Apenas...

Enquanto o sol não subia, dirigia seu carro, absorta em seus pensamentos, a festa na casa de um amigo que durara até quase àquela hora, e um telefonema inesperado, seu ex querendo conversar. Por que alguém liga no meio da madrugada para marcar algo para o dia seguinte, e se estivesse dormindo?

Seu sossego tinha ficado abalado, admitia, tinha sido um termino conturbado, daqueles que se pergunta que forças negativas existem realmente, pois de repente tudo começou a dar errado, horários, trabalhos de faculdade, família, tudo atrapalhando o relacionamento. E um corte final, melhor terminar. Já tinhas ido há 3 meses, e tinham mantido a distancia segura; no máximo conversas por MSN, no mais, evitavam os lugares que sabia que o outro poderia frequentar.

Dirigia com a mente em turbilhão, sentia dor, sentia raiva, tristeza, decepção e medo. Antes de namorarem eram amigos, dividir as mazelas da vida, sorrir e chorar juntos, a falta que fazia a ela era indescritível. Viu-se em lagrimas quando chegou a sua casa e fez um acordo com sua mente, que dormiria pois o dia seguinte seria um dia longo.

Só adormeceu quando os raios do sol começaram a clarear o dia, acordou ás 9 como de costume aos sábados. Comeu rapidamente, tomou um banho, se olhou nos espelho seminua se perguntando se daria conta de vê-lo. Estava um pouco mais magra, a correria certamente dos últimos dias, a pele não via maquiagem há semanas, se perguntou se a perda de vaidade foi por causa dele. Ligou para o salão mais próximo e marcou hora, faria a unhas, e estava pensando se fazia algo nos cabelos. Riu de si ao notar que queria impressiona-lo.

Ele tinha marcado as 18, ela ligou as 16 para confirmar (afinal, talvez fosse uma ligação bêbada) ele confirmou, inclusive disse que a pegaria na portaria de seu prédio.

Um vestido leve, uma maquiagem simples, um sapato confortável, e tentou vestir seu melhor sorriso. Enquanto descia no elevador, lembrava dos beijos apaixonados e os amassos loucos que dera ali, só de lembrar podia sentir o cheiro da pele, o calor, e seu corpo de repente se enfraquecia, com um misto de decepção e tristeza. Respirou fundo e fixou na mente, quem chamou foi ele, então ele quem tinha algo a dizer, apenas se deixaria ficar, sua dor, deixaria ali naquele elevador antes de descer.

-Olá.-abriu a porta e se sentou.

Sorriu e deu um beijo em seu rosto.

-Está linda!-sorriu com carinho.

Foram a um restaurante nos limites da cidade, no alto de uma das serras, com a vista mais incrível de sua cidade. Sentaram ao ar livre, ele contava animadamente sobre um livro que lia, e ela relembrava de sua jovialidade e empolgação tão típica. Pediram vinho, contaram de si, riram de várias coisas, as lembranças, os gostos parecidos, e um silêncio chato se estabeleceu naquele ponto que os dois pensam: “como era incrível...”.

-Senti saudades.

-Eu também.

Ficaram apenas se olhando, um meio sorriso, na mente como um filme tudo o que viveram, e a dor da separação marejou os olhos, e suspiros tentavam evitar que as lagrimas escorressem. O garçom trouxe o prato principal, silenciosamente comeram a massa, com o magnífico vinho, e um certo amargo na garganta que era o não dito que não deixava o corpo sorver toda a delicia daquele prato.

-Eu me arrependi.-ele apenas disse baixinho.

Ela ficou em silêncio fitando-o.

-Eu não tive forças para voltar atrás, estava tudo tão confuso. Descobri que tinha medo que aquilo tudo matasse o que sentíamos e ficássemos juntos por convenção ou comodidade.

Respirou fundo e continuou.

-Descobri que amor, é poder ficar em silêncio e isso não incomodar, vontade de proteger do mundo e de tudo que possa machucar. Fui covarde em deixar que nos afastássemos.

Abaixou a cabeça, não segurou as lagrimas, segurando os suspiros e soluços, ficou em silencio alguns minutos.

Sentia uma enorme vontade de se derreter em lágrimas, mas estava se contendo, aquela cena era como um martírio a sua alma, desejava abraça-lo e dizer que ficariam juntos para sempre. Mas estava estática, colada em sua cadeira, seu orgulho prendendo seus pés.

-Te amo, com cada fibra, a distância só me fez ver que sou um chato, ranzinza que quer se jogar no sofá e beliscar a ponta de seus dedos com os meus, só pra te ver sorrir, e ficar horas vendo filmes bobos, e rindo, tacando pipoca e depois dormindo de roncar. Aprendi com você a ser um bobo legal, a gostar das coisas pequenas e lindas. –sorriu de um jeito infantil.

-Senti falta do cheiro do seu cabelo pela manhã, aquela mistura do seu creme com o suor de termos feito amor por horas antes de dormir. Seu sorriso, sua voz, sua TPM -riu alto entre lágrimas- eu sou um bobo, como você sempre disse, meus amigos não aguentam mais ouvir seu nome, e eu viver sem você...-ficou em silencio fitando-a – mas te quero inteira meu bem, se achar que ainda vale a pena, eu te dou meu melhor, mesmo sem ser muito –soluçou.

Ela observava em silencio, segurava as lágrimas. Estava tensa, os músculos rijos, uma mistura de dor e incerteza. Ela o amava, no tempo que estavam longe também alugou o ouvido dos amigos, saiu, bebeu, chorou e tudo o que o coração dizia era: este sofrimento é vão, vale a pena ficarem juntos.

-Te amo. –as lágrimas apenas escorreram e nenhuma palavra mais foi necessária, um beijo selou um recomeço.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 27/02/2012
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