Não Espere Pelo Fim

Foi com palavras aprazíveis e um ingênuo sorriso que o homem de rosto enrugado e cabelos acinzentados dirigiu-se à sua ranzinza colega de abrigo:

– A vida não acabou. Não é chegada a hora de postar-se diante do túmulo como se a morte estivesse à espreita. É tempo de se renovar, tomar novas escolhas e trilhar por novos caminhos. Alimente os sonhos! Seja jovem novamente!

Tão rápido, naquele dia, nasceu uma inesperada paixão entre os dois. Aquele carinho que Emanuel sempre sentira por Maria das Dores enfim foi retribuído.

Quem disse que os velhos não podem se apaixonar?

Maldito preconceito que cria raízes profundas, inclusive na alma dos segregados!

E, assim, tão logo o tempo passou. Anos de risos fáceis.

No entanto, não foi com lágrimas de arrependimento que Maria fitou o epitáfio de Emanuel, mas sim com olhos aquosos de saudade e uma profunda paz em seu coração renovado.

Edinaldo Garcia
Enviado por Edinaldo Garcia em 29/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
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