A Península do Amor...

Naquele imenso pier. Península artificial. Ela pondera, as questões, concernentes, ao seu momento vivido. Lacônica, e com o olhar debruçado ao mar, ela divaga. Será que vale mesmo a pena abrir mão do nobre sentir, em detrimento de medos inócuos ? Medos, que em sua mente se traduzem em grilhões ? O seu temor, é compreensível. Haja vista, ainda preservar as nódoas do passado. Que ainda tingem o seu lençol. Tudo que ela mais queria no fundo no fundo. Era alguém que a compreendesse, e que pudesse falar de trivialidades. Bem como o porquê, do Esperanto, não ter vingado como idioma cosmopolita. Ah, sim a Segunda Guerra, também a atraía.

Esfregou os olhos, na tentativa de tudo não passar de um delírio onírico. Tudo em vão. Ainda permanecia naquele imenso píer. E ainda tinha em mente tais pensamentos. Que a assolavam. Pois bem, pensou. Darei uma chance ao novo. Que venha então, com todas as suas revelações e surpresas. Por um momento. Aquela pequena mulher, deu-se conta da sua grandeza. E resoluta, partiu para o frente a frente com os seus espectros.

Perdida, em seu mosaico de pensamentos e projeções. Não percebeu, que o mesmo, eram captações de furtiva presença, diagnosticada como esperança. De sobressalto, retornou à paisagem, que a circundava. O imenso e azul mar. Notou que o seu rosto estava salgado, ação do salitre. Lambendo os lábios, lembrou que o sódio, remetia ao seu interior. Pois, era do litoral, o seu verdadeiro amor. O homem que doaria seu toque compreensivo, sem maiores pretensões, sem maiores delongas. Assim sendo, sentiu o ímpeto de ligar para o mesmo. Mas, as tuas mãos fraquejaram. E assim, no crepúsculo, retornou ao teu casulo. Com lágrimas rolantes, que tentavam cumprir; a ingrata missão de expurgar. O que não se apaga. E assim, a madrugada em prantos, descortinou-se, um sentimento podado...

...Trrrrrrrrrrrrrrrriiiiiiiiiiiiiiim ! Triiiiiiiiiim !...Trrrriiimmmmmmm !!

...São seis horas da manhâ, com o rosto abarrotado; por uma noite mal dormida e chorosa. Ela se ergue, achando que tudo não passou de um sonho. Mira-se no espelho e constata as olheiras do choro compulsivo da noite anterior...Pega o celular, e tenta manter contato. Mas, suas mãos; mais uma vez fraquejam. Ela se sente impotente. Abre sua caixa de emails, e lá está ele. Entre as palavras. Ela memoriza uma frase que gela sua barriga. “Querida, meus braços sempre estarão abertos”...Cria coragem, e decide regar. Um jardim que não merece ficar murcho...Pois as borboletas, só pousam em flores vívidas...

...Caminha em direção ao pier, na tentativa de encontrá-lo, com o peito miúdo pela incerteza da aceitação. Ao chegar, percebe imenso sorriso, arauto do amor, que insiste em imprimir sua marca independente das superfícies...

Leonardo Borges
Enviado por Leonardo Borges em 02/10/2011
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T3253702
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