Sobre Ontem

Não é como se encontra nos livros.

Hoje me deparei novamente com a falta de ar. Enquanto o dia passava e todas as horas se tornavam impacientes, e faltava vida nos corredores, e faltava tempo que suprisse essa minha vontade de que o tempo passasse, eu ainda sim o esperava. Esperava que na portaria lá ele estivesse, esperava que em algum momento ele quisesse conversar, tentasse conversas, tentasse obter respostas pros minutos em que eu dediquei a tentar não justificar o acontecido. Talvez eu tenha sido em demasiado esperançoso, porque todas essas histórias cheias de fadas e corredores coloridos, e amores cheios de vidas inconscientemente tentavam se encaixar na minha cabeça mesmo que não houvesse maneira de sacrificar a dor. Hoje encontrei em mim uma quase paz interior cheia de sub-entendimentos.

Enquanto descia todos os degraus, eu tentava encontrar seu rosto na postaria, em que me ajudaria carregar todos esses livros de um professor do ginásio. O ar tem sido cruel, porque apesar de todo o acontecido, ele me trouxe você como uma preocupação. Enquanto eu descia daquele ônibus e te sondava com o perdão, toda a minha alma estremecia tentando gritar, então foi quando eu te quis longe, foi quando mesmo percorrendo o caminho de volta e a floresta do norte me acolheu, eu me encontrei fora de mim, sem te julgar, querendo te esquecer, arrancando todas as partes de você que estavam em mim. Eu bem que quis subir novamente até o terceiro andar e amparar seu choro, como um único amigo pudesse fazer, mas ao te ver entre os braços de outro eu quase pus meu coração à boca e o esmaguei com os dentes. Nada fora do comum, apenas os meus novos sentimentos que se martelam sem seus pregos. Então todos novamente visualizam uma péssima aula sobre como os norte-americanos encontraram seu lugar, e como o iluminismo não só me faz ter questão de ser amado, mas como ele, também conquistou o seu coração há dois anos.

No dia quatrocentos e vinte, você se tornou emocionado, mostrou o quanto a sua frieza pode ser indeterminada, se obteve de dor e ódio. Eu não espero que as pessoas vejam o quanto você quer ser elas, mas espero que possa ver o quanto você as machuca. Porque eu me sinto esperançoso, e cheio de orgulho das minhas feridas.

Hoje reencontrei com o desespero, de uma forma prática e domável, cheia de espirituozidade. Enquanto eu me tomava pelo orgulho, a dor me tomava como comoção. Prefiro não pensar sobre isso, se não vou julgá-lo de maneira errada.

Pouco me importa que ele ria de mim agora, que daqui um tempo zombe e me chame de idiota. Ele sempre vai ser pior, sempre vai estar sozinho, sempre vai ser quem todos querem usar sexualmente, ou temporariamente emocionalmente, porque ninguém nunca ama pra sempre.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 24/03/2012
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