazenda e comprou uma frota de ônibus. O marido da Olívia que hipotecou a fazenda apareceu morto, já em estado de putrefação. As notícias vem para dentro da minha casa sem ser necessário que eu dê um passo, pois se eu pudesse ficar sem ouvir falar neste assunto seria bem mais sadio para mim, com certeza.

Infelizmente o que tenho para contar escrevendo é dor, muita dor e lágrimas para o fim de uma história de tragédia, é o exemplo para todos que atropelam os laços de família, em busca da ambição, das trevas, então Deus chama a atenção das pessoas, assim – mostrando que o dinheiro é pra ser usado exclusivamente nas necessidades.

As seis mulheres, três combinadas com aquelas que têm marido, as sem maridos, revoltadas, pois ficaram de fora “da frota” , a renda era para os dois irmãos e para as três irmãs que tem marido. As outras três irmãs sem marido estão sendo suspeitas do crime juntamente com o marido de uma delas. Com a morte do marido da Olivia o marido da Lavínia sofreu um infarto e encontra-se na UTI. Infelizmente o que estava internado falece após alguns dias, meu Deus, não havia completado nem trinta dias da morte do que foi assassinado!

Ficamos sabendo que as suspeitas da investigação foram totalmente desviadas para o único genro vivo herdeiro, que é o marido da Ivone, pois segundo os comentários, ele ficou enciumado e constrangido porque era pra ele ter feito a hipoteca, ter recebido o dinheiro, ter comprado a frota de ônibus, enfim não foi ele quem fez nada disso, apenas iam receber em partes iguais o rendimento do investimento. Prevalecendo a dúvida e a desconfiança, o rancor e a precipitação do julgamento encheram seu cérebro de pensamentos “malignos” que contaminaram seu coração da ganância e julgou que estava sendo enganado mesmo antes de ser. Sabemos que o projeto já encontrava-se pronto mesmo antes do velho falecer, todos estes acontecimentos são consequentes de atitudes arquitetadas, estudadas, tramadas e combinadas... E mais uma vez ela confirma que são capazes de usar de qualquer meio para alcançar o fim desejado, pois a omissão é fato confirmado além disso ainda existe a manipulação.

O cidadão foi a julgamento, o veredicto foi réu primário, legítima defesa, enfim inocente, muitas palmas, muita alegria, venciam mais uma vez... logo, logo, encontrava-se a frente de tudo. Cidadezinha com 60 mil habitantes todo mundo sabe da vida um do outro, fofocas pra todos os lados. Esqueceram que o rapaz que foi assassinado tinha família e esta não entregaram a Deus para ele fazer a justiça. Revoltados com a justiça da terra que é o dinheiro que faz, não tiveram paciência e eliminaram o rapaz, fizeram uma desova e o corpo foi identificado porque a mulher dele encontrou na aliança escrito Ivone, pois o corpo foi todo mutilado, cortado, como se faz com um carneiro, um boi ou um frango, para ser feito um alimento.

Vingança! Vingança! Eram as palavras escritas nos caules das árvores do matagal...

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Obrigada caro leitor por ter lido meu ponto de vista, sobre tudo, já que falamos sobre valores morais, mesmo sendo um saco lembrar que é muito bom ser digno, ter caráter e escrúpulos: de estômago vazio! Porém bolsos cheios de cascalho e a consciência da origem da merreca, aí dói. Porque tudo que sobe desce e a consciência pesada é fundo do poço, pesa demais. Sacou? Aí eu entendo porque os asilos estão superlotados e as cadeias também.

Mesmo sem ser a nora aquela pessoa que idealizaram, poderiam terem pensado no filho, no irmão, e respeitado e procurado compreender a escolha que fizera. Não, nada disto foi possível acontecer no “amor” destes familiares. Espero que leiam com muita atenção e respeito esta história, pois é uma homenagem que a esposa deste infeliz faz à sua pessoa, tão amada e respeitada por ela e pelas filhas.O que aconteceu com as famílias?

Queria fazer um questionamento, com aqueles que conseguiram ler tanta mediocridade, mais para falar de amor é preciso também ser medíocre, afinal de contas somos seres humanos, e por que querer se esconder? Se o que realmente e literalmente somos é medíocres..

Os exemplos da mediocridade em cada um de nós; são:- subestimar a inteligência do parceiro(a), fazer de conta que é amigo(a)

sendo na verdade um oportunista, fazer da convivência um meio de vida, explorando o relacionamento como se dele fosse o único meio de sobreviver, ser fisicamente perfeito, emocionalmente normal, sem nenhum distúrbio emocional e se fazer de doido, de burro, de tolo, na expectativa que todos acreditem e assim possa “se dar bem”, enfim, criar um universo completamente fora da realidade daquilo que um dia possa ser desmascarado...

Nós podemos dar exemplos de “n” indivíduos que são assim.

Eu por exemplo, ao escrever este livro, descobri em me, coisas que jamais pensei que fora eu a fazer tal personagem. Descobri que antes de olhar para o que os outros fazem devo olhar para me mesma e questionar minha própria mediocridade, só assim, talvez, poderei melhorar e poder querer ajudar o outro a ser melhor. Lemos muito sobre belas frases, belos textos, belos artigos, belas crônicas, enfim seres humanos de um vasto potencial intelectual, será que eles amam mais do que um medíocre?

Será que existe o amor medíocre e o amor não medíocre?

Enfim, o que é amar? Será que eu sei responder a esta pergunta?

E você sabe?

Neste mundo de expiação, de dor, sofrimento e mediocridade, nada fazemos em busca das virtudes, de sua essência, íntegra e pura.(fazemos?)

Há sempre uma busca de demonstração para o favorecimento de interesses particulares. Francisco de Assis,(a igreja católica chama-o de santo), um exemplo de virtude, ele foi medíocre? Na minha opinião ele foi, primeiro só em ter sido morador de um mundo de expiação, já tira a perfeição, pois estamos aqui exclusivamente para evoluir, e se é preciso evolução é porque não somos perfeitos, eis a razão de sermos iguais. Apenas ele usou o livre arbítrio para cumprir sua missão aqui neste mundo, o que todos deveriam fazer, e não fazemos. Por que não fazemos? Por falta de aceitação do que verdadeiramente somos. Jesus Cristo, precisava de nascer de uma pecadora igual a todos nós? Não, mais foi preciso ser assim para que todos entendam, que até o próprio filho do criador um ser perfeito, cumpra a missão, estamos aqui para cumprir o que pedimos, nós pedimos assim e assim acontecerá, como nós pedimos, e quantas vezes esquecermos, receberemos o sim infinito da misericórdia Divina para cumprir a missão, um dia cumpriremos, pois DELE tudo é infinito.(tudo é perfeito, até o homem entender sua imperfeição, a pruralidade das vidas é a representação do amor perfeito, por isto morremos para nascermos de novo)

Todos os fatos ocorridos durante esta minha estadia aqui, nesta vida, que pedi para vim, mais uma vez, vivenciei convivências incríveis, até por assim dizer inexplicáveis, como foi este fato narrado

no livro, de uma família inteira ficar contra a nora, por ter sido seu esposo assassinado por uma de sua irmã,(a filha de sua própria mãe) e sendo que tudo dito pela viúva, é desmoralizado, por argumentos feitos pela assassina, de que é mentira. A viúva reconhece a falta de amor prestado a sua pessoa e a pessoa de seu esposo, aja visto que sendo ele amado só por ela(que amor omisso?) e suas filhas, pois, caso contrário, não teriam eles(seus familiares), sido tão solidários com a criminosa, esta que se omitiu a tudo, mesmo sendo a esposa também uma omissa pois nada fizera contra tamanha crueldade. Reconhecida pela esposa a sua omissão, pois o crime foi constatado, em 2003 (seis anos depois do assassinato), e nada fizera, estão soltos os criminosos de seu esposo, que pena, como lastimo não existir leis para quem é de menor e para réu primário.

Por que um jovem de 15 anos não pode testemunhar sobre um crime que presenciou? Não pode ser testemunho(...), eu queria só entender...

Por que um réu primário não pode ser preso?

Por que um cidadão vai cobrar uma dívida e é assassinado e os criminosos cometem omissão de socorro,(na tentativa de assassinato), pois, deixaram-no ainda vivo, sofrendo, por mais de duas horas, enquanto ficavam escondidos dentro da casa e ligavam para o outro irmão pedindo que viesse pegar o corpo e levar ao hospital, eles estavam há pouco menos de 20 metros do corpo, e nada fizeram, esperaram o irmão fazer uma viagem de uns 10 quilômetros, o que demorou mais de duas horas, para prestar-lhe socorro, encontrando-o ainda vivo, sendo levado para o hospital, não suportando mais, vindo a falecer. O que o ódio é capaz de fazer? E tudo isso porque o irmão não quisera pagar o aluguel da mansão, contrariou o querer da” irmã perfeita,” ela não pode ser contrariada, ela não faz maldades, nem mente, nem engana, nem mata, nem rouba, nem magoa, nem odeia, ela é um exemplo de virtudes e todos rastejam aos seus pés, até a própria esposa do finado, nada fizera. Mesmo estando completando 12 anos, este fato é só um a mais que encontra-se na impunidade, viúva criando as filhas sozinha, sem nenhum contato com os familiares do pai assassinado pela própria irmã (tia, cunhada).

Sinto muito, mais isso não é apenas um conto, é um fato...

Nem tão pouco foi o primeiro e nem será o último.

Tudo que acontece hoje em nossos dias, as pessoas dizem que a culpa é da droga, o CRAQUE, sendo atualmente a pior de todas.

Tudo bem, acredito, nós somos formadores de uma sociedade, medíocre, que não assume nada, ninguém tem culpa de nada, todos são culpados menos o “EU” de cada um, é incrível!!!! Os santinhos do pau oco estão em evidência, e o que é mais alarmante é que acreditamos. Existem os direitos humanos, que defendem os “bichinhos” de tal forma que infelizmente nos dá o direito de fazer citações, como esta que estamos fazendo agora. Há 40 anos atrás, quando vivenciei minha adolescência, ouvíamos falar nas drogas; mais num grupo de 10 jovens, um falava, e os nove logo se afastavam, tementes, por serem seguidores dos ensinamentos de seus pais, e assim nos mantivemos por mais de meio século(...).Hoje 2011, vivenciamos o oposto; num grupo de 10 jovens nove usam drogas e um se afasta, o que aconteceu?

Um dia, ao fazer a explanação do conteúdo de minhas aulas, um aluno exclamou perguntando: - professora, por que estudamos se vamos morrer(na pergunta ele já havia dado a resposta), eu apenas pergunto já respondendo: porque comemos se vamos cagar... então todos riram, e ele insiste dizendo que o organismo tem necessidade do alimento e o estudo vai alimentar o quê? Acrescentando que seus pais acham melhor que ele trabalhe entregando papelote (os chamados aviões), pois recebem por dia os valores de cinquenta reais, “trabalhando” apenas quatro horas pois é o tempo suficiente pra entregar cem papelotes, muito lucrativo! Ganha mais do que um professor trabalhando os três expedientes. Funciona, claro, se um professor ganhasse em quatro horas cinquenta reais, três expedientes seriam cento e cinquenta por dia, olha a valorização da profissão? não ficava aquém de entregar papelotes, é uma excelente profissão ser aviãozinho de marginais. Até eu fiquei fazendo as contas, trabalho cinco dias na semana, sábado e domingo fazendo planejamentos, são 30 dias recebendo $ 150,00, quatro mil e quinhentos reais para um professor por mês? Inacreditável, a educação não pode ser valorizada assim! Aí todos vão querer ser professores? E aí os papelotes? Os marginais? Fica ruim demais. Os viciados no craque, vão ter que deixar o vício? Serem integrados à sociedade? Vão deixar de roubar, assaltar, matar e estuprar? Não pode não, o que os direitos humanos vão fazer? Sem os “bichinhos” vão ficar muita gente desempregados!!!!. Pra que estudar? Se aprender não enche a barriga de ninguém.... Belíssimo questionamento, dos 30 anos de trabalho em sala de aula, foi neste dia que aprendi, com este meu aluno, o quanto nós profissionais da educação somos medíocres.

Fui afastada para aposentadoria. Há uns dois anos fui chamada para uma reunião, tratar de assuntos particulares, conversando com colegas fui informada da prisão de um dos nossos ex-alunos. Procurei o endereço de onde estava detido e lá vou eu visitá-lo. Surpresa ao vê-lo (me contive), apenas me aproximei e puxo a cadeira, sentando em sua frente, pergunto:

-Como você está? Ele de cabeça baixa, nada respondeu...

-Insisti, o que houve? O que você fez? Ele contemporiza:

- Nada, não fiz nada...Calou-se com aquele mesmo tom arrogante de quem sabe tudo.

- Você está precisando de alguma coisa? Fala criatura...fui interrompida pela senhora sua mãe, que entrava esbravejando tudo e todos, como se estivesse brigando ou reclamando de algo. Ele levanta-se e vai ao encontro dela, abraçando-a. Ela olha para me e diz:

- A senhora veio olhar a desgraça do meu filho? Não precisamos de professores aqui...muito obrigado pela sua visita, mais não precisamos....Já acostumada, pois conhecemos muito bem como nos tratam os pais de nossos alunos, contemporizo conformada:

- Tudo bem senhora. Retirei-me, muito triste, até porque ela não poderia julgar o que eu estava sentindo em ver um de meus rebentos naquela situação. Mais naquele momento? Era reconhecer que ela tinha razão de se encontrar tão enfurecida, eu também sou mãe, então ficar no lugar de uma mãe é muito fácil, não é preciso nem estudar pra compreender e ser solidária com tamanha dor...

O que importa num momento destes? Paciência, compreender mais do que ser compreendida, respeitar mais do que ser respeitada, enfim a desgraça já encontra-se consumada. O jovem não entrega mais papelotes, é um viciado, e além disso com uma ficha criminal extensa, composta de crimes hediondos, em qualquer país que não sendo o Brasil, pegaria prisão perpétua, ou corredor da morte, pena de morte. Aqui não tem disso não, as mães das vítimas de um indivíduo deste não tem participação nenhuma na lei, quando estão fazendo-a, (apenas são induzidas em nosso cotidiano, como um supositório, esteja febril ou não, sejamos educadores ou não, tem que aceitar uma lei que é única para prender assim como para libertar, é a mesma(...).

De tantos milhares de jovens que foram considerados por me como meus rebentos, já que sala de aula é como um lar e nós os pais, vivenciei este caso que muito me deixou triste, ele tinha apenas 23 anos, e sua vida se resumiu num amontoado de palitos de fósforos, latinhas e cachimbos, e lá mesmo na prisão foi assassinado, ou suicidou-se, ninguém descobriu, apenas foi mais uma vítima do craque? Da sociedade? Do sistema? Da acomodação? Do amor doente? Enfim de si mesmo, o homem é vítima de si memo.

A impunidade nos atormenta, pedindo socorro; a omissão fere nossa consciência deliberadamente, nos assustamos com a nossa incompetência.

José Ramalho canta: vida de gado, povo “MARCADO”, povo “FELIZ”. Somos marcados mesmo sem cargos de confiança, nos auto “marcamos” pela dolorosa vergonha de sermos felizes.

A propósito, existem uns animaizinhos que há anos os observo: Hamsters, ratinhos sensíveis e amorosos, extremamente egoístas. A fêmea, ao parir, é separada do macho, do contrário ele usa os filhotes como seu alimento favorito - não por estar faminto, mas sim pelo instinto de proteção, defesa. Ele ataca para se defender, assim sendo, se é de dar ao rato dar ao gato que é de casa; eis os extremos de seu irracional, mais do que compreensível. A fêmea usa dos mesmos meios de defesa caso o local não seja protegido, pela insegurança ela também os come, em nome do amor e da proteção. Assim, ela como mãe amorosa também os guarda em seu intestino. É melhor vê-los mortos do que expostos aos desgostos do mundo, incrível, presenciando isto pude concluir que não são só os hamsters que protegem seus rebentos desta forma instintiva, com certeza tenho uma prova concreta de que o egoísmo nos seres racionais nada mais é do que este amor hamster, já que em nossos dias tudo é chamado de amor...

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Jesus diz: “Amar o próximo como a si mesmo”. Se você não ama a si mesmo não será capaz de amar o próximo. O que ocorre é que muitas vezes as pessoas não se respeitam, não se gostam, e acabam se anulando diante de outras pessoas, criando vínculos de dependência sentimental que não fazem bem a ninguém. E muita gente chama isto de amor, de grande amor, quando na verdade não é nada disso. Transformamos o próximo em muleta.

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O viveiro era espaçoso, eu não esquecia de te alimentar, gostava de ver você no poleiro mas sua voz eu nunca ouvi cantar.

Porém um dia ouvi você gritar, correndo fui lá ver o que havia. Admirada eu vi você chamar com seu biquinho aberto, cabecinha virada e seus olhinhos para o céu fitar.

Então eu vi revoando no céu um bando de seus amiguinhos passar e toda tarde aquilo acontecia, você gritava mas eles não ouviam.

Foi aí que lembrei. A minha alma jovem, como você sentia, tantas vezes senti como borboleta presa na teia de aranha, desejando me soltar e não podia.Abri a porta do viveiro bem na hora da revoada de seus irmãos e fui me esconder na janela pra ver a liberdade que você queria. Só que não vi lá em cima do muro o atento gato que a tudo assistia e quando você preparava o vôo esperado, o pulo do gato foi mais ligeiro.

Desesperada eu via aquele triste episódio, repetia a minha alma na boca do gato a liberdade. Como você, se foi um dia.

tuka bella
Enviado por tuka bella em 21/04/2011
Reeditado em 27/05/2012
Código do texto: T2922866
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