Uma cura

Não compreendo o que tem acontecido. A música estoura os ouvidos das pessoas. Ao meu lado, a Bia dança. Na minha frente algumas pessoas a olham, ou às vezes me olham. Estou gritando com o celular. As pessoas tentam prestar atenção, na mesma semana que foi comprovado que no Brasil há um grande interesse populacional em Reality Shows. Um amigo me puxa para fora da festa. Estamos no ponto mais alto do prédio. Grito. Não entendo. Ele tenta não prestar atenção. Aperto o celular. Grito. Desligo não muito aliviado. O celular toca novamente. Peço para que ele volte e se divirta. Ele volta. Respiro fundo. Atendo. "Luan, é você!". Me sinto mais aliviado. Conto o que houve. Ele dá sua opinião. Chega uma mensagem. Leio para ele, e para mim. Choro. Ele tenta me acalmar. Choro. Algumas pessoas se aproximam. DIgo que quero ir embora, que preciso ir embora. Ele pergunta se quero encontrá-lo. Luan é um bom amigo, sempre tentou o máximo com suas obrigações de amizade. Não tem como sair da festa. Os seguranças foram avisado para que eu não saia. Choro. Me acalmo alguns minutos depois.

Desligo. Volto para perto das pessoas. Não me divirto. Quero ir embora, mas se eu for não vou me sentir muito bem. Fico. Vejo novamente a Bia dançando. As pessoas olham adimirando. Ela é tão jovem, tão mãe. Engravidou cedo, mas tem o corpo de uma bela mulher. Os homens a desejam. Me sento no sofá. Mensagem. Respiro fundo. Talvez tenha chorado mais um pouco. Respondo. Digo que o amo, não minto. Ele odeia quando digo que o amo. Não compreendo. Tenho medo. Sinto medo como se alguém estivesse arrancando a minha carne. Me desespero. Digo-lhe coisas. Ele não responde mais. Ligo. Ele parece também não compreender o que está acontecendo. Digo que venha me ver. O quero perto de mim. Me sinto confuso, perdido... Só. Acho que as coisas foram longe demais. Sinto que ele está perdido. Grito. Sinto medo. Morro em pensamento.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 10/03/2013
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