O conto do Pássaro Azul

Certo dia, ia ao encontro das montanhas o Pássaro Azul ,em busca de novos horizontes a conhecer. Todo o dia, bem cedo, já levantava voo e ia cortando as árvores, pairava sobre os arbustos, procurando sempre estar em meio da natureza- sua fonte de vida.

O Pássaro Azul chamava atenção por onde quer que passasse, sua beleza era tão exuberante, que todos queriam vê-lo de perto, ou até quem sabe, tocá-lo. Suas penas eram longas e brilhantes, a cauda era uma mistura de cores com várias nuances de azul. Parecia que alguém o tinha pintado de tão perfeito que era. Mas o pássaro não se importava muito com isso, o que ele mais gostava de fazer era subir o mais alto que pudesse e depois descer num voo rasante, quase atingindo o mar. Gostava de olhar seu reflexo, se sentia o maior pássaro do mundo. Há... Como ele se sentia bem fazendo isso, a sensação de liberdade era a coisa mais maravilhosa do mundo inteiro!

Depois de voar e voar gostava de recordar todos os lugares por onde havia passado. Poder sentir novamente aquelas sensações era algo inexplicável...

Um dia, voltando de uma de suas viagens, deparou-se com uma menina que logo o parou para conversar.

_ Olá, lindo Pássaro Azul... Vi sua beleza à distância, não pude conter-me enquanto não falasse com você!

A menina realmente nunca tinha visto beleza de igual tamanho, ficou encantada com seu brilho e cor.

_ Olá, gentil menina... Volto de uma de minhas maravilhosas viagens e trago lembranças inesquecíveis!!

Aquela menina no momento sentiu um pouco de inveja, pois sabia que nunca poderia fazer o que o lindo pássaro fazia. Então disse:

_ Ai pássaro azul, quem me dera ser como você! Poder voar e sempre ter algo novo para contar. Vivo triste e muito sozinha...Você não gostaria de compartilhar suas aventuras comigo?

O pássaro não tinha entendido muito bem o que ela quis dizer, então prosseguiu:

_Gostaria de fazer um acordo: Darei à você comida e um lugar quentinho para você ficar quando retornar de suas viagens. Em troca você me dirá o que observou e o que de novo conheceu nesse mundão afora!

Muito esperta, gostaria de poder observar o pássaro mais de perto, todos dias, para que ele pudesse agraciar-lhe com sua beleza diariamente.

O pássaro tinha gostado da ideia, no entanto, ficou um pouco receoso... Não queria perder sua liberdade por nada nesse mundo! Nem poderia imaginar que algum dia pudesse ficar sem a brisa do mar e o frio gelado das montanhas...

Mesmo assim, o pássaro aceitou, pois na volta de suas viagens, sentia-se sozinho e com uma imensa vontade de compartilhar suas doces experiências com alguém.

Estava feito o combinado. A menina não se importava que o pássaro viajasse, desde que voltasse sempre à noite para contar suas histórias... Ele deveria voltar para casa todos os dias.

De início foi assim que aconteceu. O pássaro saía, ia até as montanhas geladas, via o pôr do sol, quase podia tocar o mar com suas garras, isso que era vida...Mal podia esperar para chegar e contar à menina todas as maravilhas que havia visto.

E assim foi. Ele retornava todos os dias e contava nos mínimos detalhes todas as suas aventuras; de como era bom abrir as asas e ver seu reflexo refletido no mar e de como era voar sobre as montanhas.

Depois de passado algum tempo, a menina começou a sentir muito sozinha durante o dia e disse ao pássaro:

_ Pássaro lindo azul, me sinto muito sozinha durante o dia, não consigo mais viver sem sua beleza e esplendor ao meu lado. Estou doente, pois tenho muito medo de perdê-lo...

O pássaro, para agradar a menina, passou a ficar com ela dia e noite para que se sentisse mais confortável e feliz. O tempo foi passando, passou até que... o pássaro nunca mais pode fazer suas viagens.

Num dia, ele decidiu falar com a menina e reclamou:

_ Querida menina, eu entendo sua angústia, mas não tínhamos combinado que seria desse jeito. Estou triste e infeliz, não posso mais contar-lhe o que vejo de novo, não posso compartilhar mais minhas experiências com você. Além do quê, não temos mais assuntos para conversar.

A menina então disse que não se importava que o pássaro não tivesse mais assuntos a lhe dizer. Só a presença dele já a confortava, pois tinha a certeza que ele estava seguro ao seu lado e que nada de mal iria lhe acontecer.

O Pássaro azul, com o tempo, foi perdendo sua cor e brilho, seus olhos não eram mais os mesmos de antes... Lembrava-se de algumas de suas viagens e chorava entristecidamente. Suas penas começaram a cair, sua cor estava desbotada.

Um dia, quando a menina acordou para dar-lhe um bom dia, viu que o pássaro estava caído na gaiola, totalmente sem cor.

A menina desesperou-se, achou que ele estava morto. O pegou em suas mãos e viu que estava quase sem ar, respirando com muita dificuldade. Então disse ao pássaro:

_ Meu lindo pássaro azul, faço qualquer coisa para que volte! Não suportarei a dor de perdê-lo! Volte! Por favor, volte! Mas agora era tarde, o pássaro estava à beira da morte.

Ouvindo a súplica a menina, disse:

_ Só Há um jeito de poder sobreviver... Deixe-me viajar novamente, quero conhecer o mundo e trazer boas histórias para lhe contar!Nunca irei te deixar, mas, por favor, não me prenda mais!

A menina então, com medo do Pássaro Azul morrer, aceitou. Abriu a gaiola e o deixou ir, com enorme aperto no peito. O Pássaro saiu e em bem pouco tempo, seu brilho voltou e suas penas ficaram mais azuis do que nunca!

Durante muito tempo o pássaro e a menina viveram em harmonia e foram muito felizes. Uma mágica misteriosa os uniu até o último dia de suas vidas.

Deixe livre quem ama, com certeza, sempre retornará.

Abraços, Cristal

Cristal Castro
Enviado por Cristal Castro em 31/10/2011
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T3307798
Classificação de conteúdo: seguro