Mãos ásperas

Era sua primeira visita à casa do namorado.

Juliana subira as escadas que levavam à porta principal, discreta e de aparência gasta, acompanhada por ele.

Ele estava apreensivo e ansioso, num misto de alegria e desespero.

Abriu a porta. Ela entrou. Sala simples, poucos móveis - uma tv, um computador, dois pequenos sofás e uma estante - era tudo. Casa masculina de homem que vive só. Via pó acumulando-se em alguns cantos, mas sentia, sobretudo, o olhar dele, assustado, não querendo desapontá-la.

Trocaram alguns beijos e carícias na pequena sala.

Ele a levou para conhecer o restante da casa e seu quarto. Lá, o que se via era apenas uma cama.

Sua cama era simples. Seus lençóis um pouco ásperos, como suas mãos e a vida que levava. Não havia luxo e o conforto era pequeno, mas era uma cama honesta que refletia o caráter de seu dono.

Juliana sorriu. Percebera o esforço que ele fizera para estender bem os lençóis, mostrando seu esmero. Ela gostara.

Ele a amava, era simples e honesto. Era o importante para ela.