FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 44)

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Apesar dos meus medos e da ameaça mais presente de Raquel em minha vida, passei uma noite maravilhosa com o Nando. No outro dia pela manhã saímos juntos, já que eu teria que fazer os exames para admissão. Pelo menos teria alguma coisa para me distrair.

As horas passaram lentamente para meu desgosto. Naquela noite dormi em casa mesmo, já que meu namorado tinha combinado de jogar sinuca com os amigos. O que eu poderia fazer? Algemá-lo? Esta era a vontade. Depois que eu contei para minha irmã todos os passos que eu havia dado durante o dia, tentei relaxar lendo um livro. Não deu certo. Fui dormir somente depois das duas horas da madrugada, sem me preocupar com o horário que eu levantaria no dia seguinte. Talvez dormir fosse o melhor remédio para minhas angústias.

Meu celular tocou desesperadamente um pouco depois das dez horas da manhã. Tive vontade de atirá-lo na parede. O visor acusava o número da Rafa. Certamente ela tinha feito de propósito para me acordar. De mau humor atendi ao telefone, perguntando:

- Será possível que não se pode mais dormir nesta casa?

Mas a voz de Rafaela me surpreendeu. Algo tinha acontecido.

- Pauline!

Sentei na cama imediatamente. Meus pensamentos tomaram uma única direção. Nando! O que tinha acontecido com ele?

- O que foi, Rafa? – perguntei quase berrando – O que foi?

- A dona Amélia me ligou agora.

Empalideci. Dona Amélia era a vizinha de anos a fio dos nossos pais, amiga íntima da família. Agarrei o celular com toda a força, esquecida momentaneamente do meu amor.

- O que ela queria? Por que ela ligou para você?

- Arrume-se, Paulinha! Vamos ter que ir para casa. Parece que papai sofreu um grave acidente.

Meu chão faltou e eu tonteei. O celular escapou das minhas mãos e caiu no colchão. Ele morreu, pensei eu em pânico. Peguei de volta o aparelho completamente trêmula.

- Acidente? – balbuciei em choque – Mas que acidente?

- Ele caiu de um cavalo – minha irmã explicou rápida – Guto irá nos levar para casa.

- Mas como ele está? – perguntei desesperada, tentando ficar em pé.

- Não sei! – gritou ela nervosamente – Só sei que papai foi removido para o hospital e mamãe está com ele. Fique pronta logo. Já estamos passando aí para buscar você.

Consegui ficar em pé, sentindo-me totalmente abandonada. Meu pai. Ele poderia estar morto naquele momento e eu sequer podia avisar o Nando, a única pessoa que poderia me dar algum tipo de conforto. Totalmente trêmula, coloquei a primeira roupa que enxerguei pela frente e soquei algumas peças dentro da mochila. Lavei o rosto correndo, mesmo assim minha expressão não mudou. Era de puro terror. Dez minutos depois do telefonema, Rafa entrou atabalhoadamente na sala, também pálida. No entanto, ao me ver, ela levou um susto:

- Meu Deus, Paulinha! Você está simplesmente terrível.

- Não é para uma festa que eu estou indo – grunhi.

- E muito menos para um enterro.

E ao dizer isto, ela meu puxou pelo braço, dizendo:

- Vamos de uma vez. O Guto está lá embaixo nos esperando.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 08/09/2012
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