Sobre como não ser de alguém

John Eathearly, afundou seu peito sem que houvesse toque ou palavras. Tudo o que descobrimos pós-dor é que criar uma defesa é mais difícil de que derruba-la. Se quer pude pensar em como arrumaria esta casa depois de tanto tempo. Não é como se houvesse uma monotonia, ou se eu pudesse ficar deitado por horas, mas tudo o que não passava era a proporção que o tempo lá fora dava aos meus sentimentos. Não é como escolher um ódio para se admirar, ou sufocar até morrer, ou ter vontade de sair correndo com toda aquela chuva te lavando de todo mal, ou medo. Mas parece ser mais simples agora depois de algum tempo, quando a gente inventa coisas para fazer só para não tocar nos erros, nos pontos, e muito menos em tudo aquilo que nos faz lembrar de manhã quando acordamos. Muitas vezes eu vi o amanhecer frio penetrando no quarto enquanto ia me deitar, e pensava sem se quer poder reivindicar qualquer estrutura de sentimentos. Mas as mesmas notas do velho piano na sala ainda se encontra à tocar, e a mesma música martela na cabeça como se não houvesse segurança pelo que lutar. Mas agora a barreira vai se transformando de maneira trágica, o infinito que é criado é de maneira sólida, sem restrição.

Meus pés tocam o chão de maneira tão frágil que todo o corpo pode até se sentir estremecer, o andar balbucia pelo corredor escuro e são só seis da manhã. Todas aquelas crianças te esperando, sentadas nas suas carteiras, cantando musicas alegres não podem esperar por um mundo triste, aquele que você vive em meio sequer quis existir agora. Então você não pensa nelas. Você sempre pensa que a última peça de roupa que irá cair no chão do banheiro vai durar um percurso de vida até que você entre debaixo da água quente. Você costuma pensar que toda aquela água se pode penetrar uma camada der pele que cobre toda o seu doloroso sentimento. Mas você mantêm o rosto firme, sem feridas aparentes. O mundo parece tão pequeno diante dos seus desejos. Parece que tudo vai se resumir em vinte quatro horas. É gozado como você passa os dedos nos cabelos, você não consegue se quer perceber a neblina de medo que encobre todas essas preocupações. Você apenas enxerga que ele não está mais lá, que não há como agir sem ele. Você queria tanto estar enganada. Então você sente o frio receber o seu corpo quente quando desliga o chuveiro, mas não teve a mesma sorte de dias atrás, aquela velha história do escorregão não parece tão absurda para um novo acidente. Mas você não tem coragem, não se sente fraca o bastante.

Você pega qualquer roupa no armário, porque tudo parece absurdamente desnecessário. Você começa a rir, porque esse sistema fusco parece tão desnecessário agora. Mas os livros de ontem ainda estão na bancada, te esperando sem vida, sem que você se quer tome café. Você segura o celular e joga os livros no carro - nada poderia sustentar sua culpa. São os quilómetros mais distantes da sua vida. Então de longe você pode ver todas as crianças torcendo para que você falte. É gozado como as crianças anseiam por te ver, porque com a mesma alegria elas se depreciam de uma forma viva. Nada as frustram. Você estaciona temendo que não haja uma consolidação. O mundo sabe o que se repetiu novamente na sua vida. Então novamente você dá a mesma aula, seguindo um cronograma, porque é só o que você sabe, nada mais à partir disso vai ser planejado. Por que tudo o que você soube dos filmes nas noites de sábado não pareceram vivos o suficiente para ser aplicado por você, mas de toda forma você insiste, esperando que apareça alguém e que faça com que novamente você suba esse muro de desesperança em que você cria agora.

Então é Domingo, você sente seu peito apertar mais uma vez, porque você pode permanecer deitada por mais algumas horas. Agora ele não está lá, mas você começa a pensar que horas o cachorro vai começar a arranhar a porta do quarto pedindo para sair. É uma caminhada longa até o parque, e você não queria ver outras pessoas. Torce para que o anoitecer não chegue, para que não fique sozinha no sofá segurando uma jarra de chá gelado enquanto todas as reportagens mostram você. Nada passa, é apenas você, é mais uma segunda que se aproxima, então você não pensa em querer mais pensar nele, ou em você.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 17/11/2011
Reeditado em 17/11/2011
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