Confidências......

Segurando a sua mão e sem dizer nenhuma palavra faço com que me siga você me olha como não entender minha atitude, retribui o seu olhar apenas com um sorriso tímido pedindo que esperasse você assim o fez. Questiono-me em meu intimo se devo ou não pronunciar essas palavras, mas no fundo sei que se suprimir meu coração ele corre um grande risco se afogar em minhas próprias palavras. Decido por fim expor tudo.

Assim chegamos ao um estabelecimento simples por sinal poucas pessoas o visitam, local perfeito para nossa conversa, assim que entramos logo vou pedindo uma mesa para a dona que se encontra no balcão e digo que quero a mesa mais afastada do estabelecimento e em continuação explico que se trata de uma conversa de suma importância, ela então me mostra uma mesa no fundo do salão diz que ali ninguém vai nos incomodar, agradeço e vou com você até lá para conversarmos.

Faço com que você se sente sei que sua curiosidade esta a um passo do limite prestes a saltar a sua garganta, apenas no modo como me olha então inicio o processo. Apenas peço que me escute e não se pronuncie.

Sentada de frente a você mexo as mãos nervosamente meio que procurando as palavras, você ajeita-se num modo confortável já imaginando a demora na conversa, mas com sua atenção toda focada em minhas palavras. Ensaio um tímido abrir de boca, mas tudo parece sufocado então sinto suas mãos a segurar as minhas quase em suplicas pedindo que me acalme olho meio que surpresa e vejo apenas seu sorriso de encorajamento.

Ensaio as palavras novamente, mas dessa vez elas saem bem sonoras quase me espanto com a naturalidade que elas saíram e resolvo continuar antes que a coragem de mim se vá.

Trouxe-te até aqui para que nossa conversa seja reservada e acima de tudo tranquila, para que pudéssemos falar de tudo abertamente sem que o constrangimento que existem em nossos olhos se torne absoluto e cubra o lugar com seu silencio. Você parece compreender minha dificuldade e apenas me direciona o olhar acolhedor, esses olhos o que mais te caracteriza são esses famosos olhos da cor do mel uma mistura de curiosidade com mistério, os quais me faz perder os pensamentos cada vez que me dou de encontro com eles.

Com voz um pouco tímida na certeza que esta me ouvindo continua, bom em primeiro lugar peço-te franqueza e autenticidade em tuas expressões e reações, e acima de tudo sinceridade consigo mesmo. Com um baixar e subir de cabeça você consente minhas palavras sem esmorecer sua atenção. Segundo não modifique o que sentes com a tua boca... Quando os olhos começarem a falar a boca se cala. Novamente aquele olhar que me dispara o peito, pare de me olhar assim não vê que me tira a coragem se você soubesse como me sinto agora.

Retorno dos meus devaneios para a pequena mesa onde nos encontramos e você em silencio a me observar assim continuo... Diria que hoje farei algumas confidencias as quais não podem mais ficar guardadas. Você me olha meio que surpreso como pego pelos calcanhares, eu rio por conta do nervoso que me encontro e disparo sem perceber... Você me olha de um jeito como não guardasse as mesmas confidencias com você, vamos admita há muita coisa dentro deste peito que ainda oculta ou esse seu olhar é surpresa por eu ter aberto essa porta? Vejo você se desequilibrar na cadeira e segundos depois se recompor e até se atrever a ensaiar a resposta, mas se cala sabe que a noite é minha por direito e pede que eu continue, mas a surpresa é minha agora realmente não esperava essa reação.

Meio fora de mim começo a falar como uma desvairada... Quantas foram às vezes que eu o adverti a forma como se dirigia a mim? Quantas vezes pedi que não usasse esses termos? Vamos você se lembra disso e pare de esconder seus olhos dos meus virando o rosto fingindo desentendimento eu sei que esta buscando as imagens no meio das tuas lembranças e sabemos também que elas estão mais vivas que essa que estamos vivendo agora aqui nessa mesa. Vejo então você virar o rosto bruscamente e me encarar com expressão seria.

Continuo não dando tempo para reações... Conheço bem este olhar espantoso e surpreso ele não mente não consegui e eu sei que você quer mais isso do que eu mesma, ainda vou te confessar eu usava tuas palavras como meu alimento, era delas que tirava minha inspiração. Vejo que ainda se surpreende seu olhar é de quem ainda busca respostas e parece ainda não acreditar o que acontece nesta noite, sabe quando você se perde no envolvimento foi o que aconteceu.

Você se levanta movido pelo impacto de minhas palavras então pego suas mãos e peço que se sente novamente alem de não ter terminado ainda é mais confortável, você se senta meio que confuso mas não proferi nenhuma palavra apenas coloca o rosto entre as mãos descrente te entreolho e recuo suas mãos e levanto sua cabeça e falo docemente... Trouxe-te até aqui para fazer mais um desabafo por que você é o único capaz de entender as minhas palavras. Você se recosta na cadeira meio que largado procurando alivio a cabeça confusa e com certeza me chamando de louca, isso não mais importa falei tudo que queria e sei que você me entendeu sendo assim não temos mais nenhum conflito.

Você volta de seu pensar e toma a postura ereta e me distende um sorriso, gosto quando você distende esse sorriso, esse que começa tímido e devagar e aos poucos vai de orelha a orelha lábios unidos e com olhos a brilharem como a me dizerem... Ei moça você não tem mesmo jeito... Confesso que é uma visão para se apaixonar e eu toda falante e você apenas me ouvindo.

Cruzo os braços sobre a mesa e curvo o corpo deixando a cabeça apoia-se sobre eles e de frente a você apenas fico te admirando, minha expressão é serena porem seria então vejo você se encabular pela primeira vez seu rosto fica levemente rubro, mas nem assim tira seu olhar dos meus. Acredito que não é mais necessário dizer mais nenhuma palavra já que fomos entregues por nossos corpos e gestos involuntários.

Assim depois de algum tempo te olhando levanto-me da mesa seus olhos a me seguir tomo a sua mão e sem dizer uma única palavra te deixo... Deixo-te com a duvida ou a certeza que tudo foi esclarecido, então sai andando sem olhar para traz e em um aceno de mão me despeço e vejo você ainda meio que estacado na cadeira, eu rumo à porta satisfeita com tudo giro a maçaneta para partir de vez quando ouço você me chamar... Espere por favor.