FOTOGRAFIA

Me perguntam porque eu, um ator tupiniquim de tanta monta, voltei a pátria. Declaro aqui a razão.Me expresso em prosa porque me cansa a poesia doída. Minha dor cabe mais em prosa.

O que me dói?

Dói é saber que meu elo entre ela e a terra das oportunidades foi rompido. Não eram minhas.

Ela não era minha. A terra não era minha. E não era minha a fada de cabelos vermelhos, a princesa que por seis anos chamei de filha, pagiei como pai.

Pena os filhos não serem fruto de dois ventres. Poupava esse padecimento proibido de quem ama o que achava filho da carne.

Não pude ficar. Me faltava o bálsamo curativo das areias daqui. Ansiava espumas salgadas nos vãos dos dedos de meus pés cansados.

Com o Tio Sam deixei carreira, mulher, filha e sucesso.

Construto simulacro da felicidade.

Norma de Souza Lopes