História de um trágico romance

(Baseado na obra, Tragédia Brasileira de Manoel Bandeira)

Lucas Silva, estudante de ensino médio, 17 anos, um rapazote alto, robusto de pele e olhos claros, se apaixonou loucamente por Viridiana.

Ela mulher madura, de seus trinta anos, linda de parar o trânsito, uma baita loiraça de olhos azuis, corpo tipo paniquete, empresária dona de varias lojas de roupas de marca, casada com Orfeu, homem tosco, inculto, pinguço, mulherengo, desempregado que não fazia nada na vida a não ser andar de prostíbulo em prostíbulo e torrar a paciência de Viridiana gastando seu rico e suado dinheiro, comendo e bebendo as suas custas.

Viridiana, cansada dessa vida de extorsão, despejou o maldito rato de duas pernas de sua casa, e trouxe para morar e viver com ela o rapazote, que não tinha ninguém na vida, com exceção de uma velha já beirando a sepultura, considerada como sua avó, que cuidou dele desde criança, quando menino ainda bebê ficou órfão de pai e mãe, mas que para o bem dele, não se importou que ele, a deixasse sozinha, para ir morar com aquela mulher bem mais madura e experiente, pois mesmo desprovida de saúde, tinha os filhos de sangue para lhe cuidarem e lhe fazerem companhia.

No começo foi tudo uma maravilha, mas Orfeu inconformado de perder aquela mamata, foi bêbado até o portão de sua antiga casa, gritou, chutou, e berrou todos os nomes possíveis e inimagináveis até que o rapaz foi ao seu encontro e saiu-nos tapas com ele em defesa de sua amada.

Orfeu, embriagado até as tampas, levou à pior tomando socos e pontapés, indo parar no primeiro DP, sendo autuado por perturbação da ordem, lesão corporal e desacato.

O delegado de plantão após tomar ciência do ocorrido deixou maldito infeliz passar a noite no xadrez, sendo solto só pela manhãzinha, quando foi intimado a comparecer outras vezes na delegacia para prestar novos esclarecimentos dos fatos ocorridos no dia anterior.

Viridiana, embucetada e com vergonha perante seus vizinhos com o escândalo que o ex-marido tinha armado horas atrás, passou a mão no garoto e mudaram-se os dois para o bairro do Leblon.

Mas não adiantou nada, pois o cornudo Orfeu, agora nem tão tanto, já que o juiz havia determinado a separação do casal, mesmo o infeliz dizendo que não iria assinar nenhum documento para separação, querendo ainda receber uma boa pensão e a divisão de todo o patrimônio de Viridiana, mesmo os dois não tendo sido casados no papel e o vagabundo não ter na época da união nupcial, nenhum bem ou mesmo aonde cair duro, vivia correndo atrás dela dando uma de coitadinho e causando tumulto por onde passava.

E todas as vezes que isso acontecia à mulher junto com o seu mancebo, juntava todas as tralhas e mudavam de endereço continuando sua peregrinação para fugir do maldito demônio.

E com certa freqüência exagerada, os dois se mudavam, chegando a passar por quase todos os bairros da cidade. Foram parar no Cocaia, na Avenida Otávio Braga de Mesquita, para a rua Tiradentes, para o bairro dos Pimentas, Gopouva, Centro, Inocoop, Santos Dummont, Capelinha, Fortaleza, chegando até a irem morar por alguns meses no bairro do Jaçanã e na cidade de Mairiporã, voltando para o Bela Vista, onde atualmente residiam na antiga casa onde o ex-casal morava.

Mas a coisa mandada, como tinha vários amigos de copo, que trabalhavam no correio, na primeira correspondência suspeita, jogada em suas mãos, o dito-cujo saía para rastrear o endereço da ex, e a cada novo encontro com Viridiana e o rapazote, era quebra pau na certa.

Isso tudo aconteceu durante dois anos, até que já cansados e desgostosos com essa perseguição os pombinhos arquitetaram um plano macabro para acabar com aquela vida de tormento, fato esse que foi noticiado em toda mídia brasileira por vários dias, quando os dois foram acusados e presos em fragrante por assassinato e ocultação de cadáver.

Viridiana, depois armar todo o plano diabólico junto com Lucas Silva, para acabar com Orfeu, convidou então o ex-marido para visitar sua casa, para que os dois pudessem sentar para conversar e fazerem um acordo amigável como ele queria.

Então Orfeu, foi sozinho para o encontro, e ao entrar na casa pela porta da sala, não dando nem tempo para que pudesse se sentar no sofá, o maldito logo levou de Lucas Silva, que saiu de trás de uma porta, onde ele estava escondido, um belo golpe com um taco de beisebol, que foi desferido com toda a força, certeiro no meio do coco do homem, fazendo com que ele, caísse de cara no chão, estrebuchando com a cabeça toda estourada. E para completar o serviço o rapazote junto com Viridiana tomada de raiva e ódio, deu mais umas quatro ou seis pauladas no crânio do homem, espalhando massa cefálica por todo o tapete, um lindo persa que cobria toda extensão da sala, mandando realmente o desgraçado desta para melhor.

E sem ao menos conversar ou olhar um no olho do outro, Lucas Silva e Viridiana despiram Orfeu, e o arrastaram até um dos banheiros que ficava na parte debaixo do imponente sobrado, jogando o morto lavado de sangue no box, em seguida o rapaz saiu do banheiro se ausentando por alguns minutos, quando voltou com uma serra tico-tico, que usou para cortar Orfeu, em vários pedaços, colocando um a um, dentro de um saco preto de lixo, separando cuidadosamente a cabeça e as mãos do restante do corpo, com receio de que isso viesse a dar muito na cara, caso o assassinato fosse descoberto por alguém, já que a intenção dos amantes, era jogar o restante do defunto no lixão da cidade, como os dois relataram aos policiais depois de serem presos.

Porém com medo de serem pegos ou vistos por alguém durante o trajeto que teriam que seguir de carro até o lixão, e também com o que haviam acabado de fazer, os dois resolveram, cavar um buraco no quintal nos fundos da casa, e enterrar ali mesmo embaixo de alguns pés de amora os restos mortais do maldito homem.

Porém, eles não contavam que apesar de Orfeu ter ido sozinho ao encontro, antes de sair ele deixou um amigo seu avisado que se não fosse feito um contato telefônico por ele em doze horas, que o amigo então deveria inventar uma história maluca de seqüestro e avisar a policia sobre o seu suposto sumiço ou seqüestro, passando a eles o endereço de onde possivelmente ele poderia estar vivo ou morto, já que ele estava achando muito estranho receber aquele convite de reconciliação da ex-mulher a esta altura do campeonato.

E assim, se deu o fato, depois de mais quatro horas de longa espera e ansiedade além do combinado, e sem receber nenhuma notícia de Orfeu, seu amigo, então fez o que ele havia lhe pedido.

E quando o casal ainda sujo com o sangue do homem morto se preparava para comemorar o feito tomando a uma bela taça de espumante, a polícia invadiu a casa com um mandato de busca nas mãos, e depois de fazerem a revista por todo o imóvel, os policiais militares, acharam vários indícios de que ali naquele lugar possivelmente havia acabado de ter sido palco de um crime, só lhes restando então, procurar o corpo do homem morto.

E ao saírem para vasculhar o quintal, notaram duas pás e duas enxadas sujas de terra, encostadas no muro da casa, e embaixo de uma árvore perceberam que recentemente a terra ao seu redor, havia sido cavucada, não sendo para eles grande surpresa fuçar ali naquele meio, retirar a terra do buraco feito pelo casal de amancebados, terem achado o que restou do pobre homem debaixo da frutífera árvore que o próprio infeliz havia ali plantado.

Marcello dos Anjos
Enviado por Marcello dos Anjos em 25/11/2011
Reeditado em 20/02/2012
Código do texto: T3355702
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