O tempo anda para frente
Cesar era um sujeito boa pinta. Daquele tipo amigo de todo mundo e por consequência disso faz o maior sucesso com o sexo oposto, e talvez por isso ele não se prendia a ninguém, não se apaixonava, não se enforcava, queria era aproveitar a vida.
Naquele domingo Cesar estava fazendo o que sempre fazia, futebol com a galera. Cesar era zagueiro, não era alta, era meio gordinho, mas era bom zagueiro, não dava chutão, não batia em adversário mas era sério, um excelente zagueiro.
Jogamos naquele dia contra o Manchester, um time de play boy do centro, sempre ganhávamos, mas naquele dia perdemos. Depois do jogo que foi de manhã fomos para um churrasco na casa do Issac, e a Mariza, prima do Issac apareceu.
A Mariza era linda, pense numa menina linda, uma ninfeta de dezesseis anos, com aquele singelo ar de inocência aliado ao corpo de mulher, aquilo era tudo que um homem precisava para perder a cabeça. Cesar tinha não mais que vinte anos na época, lembro-me como se fosse hoje, ele olhando para ela, ela olhando para ele, uma coisa que só acontece uma vez na vida.
Ele até pensou em ficar com ela mas desistiu. Primeiro porque ela era de menor, segundo porque ela era apaixonante e apaixonar-se era tudo que meu amigo Cezar não queria.
Dois anos mais tarde Cezar ainda naquele mesmo pique voltou a reencontrar Mariza, foi no casamento do Issac. Ela agora com 18 anos estava ainda mais linda, ele agora com 22 anos estava ainda mais galinha. Novos olhares, novos risinhos e pronto, ele andou até ela, gastou meia dúzia de palavras e pronto, terminou a festa aos beijos com ela.
No final da festa ela foi para um lado e ele para o outro, no dia seguinte ele a procurou mas ela já tinha se mandado.
Três anos depois Cezar recém formado em direito foi até a casa de Issac para conhecer o filho dele, e novamente la estava Mariza. Desta vez não teve jeito a química dos dois falou mais alto e eles terminaram em um motel, no dia seguinte foi Cezar que fugiu com medo do amor que sentia por ela.
Lembro-me dele falando dela, se lamentando pelo que tinha deixado de viver, mas em momento algum resolveu ir atrás dela, ficou se lamentando, lembrando, e sofrendo, mas não queria se envolver.
Dali alguns anos quando Cezar já era um advogado respeitado, reunimos a turma, e pronto, adivinha quem apareceu? Ela, Mariza, agora uma mulher, linda, resolvida e dona do próprio umbigo, eles dariam um casal perfeito, e naquele dia ele resolveu, pediu ela em namoro, se declarou que a amava desde o primeiro olhar, que tudo que ele queria da vida era ficar ao lado dela, queria envelhecer podendo olhar dentro de seus olhos e dizer que a ama todos os dias. Ela encheu os olhos de lágrima e saiu sem nada dizer, não respondeu, foi se embora e deixou Cezar perdido no mundo, sofrendo feito um cachorro sarnento.
Dias atrás esta historia teve um ultimo capitulo, no meia da noite o telefone de Cezar tocou, ele que estava sentado no sofá da sala no apartamento quatro cômodos onde vive na companhia de um cachorro, atendeu o telefone.
- Alô.
- Cezar, é você irmão?
- Claro Issac, aconteceu alguma coisa para você me ligar essa hora?
- Olha cara aconteceu sim, minha prima Mariza faleceu cara, ela estava muito doente e morreu ainda agora pouco.
Cezar não respondeu, nem mais ouviu nada, simplesmente ficou ali, olhando para o vazia e pensando no que podia ter feito, no que deveria ter feito e como teria sido diferente, mas depois se deu conta que o tempo só anda para frente, ele esqueceu que cada dia que passa é um dia que estamos mais perto do fim.
Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 20/04/2012
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