As pérolas de meu jardim.

Adormeceu sobre a pedra á beira do mar. O coração batendo forte, o cansaço do ordinário e da banalidade a fizera imergir naquelas águas, tão pesada fizera sua matéria. Confusa, ao abrir os olhos se deparou com infinito azul. E o azul lhe trouxera paz! Estranho não lhe faltara o ar, pelo contrário se encontrava mais viva que nunca. E assim se entregou as águas submergindo ainda mais, e quão encantada ficou ao saber que o mar também tem seu jardim! E que magnífico jardineiro(alias todo jardineiro é magnífico, ele desperta as flores)!

Curiosa, encontrara uma ostra, nunca imaginária tamanha beleza. Luzidia, misteriosa, mas obstinada a não revelar seu tesouro. Ela sabia que a ostra estava certa, como entregaria o que lhe era tão especial a uma menina alienada no fundo daquele mar, que além de tudo não era seu lugar(pobre ostra não era escolha da menina estar ali, era necessário para ambas, se encontrarem , se tocarem)?

A menina não tentara abrir, apenas soprou e diante do sopro vital a ostra abdicou de resistências abriu-se .

Acordara, cabelos molhados sobre a pedra úmida , o coração manso e na palma da mão uma pérola. Não era um pérola qualquer, era um tesouro como nunca se ouviu falar. Agora estava sob seus cuidados e apesar da responsabilidade ela sabia que parte dela também estava na pérola.