Uma História de Amor que Terminou Antes do Prefácio

Era madrugada, ele bebia e jogava conversa fora com seu padrasto, não fazia isso há muito tempo. O clima era mais do que aconchegante. O Uísque com energético descia suave nos intervalos entre uma prosa e outra. Falavam sobre garotas, sentimentos, sobre planos, falavam sobre a vida. Conversa de bêbados? Engano seu, o papo era mais do que consciente e os conselhos de seu padrasto eram exatamente o que o garoto precisava naquele momento. Até que...

O menino recebe uma mensagem, da moça com quem iria sair na segunda-feira... Era sábado à noite, seu padrasto fora dormir, pois o álcool já fazia efeito. Seu enteado, porém, debruçou-se a ler o texto. Estava curioso, pensara ser algo bom, mas ao chegar à metade das palavras, suas pálpebras tremeram. Lágrimas escorreram sorrateiramente por suas bochechas e o garoto esmoreceu. Eram sinais da frustração, da tormenta que acabara de cair, afogando toda a animação da conversa com seu padrasto.

A garota não mais sairia com ele. Acreditava tratar-se da pessoa certa, mas o momento não convinha. Ele era bonito e atraente, disse ela. Agradeceu pelas rosas recebidas e por todas as palavras que a fizeram se sentir única. Mas estava vindo de um relacionamento desastroso que deixou estigmas severos, precisava ficar sozinha, precisava encontrar a si mesma antes de encontrar outro alguém.

As mãos trêmulas deixaram o copo vazio cair, soluçando sentou na cama e observou o céu negro da madrugada. O que faria? Permaneceria nessa melancolia anestésica que banhava sua alma? Prosseguiria em românticas cruzadas, embebido na esperança que sustenta o coração dos grandes sonhadores? Ou desistiria? Choraria por um ou dois dias, mas seguiria sua vida errante, buscando no álcool e em outros vícios o consolo para suas desilusões amorosas? Nenhuma delas.

Aproximou-se da janela, a brisa noturna acariciava suavemente seu rosto e o chiado das cigarras dava o tom da melodia noturna. Porém, seu crânio não contemplou a mesma serenidade e foi deformado pelo abrupto impacto. O sol nascia, e um corpo jazia estirado no pátio do condomínio. Os moradores aglomerados, chocados, choravam e gritavam horrorizados. Não conseguiam entender que o motivo daquilo foi o amor,

o amor que não foi...

ProjetoProsa
Enviado por ProjetoProsa em 15/09/2013
Reeditado em 10/01/2018
Código do texto: T4482155
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