Uma Noite Apenas


     Levantei bem cedo, como todos os dias eu procurei o que não sabia, mas vagamente minha memória ia se soltando e lembrei, era ela.
     Acordou, saíu sem avisar e nem deixou um bilhete, qual o seu nome mesmo? Marta? Não, Raquel? Não.
    Bem acho que foi melhor com certeza. Devido ao habito que é comum a mulher. De querer estar a um passo sempre à frente. Pensou por nós.

  Para que ficar e ter que escutar algumas mentiras embaralhadas que eu acreditaria por ser mais conveniente acreditar. Para que ela ficaria aqui a escutar mentiras que certamente teria que aceitar.
     Cansado, porém feliz por ter aquela bela ao lado, fui à cozinha fazer o meu café. Para o meu espanto o café esquentava na cafeteira e o biscoito estava junto à mesa. Cuidadosamente arrumados. Não sei, mas aquilo me deixou apavorado. Procurei por toda a casa, entretanto ela havia realmente ido. Mas de uma maneira intrigante e assustadora ela deixou um pouco de si em minha casa. A cozinha estava perfumada com o aroma do café, que não era o perfume do meu de todas as manhãs. Não sei talvez por fazê-lo não tinha percebido ainda o prazer de sentir o seu aroma. Quem é está mulher que me falava tão doce ao ouvido e demonstrava com todas as forças o prazer que eu lhe entregava. Ou se entregava o bastante para eu acreditar que lhe levava até o mais profundo prazer.
    O sol já batia forte na janela e eu percebi a cada minuto que não estava só. A cadeira colocada cuidadosamente à mesa, a pia bem arrumada e todas as coisas no lugar. Não sou apaixonado por organização, ou não o era, mas aquele quadro me fez perceber o quando satisfeita e feliz ela saiu de minha casa. Qual era mesmo o seu nome? De certo neste momento ela deve estar fazendo à mesma pergunta.
    Passava das duas horas da manhã e eu já havia bebido todas e não estava procurando nada. Quando me dei por conta do tempo estava na cama e amando. Bem, ela sabe meu endereço, sabe como chegar, entretanto uma sensação de vazio tomou o meu corpo. Como posso tratar assim a quem me dá tanto prazer? Como posso deixar escapar uma pessoa tão delicada e cuidadosa, que sabe amar e se entregar.
      Somos todos volúveis e vivemos de sentimentos momentâneos. Gostaria de não ter sido só um desejo e de não ter um objeto em meus braços. Posso imaginar que todo o quadro fora pintado, para me causar a sensação de que algo importante ocorreu. Apenas espero ter ficado como parte de sua história e ela da minha.




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Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 27/07/2012
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