Uma História Realmente Muito Embrulhada - A Saga de uma mulher apaixonada

Essa é uma história de uma mulher que teve um grande amor, certamente eterno.

Uma jovem se apaixonou por um homem que tinha um sonho: sair de sua terra natal e procurar outros meios de vida, em lugares diferentes.

Casaram ainda no sertão do Ceará, tiveram uma filha e dois anos depois partiram para o norte ( como se referiam ao Maranhão ).

Por alguns anos, moraram em diferentes cidades do Maranhâo:Zé Doca, Presidente Dutra, Bacabal e por último em Barra do Corda.

Antes de chegarem ao Maranhão, moraram numa pequena cidade do sertão do Piauí, onde esse homem foi acidentado, juntamente com outros trabalhadores. Num trajeto rumo ao trabalho, eles estavam numa caçamba quando a mesma virou e matou muito desses homens.

Em Barra do Corda ele deixou a mulher com seus quatro filhos ( três nascidos já no Maranhão ). A última inclusive, recém-nascida.

Sem ter nenhuma notícia do marido, a mulher trabalhou por quase um ano para criar seus filhos. Em lavouras, quebrando pedras, quebrando côco babaçu e até lavando roupas de militares do exército.

Um certo dia, a filha mais velha, estava na beira do rio, quando viu um homem procurando pela sua mãe. Imediatamente, a menina se aproximou e disse que era filha da mulher que ele procurava.

Enquanto caminhavam até a casa, a menina pulava que parecia um canguru, tamanha era sua felicidade. O homem tinha lhe dito que era seu tio e que viera buscá-las.

A mulher, ao reconhecer o cunhado que a muito tempo não via ( saiu do Ceará muito jovem, morava em Rondônia, onde trabalhava e construiu família ), chorava de tanta alegria.

Assim a mulher encontrou-se mais uma vez com seu amado marido.

A vida para ela e os filhos melhorou muito, pois o homem era bem empregado. Tiveram mais dois filhos.

Porém a felicidade dela não demorou muito: O homem pediu pra sair do emprego e foi trabalhar no Acre.

Não aguentando ficar longe do marido, foi à sua procura e lá se instalou. Teve outro filho.

Passado um tempo, a família retornou a Porto Velho.

Nesse período, o homem trabalhou em diversas minerações fora da cidade e sempre partia sem nada comunicar à mulher.

Inconformada ia sempre à procura do amado. E ficava novamente com ele. Sempre voltavam a Porto Velho.

Nessas idas e vindas, mais filhos. Até que nasceu o último dos dez filhos.

Esse filho caçula tinha pouco mais de um ano, quando ele, o marido, foi embora mais uma vez. Esta infelizmente apavorou a mulher: o procurou por onde podia, porém nunca teve dele a menor notícia.

Acostumou-se à sua agonia. Por dezessete anos nunca soube nada de concreto que pudesse indicar o destino do marido.

Não casou novamente, nunca quis saber de outro homem. E quando todos diziam que o homem teria morrido, ela acreditava plenamente que ele estava vivo.

Um certo dia, uma das filhas, em seu carro rumo ao trabalho, escutou em uma rádio que familiares daquele homem, entrassem em contato com fulano de tal, telefone tal, da cidade de Manaus. Era extremamente urgente.

A moça, já mulher, ficou apavorada. Ligou logo para outros irmãos e imediatamente entrou em contato com o referido homem.

Triste notícia: quase vinte anos depois, enfim souberam dele. Morou esse período todo em Manaus, sempre sozinho,nunca construiu família. E agora estava morto.

Por dezesseis dias aguardava no IML reconhecimento feito por algum parente. Havia sido assassinado.

O homem que solicitou contato da família, era seu amigo e encontrara em seus documentos algumas informações que o levaram a fazer tal solicitação.

A filha que recebeu a notícia foi, acompanhada de uma cunhada, reconhecer o pai.

A mãe, desesperada, tentou de tudo, para dar um último adeus ao seu amado marido. Os filhos não deixaram ela ir. Sua idade não permitia tamanha emoção. Não se sabe o que seria pior.

Até hoje a mulher não se sente viúva. Age como se ele ainda estivesse pra voltar.

O que teria aquele homem, que não se contentava em ficar num lugar por muito tempo? Seria naturalmente um nômade, com características urbanas? Ou não nasceu para conviver com a família?

Perguntas que nunca terão respostas.

Gecildamaria
Enviado por Gecildamaria em 26/10/2011
Reeditado em 14/09/2017
Código do texto: T3299098
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