CHAMADA NÃO ATENDIDA...
Eles mantinham um romance “meio secreto”. Digo “meio secreto” porque nada os impedia que se encontrassem, e se por acaso fossem vistos juntos, tinham motivos plausíveis para isso.
A cumplicidade era tanta, que davam-se ao luxo de possuírem celulares exclusivos.
Ninguém tinha acesso aos números. Só eles!
O que existe entre esses, que um dia se amaram tanto, mas que o destino os separou, e cujo motivo, por ética, não me cabe revelar, se não for amor, é algo semelhante, ou mesmo superior.
Costumavam trocar lindas mensagens, também antes de dormir, e muitas vezes conversavam suavemente pelo celular. Isso, para ambos, era um verdadeiro elixir.
Mas... existe sempre um mas...
Essa noite, ao deitar-se, ao som de lindas músicas, vindas de uma festa de rua, pelo aniversário de emancipação política de sua cidade, o celular chamou, chamou, e depois registrou:
"Chamada não atendida".
Ao acordar, desesperada, ela ligou para ele. Tarde demais. Ele não atendeu nem entendeu que o sono, também, acalenta os amantes.
Injusta e ironicamente, ele prefere ler:
"Chamada não atendida".
(!i!)
Geneci Almeida
01/07/11