O coração do fantasma

O CORAÇÃO DO FANTASMA

O temporal estava forte. O barulho da chuva era nítido sobre o telhado que respingava sobre a coberta colorida. Somente o clarão dos relâmpagos que cortava o céu iluminava o pequeno cubículo. Os trovões estremeciam a terra. A minha frente uma antiga cadeira de balanço que parecia balançar. Um suave som instrumental selava como uma candura mágica do ambiente. Pensei vir à música da parte térrea, mas ouvindo bem, era da casa a frente. Embalada pelas notas musicais de Kenne Greate cheguei até a janela, nada vi, a escuridão era imensa. Agora em meio a tanta dúvida ao ouvir tão linda canção deitei-me novamente. O coração embebia cada nota musical, assim adormeci.

O sol já brilhava. Acordei pela luz que batia na minha face. Corri para a janela. A curiosidade intrigava para conhecer o pianista. Olhei ansiosa, ninguém vi. A casa parecia abandonada. De aparência rústica e aspecto de abandono. Eu vi distantes crianças que brincavam na rua. Pessoas iam e viam. Um homem me chamou a atenção. Caminhava em passos lentos, chapéu, capa e óculos escuros. Nas mãos sacolas de compras e o jornal do dia. Terminara de entrar na casa que observava. Seria ele o pianista? Procurei saber sobre os moradores daquela casa. Ninguém sabia dar informação precisas. Falavam apenas de um fantasma que tocava sempre à noite. Decidi que iria conhecê-lo. Atravessei a rua e lá estava em frente à porta. Para minha surpresa ao pegar a maçaneta estava aberta. Abri devagar... Incrível, incrível, tudo em perfeita harmonia em luxo requintado. Tinha que pensar rápido e encontrar o local do piano. Surpreendida pelo senhor ainda de capa escura:

- Lindo dia senhorita. Aceita um chá? Não respondi estava nervosa... O senhor apontou para uma sala voltando para casa à dentro. Sim. Caminhei em direção a sala. Que encanto! Já pensou em está em um lugar mágico? Assim descrevi a linda sala. Totalmente arejada. O vento suavemente entrava pelas janelas que estavam abertas. Todas de vidro verde-alga marinho transparente. Deixava o ambiente em uma espécie de flutuar no espaço, pois tudo combinava com o tapete fofinho, branquinho, as cortinas em rendas alvíssimas, os móveis todos brancos e prata. Somente o piano destacava-se no meio desse sonho em cor de madeira marfim com detalhes prateados e a cadeira estofada em veludo vermelho. O verde de algumas palmeiras dava o toque perfeito. Assim pensando na magnitude da sala esqueci o pianista. Onde estava? Caminhei alguns passos... Por impulso sentei na cadeira em, frente ao piano. Fechei os olhos e voei na minha mente. Aplausos! Aplausos! A platéia aplaudia a música apaixonante que enchia todo o recinto. Mim vi como aquela bailarina de minha caixinha de música. Bailava, bailava e rodopiava feliz linda como uma borboleta.

De repente alguém tocou minha mão, não abri os olhos. O momento era mágico. Uma música agora soa levemente e o pianista comigo dançou. Parecia está nas nuvens, suavemente dancei... Que canção maravilhosa eu dancei! Nenhuma palavra. O silêncio falou o que nossos olhos diziam. Docemente tocaram nossos lábios.

Como todo conto de fada a hora do encanto se desfez. O mordomo chegara para anunciar algum imprevisto. Sai dali correndo. Era magia ou tudo verdade? Estava atômica. Na penumbra do soto umedecido esquecia o tempo lá fora, ficava a ouvir a linda canção que minha alma acalentava. De malas prontas esperava o taxi para voltar para casa quando recebi um bilhete em formato de coração:

- É você o meu amor? “Eu beijei os teus lábios” Pela janela eu a vejo linda.

Fui até a janela e olhei para a direção da sala encantada. Na outra janela, lindo, lindo, estava um coração desenhado: Eu amo você. Saudades.

Na rua várias pessoas olhavam a janela com o coração desenhado, diziam: - “O coração do fantasma” a quem seria destinada a mensagem de amor ali gravado?

Sonho ou magia eu vivi, eu ouvi o bater do coração, eu ouvi a canção do amor.

Ma Socorro

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ma socorro
Enviado por ma socorro em 09/05/2011
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