1a. parte  O CASAMENTO DE MARIANA

O Coronel Otaviano Silveira e dona Joaquina tinham cinco filhas casadouras numa época em que os pais decidiam os casamentos e as moças não tinham direito de opinar em um assunto que dizia respeito ao resto de suas vidas.


Mariana, a mais nova, com 17 anos, quase uma menina, era muito bonita e Celestino, um fazendeiro muito rico encantou-se com ela e a pediu em casamento.

Aceito o pedido começaram os preparativos para o casório, mas Mariana não estava muito satisfeita, achava o Celestino feio, sem graça e se possuía um grande patrimônio nem por isso levava uma vida glamorosa, muito pelo contrário, estava sempre mal vestido, trabalhando na fazenda e só falava de negócios, criação, plantação e outros assuntos que não lhe interessavam.

As irmãs achavam que Mariana estava sendo infantil, e não podiam esconder uma ponta de despeito. Por que a Mariana se casar e não uma das mais velhas?

2ª. Parte UM AMOR IMPOSSÍVEL

— Meu nome é Décio, soube que o senhor está precisando de uma pessoa para trabalhar no eito e vim ver se me aceita para esse trabalho.

Cel. Otaviano fitou o rapaz intrigado. Era um belo homem, bem vestido, falando bem, por que estaria querendo trabalhar na roça?

Décio adivinhando sua duvida esclareceu:
— Gosto da vida no campo, meu desejo é trabalhar a terra, ver as plantas crescerem, cuidar dos animais...

O Coronel não acreditou muito nele, mas precisava de mão de obra e resolveu emprega–lo.

Décio já vira a Mariana na igreja e ficara profundamente impressionado por ela e esse foi o verdadeiro motivo que o levou a querer trabalhar para o coronel Otaviano.

Mariana já notara os olhares de Décio na Igreja, e com a proximidade surgiu entre eles uma súbita simpatia que logo se
transformaria em amor.


Embora sabendo de seu noivado com o Celestino, Décio tinha esperança de que ela conseguisse romper esse compromisso para casar-se com ele.

Enquanto isso não acontecia mantinham o seu amor no mais absoluto segredo. Nem os pais nem as irmãs sequer desconfiavam do que estava acontecendo.

Os dois namorados sempre achavam jeito de se encontrar e aproveitar os últimos tempos de liberdade, pois uma vez Mariana casada nada mais podia haver entre eles.

Mariana chegou a falar com o pai, pedindo para desfazer o noivado com o Celestino, mas o pai foi inflexível. Compromisso de casamento era coisa séria. Não podia ser desfeito sem um motivo muito grave.

Amar outro homem não era motivo muito grave na opinião do pai. Mariana sabia disso e achou melhor não contar nada sobre o que estava acontecendo entre ela e Décio, mesmo porque não podia imaginar qual seria a reação do pai.

E o casamento se realizou.

3a.
Décio continuou trabalhando na fazenda, pois esse era o meio de que dispunha para ver a sua amada de vez em quando.


Catarina, irmã de Mariana era uma moça prendada e Décio sabia que ela estava apaixonada por ele.

Resolveu pedi-la em casamento. Pertencendo à família ele garantia a proximidade com a Mariana por quem continuava mantendo um amor platônico.

O Coronel Otaviano gostava muito do Décio. Não era rico, mas era trabalhador, honesto, daria um bom marido, com certeza.

E Décio e Catarina se casaram.

3a. parte = O BEIJO

Passou o tempo

As filhas casadas deram a Otaviano e Joaquina muito netos e a família numerosa e muitos amigos se reuniam frequentemente na casa grande da fazenda para festejos a qualquer pretexto.

Mariana e Décio continuavam tão apaixonados como sempre, mas ninguém sequer desconfiava de seu segredo.

Até que numa noite de São João quando recebiam como de costume muitos amigos para um baile ao som de sanfonas tocadas por músicos amadores. aconteceu...

A certa altura da noite Mariana foi à despensa com uma grande peneira na mão para apanhar pães de queijo para serem servidos aos convidados.

Levava uma lamparina em uma das mãos e tentava equilibrar na outra a grande peneira, quando sentiu que alguém lhe tomava a lamparina:


— Deixe que eu seguro para você.

Mariana voltou-se. Décio estava muito próximo, quando pegou a lamparina suas mãos se tocaram e naquele momento toda a paixão reprimida pareceu explodir.

De repente nada mais existia. Família, compromissos, recatos, tudo como que por encanto desapareceram e só havia um homem e uma mulher apaixonados.

Quem tomou a iniciativa? Ela? Ele? Que diferença faz?
Lamparina e pães de queijo se espalharam pelo chão e o beijo por tanto tempo desejado, quantas vezes sonhado, aconteceu.


No momento seguinte os dois caíram na realidade, se recompuseram e minutos depois ela chegava à sala servindo os pães de queijo como se nada tivesse acontecido e com o rabo dos olhos viu quando o Décio achegou-se à Catarina e carinhosamente passou-lhe o braço pelo ombro.
 
 
 
 
 

Maith
Enviado por Maith em 18/06/2012
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