Quando ela nasceu ele tinha sete anos! Moravam num pequeno vilarejo bem no sul do Brasil. As mães eram irmãs. Eles, primos. Ela cresceu entre oito irmãos e muitos mas, muitos primos que naquela época não havia televisão. As famílias eram enormes e quando se visitavam era uma festa. Também era uma época de muita fartura. Todo o alimento vinha da lavoura que eles mesmos plantavam. E o que não plantavam compravam a sacos de cinquenta quilos! E também tinham gado leiteiro e muitas ovelhas. E uma linda e paradisíaca praia de água doce que bem poderia chamar-se Lagoa Azul, como naquele filme, mas o nome realmente é Lagoa Mirim.
A menina logo cresceu e quando precisou ir á escola que ficava absurdamente distante era ele quem a levava de carroça, então com quatorze anos e ela com sete.
O tempo passou rápido e aos doze anos a menina já era uma linda mocinha. Cabelos negros encaracolados, olhos castanhos e pele muito alva. Foi quando ele já com dezenove anos percebeu que a amava.
Ele era baixinho e um pouco gordinho. A seu favor contava com uma vasta cabeleira negra. E uma bondade que saltava aos olhos.
Eram amigos. Demais! Por isso ele nunca declarava seu amor. Sabia que ela sequer suspeitava. E era uma menina. Inocente menina.
Mas não foi só ele quem notou a beleza que desabrochava na menina, logo surgiram pretendentes. Alguns, de "boa família". Naquela época, "boa família" não se referia à família honesta, de valores e princípios e sim à família de posses com nome tradicional. Bem, acho que ainda é assim para algumas pessoas.
O rapaz sentia muito medo de perdê-la. Era inculto não sabia ler nem escrever. Um dia ele confidenciou com um primo seu amor secreto. O primo não guardou segredo e logo contou pra ela: "Sabe quem gosta de ti?"
Foi uma grande surpresa. Sequer imaginava. Mas era muito nova para decidir ou valorizar um grande amor e não pensou muito naquilo. Até namorou outros rapazes.
Com vinte e um anos, ele foi servir no Exército Brasileiro numa cidadezinha próxima.
Quando voltou para visitar a família ele a encontrou e num arroubo de coragem a pediu em namoro. Ela só via nele um grande amigo. Teve medo de perder aquela linda amizade e sem coragem de dizer "não", pediu para pensar um pouco. Ele porém, não vendo naquela resposta indicativo de rejeição contou à família: " Estou namorando e agora ninguém me tira ela!"
Mas o mundo estava em guerra e ele foi chamado para lutar pela pátria. E partiu para a Itália!
A guerra! Longe do seu recém conquistado amor!
E veio a saudade! Dos pais, dos irmãos... e dela! Quanta saudade da paz e tranquilidade daqueles verdes campos quando com ela conversava e brincava!
E foi lá, naquele longínquo lugar entre tanta angústia e lágrimas que ele aprendeu a ler e escrever. Precisava desesperadamente escrever para seu amor que deixara no Brasil!
Eles se correspondiam por cartas. Cartas demoradas! Cartas ansiosamente esperadas!
Mas até o que é ruim, um dia acaba. E a guerra acabou! E ele voltou!
E quando ela o viu sentiu que ali estava seu grande amor! Não mais aquele rapaz baixinho e gordinho. A guerra o transformara num lindo e atraente homem. Alto, musculoso e com seus incríveis cabelos negros e fartos!
E ela pensou: "Agora, ninguém me tira ele!"
Trocaram alianças e três anos depois, numa cerimônia simples, casaram. Ela, com dezoito anos, ele, vinte e cinco. Formavam um lindo casal!
Tiveram cinco filhos: um menino, quatro meninas. Todos moreninhos como eles menos uma. Eu! Ruivinha!
Às vezes, plagiando Euclides da Cunha sentava no colo dele abraçava-o e dizia: "Papai, eu sou a espiga de milho que nasceu no teu cafezal!"
Ele sorria feliz!
E o que aconteceu com aquele grande amor? Nunca terminou. Durou mais de cinquenta anos quando então os efeitos daquela guerra trouxe à tona um terrível mal. Meu querido pai, que lutou e ajudou a ganhar uma guerra mundial, tenente reformado do Exército, depois de muito sofrer, perdeu a guerra para um tal de "Mal de Alzheimer" e se foi!
Ela,( minha mãe), está linda com seus cabelos grisalhos e espera serena que um dia Deus a chame para continuar lá no céu a história do seu grande e eterno amor!
A menina logo cresceu e quando precisou ir á escola que ficava absurdamente distante era ele quem a levava de carroça, então com quatorze anos e ela com sete.
O tempo passou rápido e aos doze anos a menina já era uma linda mocinha. Cabelos negros encaracolados, olhos castanhos e pele muito alva. Foi quando ele já com dezenove anos percebeu que a amava.
Ele era baixinho e um pouco gordinho. A seu favor contava com uma vasta cabeleira negra. E uma bondade que saltava aos olhos.
Eram amigos. Demais! Por isso ele nunca declarava seu amor. Sabia que ela sequer suspeitava. E era uma menina. Inocente menina.
Mas não foi só ele quem notou a beleza que desabrochava na menina, logo surgiram pretendentes. Alguns, de "boa família". Naquela época, "boa família" não se referia à família honesta, de valores e princípios e sim à família de posses com nome tradicional. Bem, acho que ainda é assim para algumas pessoas.
O rapaz sentia muito medo de perdê-la. Era inculto não sabia ler nem escrever. Um dia ele confidenciou com um primo seu amor secreto. O primo não guardou segredo e logo contou pra ela: "Sabe quem gosta de ti?"
Foi uma grande surpresa. Sequer imaginava. Mas era muito nova para decidir ou valorizar um grande amor e não pensou muito naquilo. Até namorou outros rapazes.
Com vinte e um anos, ele foi servir no Exército Brasileiro numa cidadezinha próxima.
Quando voltou para visitar a família ele a encontrou e num arroubo de coragem a pediu em namoro. Ela só via nele um grande amigo. Teve medo de perder aquela linda amizade e sem coragem de dizer "não", pediu para pensar um pouco. Ele porém, não vendo naquela resposta indicativo de rejeição contou à família: " Estou namorando e agora ninguém me tira ela!"
Mas o mundo estava em guerra e ele foi chamado para lutar pela pátria. E partiu para a Itália!
A guerra! Longe do seu recém conquistado amor!
E veio a saudade! Dos pais, dos irmãos... e dela! Quanta saudade da paz e tranquilidade daqueles verdes campos quando com ela conversava e brincava!
E foi lá, naquele longínquo lugar entre tanta angústia e lágrimas que ele aprendeu a ler e escrever. Precisava desesperadamente escrever para seu amor que deixara no Brasil!
Eles se correspondiam por cartas. Cartas demoradas! Cartas ansiosamente esperadas!
Mas até o que é ruim, um dia acaba. E a guerra acabou! E ele voltou!
E quando ela o viu sentiu que ali estava seu grande amor! Não mais aquele rapaz baixinho e gordinho. A guerra o transformara num lindo e atraente homem. Alto, musculoso e com seus incríveis cabelos negros e fartos!
E ela pensou: "Agora, ninguém me tira ele!"
Trocaram alianças e três anos depois, numa cerimônia simples, casaram. Ela, com dezoito anos, ele, vinte e cinco. Formavam um lindo casal!
Tiveram cinco filhos: um menino, quatro meninas. Todos moreninhos como eles menos uma. Eu! Ruivinha!
Às vezes, plagiando Euclides da Cunha sentava no colo dele abraçava-o e dizia: "Papai, eu sou a espiga de milho que nasceu no teu cafezal!"
Ele sorria feliz!
E o que aconteceu com aquele grande amor? Nunca terminou. Durou mais de cinquenta anos quando então os efeitos daquela guerra trouxe à tona um terrível mal. Meu querido pai, que lutou e ajudou a ganhar uma guerra mundial, tenente reformado do Exército, depois de muito sofrer, perdeu a guerra para um tal de "Mal de Alzheimer" e se foi!
Ela,( minha mãe), está linda com seus cabelos grisalhos e espera serena que um dia Deus a chame para continuar lá no céu a história do seu grande e eterno amor!