Círculo de amores, traições e tragédias da vida real

(Baseado na obra Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade)

Joana amava Teresa que amava Raimunda

Que amava Marcinha que amava Carla Beatriz que amava Ana Li,

Que não sabia que era amada por outra mulher, mas que não se importava com isso, pois no momento não se interessava por ninguém, apenas pelos seus estudos sobre psicologia na universidade paulista, tendo sua cabeça e o seu tempo todos dedicados ao seu curso.

O tempo passou Joana foi embora para o interior trabalhar numa lavoura de laranja, Teresa ficou na capital mesmo, e começou a trabalhar como bartender em uma boate nas noites paulistanas, onde tempos depois conheceu uma drag quem com que começou um namorico firmando compromisso sério meses depois.

Raimunda desgostosa com seus amores e com sua vida caiu em profunda depressão, e numa manhã qualquer de um dia qualquer pegou um pedaço de caibro que estava jogado no quintal, abriu o alçapão sobre o teto de sua casa, arrumou aquele pedaço de desgraça de forma que conseguiu amarrar nele um pequeno teco de corda de nylon, onde minutos depois de forma impensada se jogando de uma cadeira se enforcou dando adeus a sua miserável vida, ficando ali por quase quatro dias balançando seu corpo franzino quando os bichos já começavam a sair pelos buracos da face.

Inesperadamente um vizinho passando em frente a sua porta sentiu um forte odor saindo da casa e depois de quase perder a voz de tanto chamar por quase quinze minutos a vizinha que era sua grande amiga, viu se obrigado a entrar quintal adentro e derrubar a porta da cozinha, para ver o que estava acontecendo e saber de onde vinha aquele terrível fedor que já era insuportável e chamava a atenção de quem passava pelo local, e não foi grande surpresa para ele, que acompanhava toda aquela situação amorosa de perto encontrar aquela pobre alma dura de língua para fora, ali jaz pendurada durante todo aquele tempo.

Marcinha, que já era mãe, conheceu um homem que de ciúmes a matou num dia lindo de verão com dez tiros pelo corpo, alguns meses depois de se conhecerem, mesmo após os dois terem ficado noivos e já tendo marcado a data do casamento e mandado os convites para a casa de amigos e familiares.

Carla Beatriz que era apaixonada por Marcinha se casou na Argentina, com outra mulher, adotando cinco anos depois do seu casamento gay dois meninos irmãos e gêmeos, vivendo todos os quatro muito bem até os dias de hoje fora do país.

Ana Li a mais linda menina de todas, conheceu Mathias Albuquerque, um belo e formoso moço trabalhador e bem sucedido na vida, que após quase dez anos de namoro a decepcionou logo depois do casamento, quando foi pego na cama fazendo sexo com um dos padrinhos do casamento em um dos quartos do apartamento, cujo dois ainda noivos haviam financiado de um programa habitacional do governo.

E dessa infeliz história de amor, a bela Ana Li que viu seus sonhos de mulher, de amor e paixão se desfazer como um castelo de areia, em estado de choque e miséria pessoal, sumiu pelo mundo, onde por coincidência ou não do destino reencontrou Joana, sentada em frente a um restaurante de quinta categoria na beira de uma rodovia, cheirando a pinga, toda urinada com as roupas sujas e rasgada.

Ana Li contente de rever a amiga de outras épocas, tomada por um estado de compaixão e dó se viu na obrigação de ajudar Joana que se encontrava em situação de total miséria e desprezo social.

Ela subitamente carregada de grande emoção fraternal pelo reencontro com a amiga, a tomou pelos braços juntos com outro beberrão que ali estava sentado e caminhando os três aos balanços e tropicos até o carro, eles colocaram com muita dificuldade aquele farrapo humano deitada no banco de trás do automóvel.

E agradecendo a gentileza do homem que a ajudou, ela tomou a direção do carro, pegou a estrada que estava molhada e escorregadia com a garoa que caia naquela hora, fazendo com que infelizmente minutos mais tarde, ela ao fazer uma ultrapassagem a um caminhão, perdesse o controle daquela máquina, sendo as duas amigas lançadas ribanceira abaixo dentro do carro por quase duzentos metros, fato esse que fez com que o resgate de ambos os corpos, por motoristas que passavam pelo local mais os bombeiros que chegaram meia hora depois do acidente fosse complicado.

Tornando como relatou um dos homens que participaram do resgate impossível de encontrar depois do trágico acidente um pedaço se quer de gente viva dentro do que sobrou do carro, restando então apenas saber pelos tele jornais locais, que duas mulheres alcoolizadas dirigindo em alta velocidade haviam morrido após perderem o controle do carro que dirigiam na curva do diabo, descendo a Serra de Igarité depois de forçarem uma ultrapassagem em local proibido a um caminhão carretinha carregado de soja.

Marcello dos Anjos
Enviado por Marcello dos Anjos em 04/11/2011
Reeditado em 20/02/2012
Código do texto: T3316531
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