Naquela praça

(...) Tinha Roberto 25 anos quando encontrou a Gisele, tinha ela então 20 anos, era muito faceira e inteligente Roberto era então alto com cabelos curtos, olhos negros, e era um tanto delgado.

Quando ele a viu logo se apaixonou, ela, porém nem o notou, mas como o amor é uma incógnita, ninguém pode entendê-lo...

Era já tarde do dia e a noite se aproximava sorrateiramente, quando então Roberto passeava próximo à praça de sua rua, era uma noite comum até então, era costume dele ir à praça para ler seu livro e ouvir suas músicas favoritas, enquanto às crianças chilreava e brincava com muita placidez, era para ele um momento de paz de repouso, quando ele esquecia-se dos problemas da vida. Ao chegar à praça foi-se ao lugar de costume, sentou-se no seu banco que se encontrava ao canto, ali a iluminação era mais vívida, lá estava ele elucubrando o que Havia lido, quando de súbito viu algo que mudaria sua vida para sempre, era uma linda donzela a passear, a mais bela de todas as estrelas dos céus, seu perfume exalava mais que quaisquer rosas existentes no mundo. Seu mundo parou naquele instante.

- Ela é muito linda! Falou consigo mesmo.

Aquele amor que decerto brotou o deixou embasbacado, até então não sabia ele o que era o amor, mas, quando a olhou o amor brindou-lhe com um sentimento que deveras nunca tivera. O que mais lhe chamou a atenção nela foram seus olhos, eram muito lindos, eram azuis da cor do mar, nunca tinha ele visto algo assim na vida, seus cabelos eram belos e longos louros da cor do ouro, parecia uma princesa que viera aquele lugar passear. O tempo então não passava mais, viu e a reviu não parava de olhá-la.

- Como é bela, como é bela!

Deveras se apaixonou muito, aliás, não se apaixonou logo a amou, passou-se algum tempo e ela se foi, ficando o jovem enamorado de sua grande beleza...

No outro dia lá estava ele em seu lugar na praça, esperanto que ela voltasse àquele lugar, então... Lá vinha ela como no dia anterior, e dia após dia o dito fato repetia-se.

Logo pensou ele de si para si:

- Como irei eu a conquistar?

Então começou a sondá-la, descobriu onde morava a bela dama, seu local de trabalho, seus lugares preferidos de lazer que costumava ela frequentar.

Então começou a frequentar os mesmos lugares que ela, no intuito de uma aproximação da sua amada, deveras ela gostava muito de ir a certa biblioteca do bairro e fazia muito tempo que Roberto lá não ia, mas em tempos remotos costumava sempre ir lá, conhecia quase a todos por lá, então se chegou a um conhecido que lá estava e inquiriu-lhe a respeito da moça, queria saber tudo sobre a mesma, seu colega lhe falou que pouco sabia da menina, mas era recatada deveras sempre faceira e tão só lá ficava ela por horas e horas a estudar e a ler, passava assim a maior parte do tempo que tinha depois do trabalho e nos finais de semana, também falara que ela era nova no bairro, era só o que sabia.

- Qual é o nome dela? Você sabe meu caro? Indagou Roberto.

- Não! Respondeu seu colega. Mas você pode perguntar a responsável pela biblioteca ela deveras sabe os nomes de todos, eu vou com você, pois eu a conheço e peço a ela essa mercê. E foram ambos até a responsável da biblioteca, lá descobriram o nome dela os livros que costumava ler, para o espanto de Roberto ela tinha o gosto igual ao seu, então se foi estupefato com o que descobrira. Até que em certo dia estava ele na biblioteca ela chegou e sentou-se ao seu lado, então ele viu o azo propicio para conhecê-la, então ele a olhou e viu que estava a ler um romance do Machado de Assis, ele decerto era um Machadista inveterado, ficou admirado contemplando-a, ela de quando e quando o olhava de soslaio, então quando ela parou de ler para descansar um pouco ele deu um sorriso e ela também sorriu meio sem graça.

- Então gostas do Machado de Assis? Perguntou-a.

- Sim, é o meu autor favorito! Replicou ela.

- Eu gosto muito de suas obras são um tanto romanesca, já li todos os livros dele, são muito bons mesmo! Disse Roberto.

- Deveras, eu já li quase todos! Também gosto do Eça de Queiroz, do Lima Barreto e do José de Alencar, Ah, não posso esquecer-me do Castro Alves. Falou Gisele.

- São muito bons mesmo. Disse ele. - Diga qual é o seu nome mesmo? Perguntou-a, mas ele já sabia o nome dela!

- Gisele, respondeu a jovem! Com um gesto faceiro mexendo em seus cabelos.

- Prazer, meu nome é Roberto.

Às horas passaram e ambos tiveram que ir, então ele a perguntou quando ela voltaria de novo, ela respondeu amanhã há esta hora cá estarei!

O episódio repetia-se dia após dia, e a amizade de ambos crescia e crescia, e ele mais a amava, ela, no entanto só o via como um bom amigo de leitura e confabulações auspiciosas. O tempo continuava a passar e Roberto não tinha coragem para se declarar para Gisele, ela por sua vez deixava bem claro o sentimento de amizade que sentia por ele.

Dizem que o tempo tem poder para curar um amor mal resolvido, neste caso o tempo ao invés de curar esse amor serviu para aumenta-lo.

Deveras que de um tempo para cá, Gisele passou a olhar para Roberto de um jeito diferente, passou a admirá-lo, passou a vê-lo como um homem e não somente como um amigo, quase sempre um grande amor começa com uma grande amizade, ela já começara a sentir um sentimento romântico por Roberto, deveras, era ele um cavalheiro para ela, nunca deixou de ajuda-la, sempre esteve ao seu lado, seu amor era tão grande que às vezes segurava-se para não expô-lo, mas de certa forma esse amor rompeu as barreiras de seu ínfimo coração e começou a permear o coração de Gisele, passavam muito tempo juntos, foram feitos um para o outro...

Procrastinou o quanto pode, mas, chegou um momento que não dava mais para pospor tal sentimento, mormente que ele reparara uma mudança nas atitudes de Gisele com ele, houve uma mudança, estava muito apegada a ele, mas, tinha medo de perder sua amizade, mas, não podia mais postergar, chegara o momento de falar tudo para ela, que sempre a amara que com ela sonhava todos os dias.

Então ele a chamou para ir à praça onde tudo começou, sentaram-se no banco e pôs-se a parolar, ele abrira seu parco coração, disse tudo desde o principio, desde o primeiro dia que a vira naquela praça, ela ficou deveras rosada de vergonha, pois era muito comedida, e elucubrava com sigo Roberto é um homem muito especial acho que estou o amando, ele então a surpreendeu com seu pedido, ele a pedira em casamento, casamento! Ela deveras ficou estarrecida com o pedido, ele não a queria somente como namorada, ele tinha certeza que era ela à mulher de sua vida, ela pensou um pouco, era um tanto nova para casar, mas no fundo sabia que era Roberto seu príncipe, sua metade, então o amor que havia brotado nela floresceu e cresceu então ela não pode conter-se e disse à palavra que mudaria não só a sua vida como a de Roberto.

- Sim, eu aceito!

- Jura, disse Roberto.

- Sim eu quero viver a vida toda ao seu lado meu amor!

Então ambos se beijaram, foi um beijo muito especial, foi ele que selou o amor que nascera de forma tão peculiar nesses seres que se apaixonaram e amaram com tamanho fervor, que o tempo não pode apagar aquele amor.

Casaram-se e viveram quimeras juntos, amaram-se a cada segundo de suas efêmeras vidas até que o fenecimento de suas vidas chegou, eu posso jurar que esse amor venceu as barreiras da vida e da morte, um amor tão grande como esse não pode ser calado com a morte, ele inspira os romanescos que o buscam pelas vielas da vida todos os dias, eles se foram, mas o exemplo e a história desse amor que venceu tantos obstáculos ficou marcado em nossos corações, sempre iremos lembrar-nos daquele amor que brotou naquela praça...

Mini conto Por Leandro Yossef (início 21/2 término 24/2/2013).