A Última Noite - Final

Ele disse que precisávamos conversar.

Eu achei ótimo!

Exatamente no dia em que ele decidiu me pedir em namoro, eu joguei esse ''balde’’ de água fria em cima dele.

Tinha certeza que ele iria dizer que não ficaríamos mais, que não gostava mais de mim ou algo do gênero.

Pensei que assim não seria tão difícil contar sobre meus novos projetos. Com receio que ele terminasse comigo e que eu me sentisse muito mal por isso, comecei a falar desenfreadamente sobre minha viagem ao exterior.

Que passaria dois anos lá, inicialmente apenas para estudar, e que por enquanto, não tinha nenhum plano de voltar ao Brasil posteriormente.

Seu rosto foi ficando pálido, seu olhar estava perdido e sem brilho algum, sem rumo.

Como ele era tão quieto, como poderia imaginar o que se passava naquela mente?

Ao invés de procurar saber, fui logo deduzindo.

Coisas de mulheres!

Ansiosas e sempre precipitadas.

Acho que ele se sentiu traído e abandonado, não sei.

Mas também, o que ele queria?

O nosso romance acabara de começar, não podia incluí-lo assim tão rápido em meus planos!

Eu continuei falando e ele foi ficando cada vez mais desnorteado e surpreso.

Eu jamais imaginaria que o quê ele tinha para me dizer seria apenas um lindo pedido de namoro.

Até por que, não o deixei nem abrir a boca, coitado!

Depois dessa conversa em que ele não abriu nem a boca de fato, ele nunca mais quis falar comigo. Só depois de duas semanas fiquei sabendo que ele me ''pediria'' em namoro, se eu tivesse deixado, claro!

***

Eu o admirava muito.

Não sei como em tão pouco tempo e com quase nenhuma convivência eu era assim tão ''fã’’ dele.

De sua personalidade, sinceridade, simplesmente de tudo.

Um dia, disse a ele que queria que ele me admirasse pelo menos uns 10% do quanto eu o admirava, sério mesmo!

Às vezes até achava que ele ‘’era’’ o equilíbrio que buscava em minha vida.

Sabe aquela história da metade da laranja? Então.

Mas era tudo tão recente.

Como pude ter me envolvido tão rápido e intensamente, assim?! Alguma coisa estava errada.

Só podia estar tudo errado,mesmo!

Era o momento de parar!

Precisava seguir minha vida.

Ir adiante.

E sozinha, claro!

***

Ele tinha uma forma branda e firme ao se expressar, sem falar muito alto, nem baixo.

Não tinha pele muito clara, nem era moreno.

Não tinha o cabelo raspado, mas não era grande. Também não possuía nenhum tipo de topete ou franja.

Não era muito agitado nem muito calmo, muito impaciente nem paciente ao extremo.

Nem muito brincalhão nem muito sisudo.

Ele era en-can-ta-dor.

Como eu havia dito: é muito estranho como todo fim, nos remete ao início, não é mesmo?!

Mas isso (essas recordações e história toda) já faz parte do passado, não tem mais nada a ver ficar lembrando, já me decidi.

Sei o que eu quero e para onde estou indo.

***

O telefone toca.

Dessa vez era ele.

A nossa despedida e a última noite, acabara de começar!

Serei Eu
Enviado por Serei Eu em 23/01/2012
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T3457857
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