Por hoje, decidiu pela vida.

Reuniu todas as suas tristezas,suas dores e solidão,suas desilusões...

Chorou copiosamente,um pranto ininterrupto por todas elas.

Pensava na morte,motivado pela depressão que sofria sem haver com quem dividir sua dor.Colocou-se debaixo do chuveiro,água quente,lavou os cabelos,chorava durante todo o banho,e após terminar continuou seu

choro,pensando em como a morte seria um alívio.Enquanto chorava ao seu lado havia um amigo daqueles que nunca se importam se choramos ou sorrimos,só importa estar perto.Tentou afastá-lo sem sucesso,aquela alma só queria fazer-se presente para lhe fazer entender que a vida tinha que prevalecer!Continuava ali insistente,até que de repente percebera que há muito não se alimentava.Então pegou a ração e depois de lavar o recipiente colocou a quantidade e tentou incentivar aquela criatura a comer.Recusou-se como que sentindo a angústia que afligia seu dono.

Seu estômago fazia-se ouvir,mas recusava sua ração.Foi então que em meio àquela agonia,o dono dirige-lhe a palavra:Coma meu amigo,coma!

Cheirou sua ração e ficou só no olfato...Seu dono pega alguns grãos de ração,na palma da mão oferece-lhe e como que por um milagre,seu amigo começa a comer,enche a mão de ração e ele continua comendo.Repete-se a cena por três vezes comendo quase toda a ração do recipiente.

Ali, o pranto chorado já fazia seu coração mais leve,sentia que havia sim um motivo pelo qual viver,tinha sim alguém que se importava e para quem sua presença era indispensável.Entendera com a ternura daquele momento que amigos às vezes assumem várias formas,mas isso não importa,desde que haja amor.Então já mais lúcido e aliviado deu vazão a um pensamento sensato,havia de viver,mesmo que seu único motivo fosse para alimentar aquele que lhe dava amor,aquele que fazia questão da sua presença e que talvez não resistisse ficar sem ele.

Assim naquele dia,decidiu pela vida.Queria viver,queria retribuir o amor

àquele ser que sempre se mostrava perto,mesmo que chorasse.

O abraçou,falou-lhe com ternura,beijou-lhe as fuças e sentiu que ali havia um ser capaz de sentir,capaz de dar e desejar amor.Sorriu ainda em lágrimas,e olhando seu cão disse:decido viver,nem que você seja meu único motivo!Viverei por nós dois,pois hoje Deus me fez entender que não estou sozinho!E viveu.E olhando ao seu lado,viu seu cão dormindo com a serenidade de quem está em paz,por ter a certeza de não ser sozinho.

Elenite Araujo
Enviado por Elenite Araujo em 01/12/2011
Código do texto: T3365961
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