O Vento e a Terra

A Terra, certa vez, se apaixonou pelo Vento. E o Vento amou loucamente a Terra. Eles nunca puderam vivenciar juntos este amor, eram tão diferentes um do outro que nunca ficariam juntos, mas o amor e a fascinação era mútuos e quebravam qualquer barreira.

A Terra admirava o Vento por que ele era uma entidade livre, ia para onde quisesse e fazia o que queria. Causava furacões, agitava os mares e conhecia os quatro cantos do mundo. Admirava seu caráter temperamental, e suas constantes mudanças de humor, que iam de ímpetos de ira, à caricias de brisa fresca. A Terra queria ser o Vento, voar com ele, quebrar barreiras de distância, não ter forma definida, ser livre.

Já o Vento admirava a Terra por sua paciência e austeridade. Apesar do seu grande poder de mover as coisas do mundo, como o grandioso mar. Ele admirava como ela era o único ser que não se abalava com seus ímpetos de fúria. Ele se irritava com a perseverança dela, que conseguia carregar enormes montanhas nas costas, sem nunca se abalar. Ele invejava-a pois, mesmo tendo uma liberdade infinita pondendo ir onde quizesse, ele gostaria de pelo menos uma vez parar e sossegar. Mas sabia que morreria se o fizesse. Era de sua natureza ser agitado, ser impetuoso, incostante. Isso nunca mudaria.

Com o passar do tempo, descobriram que se amavam e começaram algo que duraria por toda a eternidade. O Vento descobriu que amava a Terra porque ela era a única coisa que conseguia mudar seu curso, fazendo-o, pelo menos uma vez, ir para um lado que ele não queria ir. Isso o animava e ele sempre voltava, com toda sua força contra ela. Para sentir a força e a rigidez de sua forma, contornava-a e sentia sua imensa força. Ela, a Terra, descobriu amar o Vento por que sua enorme força a moldava, deixando sua forma menos rija, menos formal, menos bruta. E ao lapidá-la ele levava pequenos pedaços dela para onde ia. Dando a ela uma sensação de liberdade que ela nunca tivera.

O amor deles é tão grande que já transcede anos, séculos, milênios e, até hoje é possivel ver o Vento dar um beijo em sua amada antes de partir em outra viagem pelo mundo. E a Terra, espera sempre a próxima visita de seu amado, para que o ele leve consigo mais um pequino pedaço de seu amor, à distâncias infindas.

Álvaro Volkhadan
Enviado por Álvaro Volkhadan em 02/08/2012
Código do texto: T3809258
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