A Beatriz e o seu anjo.

A Beatriz e o seu anjo.

Beatriz já estava completando os seis anos, era linda e inteligente, toda cheia de vida, ela era alegria daquela família simples e pobre. Com seis anos ela já teria que ir para a escola, coisa que preocupava seus pais pela forma estranha que ela conversava sozinha, sempre dizia:

- Mamã, eu estou a falar com o meu anjo da guarda.

Olhavam um para o outro e encolhiam seus ombros, que eles podiam fazer nada.

Seus pais temiam que ela fosse maltratada e vitima dos outros meninos dizendo que ela era maluca.

Eles sempre a educaram a rezar a noite ao seu anjo e pensavam que tudo vinha dali, às vezes entravam no quarto e a Beatriz estava sorrindo e dizendo:

- Mamã, olha está aqui o meu anjo da guarda.

Dona Graça olhava e não via nada de nada, sorria e dizia:

- Oh, Beatriz diz que eu mando um beijo e desejo que ele nos proteja de perigos na noite.

Beatriz ficava zangada com a mãe, dizendo:

-Mamã, tu nunca pedes para os desprotegidos e os doentes

A Dona Graça sorria e pedia desculpa e então juntas ajoelhavam-se e oravam por todos eles. Era uma cena linda, algo que era transcendente. O dia da escolinha chegou, a classe era calma e muito sossegada. Beatriz era muito querida por todos e logo ela cativou até os professores da escola e outros colegas de outras turmas.

Era um consolo ver o intervalo da escola e todos a sua volta escutando historias de anjos que a Beatriz contava, os professores achavam que ela era super inteligente e dotada, quando ela dizia que foi o seu anjo da guarda que lhe contou todos davam uma gargalhada e sorriam.

Ela sempre tinha coisas boas a contar, quando ela ia ver a sua avozinha ao hospital era a delicia de todos, seu sorriso e suas palavras amigas animavam tudo e todos, às vezes, ela ia e segredava ao ouvido de alguém, o que ela dizia ninguém sabia, mas era certo que essa pessoa melhorava e ia embora do hospital.

Às vezes o pai brincava com ela e dizia:

- Oh, filhinha porque não segredas a tua avozinha? Quem sabe se ela não vinha logo embora, para juntinho de nós.

A Beatriz acenava com a cabeça e exclamava:

- Oh, paizinho, não posso, avozinha tem que estar lá e é forte para superar esta doença.

Logo ela vai ter com o Papai do Céu, pensava a pequeninha, era o que seu anjo lhe falava, triste, ela tentava disfarçar e contava algo da escola. Sempre tinha algo de bom para contar aos seus pais.

Por vezes o seu amigo anjo falava de coisas tristes muito tristes, de meninos que morriam maltratados pelos pais, por homens maus, que esses meninos ficavam perdidos entre o céu e terra e tinham que rezar muito por eles, ela sempre o fazia mesmo quando estavam lá visitas, ela pedia licença e ia para seu quarto e rezava por vezes chorando muito mesmo.

Um dia, ela chorava tanto que Jesus pegou nela ao colo e conversou com ela sobre as verdades da vida. Por vezes a vida não era o que todos desejariam, mas porque eles mesmos caminhavam por caminhos errados e eram orgulhosos e intolerantes ao seu semelhante.

Beatriz adormeceu, ela sonhou belos sonhos, lindos e nessa noite ela brincava com muitas outras crianças, crianças vestidas de branco e com belas asas transparentes.

Ela se recorda de uma menina linda com olhos negros e brilhantes, ela sorri muito e de repente ela toca em seus cabelos louros e encaracolados e corre feliz.

Naquela manhã ela acordou bem disposta demais, o telefone tocou em casa, era do hospital, sua mãe quase desfaleceu, era a sua avó tinha acabado de falecer, a enfermeira pediu para falar com a Beatriz. Ela, pega no telefone e com voz trêmula diz:

- Alô. Fala por favor

A enfermeira então transmite o recado da avó.

- Beatriz, tua avó pediu que eu te falasse algo, ela pediu para te dizer que entendeu porque nunca lhe contaste segredos, ela tinha que superar a sua doença.

As lágrimas rolam da cara da Beatriz, queria falar e não conseguia e ainda escutou algo mais:

- Alô está ai?

Diz a enfermeira

- Sim, estou sim.

Falou a Beatriz

- Sua avó pediu para dizer que ontem no seu sonho, ela era a menina que tocou nos seus cabelos. Falou que logo estarão junto, felizes e brincado. Lamento muito, todos nós gostávamos muito dela aqui. Beijos Beatriz.

Ela desliga, lavada em lágrimas, corre para os quarto da avó e deita-se sobre a sua cama ainda tinha o perfume da avó e fica de olhos fixos em Jesus, no belo quadro da avó.

Ela se despediu da sua avó, colocou a rosa branca que a duas cultivaram no jardim da casa em suas mãos juntamente com o seu terço de pétalas de rosas que ela tanto gostava. Ela não foi ao funeral, quis ir para a escola normalmente, todos acarinhavam, ela tentou não pensar mais no assunto.

Jose estava no pátio brincando, ele jogava a bola e ele corria que nem louco, atrás da bola sem dar por isso, ele bate com a sua cabeça no pilar do pavilhão, desmaia, começa a sangrar muito.

Todos começaram aos gritos e uma professora corre para ele, mas a Beatriz já estava ali com ele, aquela imagem dela com o seu amiguinho já rodeado de sangue, era terrível, alguém gritava por uma ambulância, já vinha alguém com toalhas molhada.

Beatriz começa a rezar e coloca a mão na ferida do amiguinho, como por artes mágicas, a ferida começa a estancar, depois começa a fechar, quanto mais rezava mais ela curava, até que Jose abre os olhos, todos ficam admirados e juntos todos fazem uma roda de mãos dadas e todos também a agradecer a Deus, no final fizeram a oração mais linda do mundo, o Pai Nosso.

No meio deles uma luz forte, tão forte que ai descendo e sobre a luz se vê um lindo anjo, esse anjo pega na pequena Beatriz a leva no seu colo e volta suavemente para o céu. Todos ficaram confusos, mas que era aquilo o anjo a leva, mas o seu corpo estava caído ao lado do Jose. Beatriz estava sem vida, ela trocou a sua vida pela vida de José. Assim o céu ganhou mais um belo anjo de amor.

Betimartins
Enviado por Betimartins em 28/07/2011
Código do texto: T3125237
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