Valsa à três

- Mas ela está tão linda hoje... tão cheia, tão brilhante. Obrigada por ter me trazido aqui.

Ele a olhou com olhos cheios de ternura. Uma leve brisa trouxe o cheiro de flores que vinha dos cabelos dela.

- Eu pensei em você, sabe. Todo esse tempo. Você sempre esteve comigo, em meus pensamentos, em tudo o que eu vivia... sempre foi você. – disse ele.

Ela ajeitou os óculos no rosto e não pôde deixar de sorrir. Uma ansiedade crescente oprimia o peito de ambos e só cessou quando suas mãos se tocaram. O universo não importava mais. Depois de trinta anos sem aquela sensação, tudo voltou à tona. Os sorrisos, as conversas, a sensação de estar voando. Só existiam eles três agora: ela, ele e a lua.

Olharam-se: quando sorria, suas rugas acentuavam-se ainda mais; porém ela não se importava. Na verdade, gostava muito delas. Seus olhos pareciam ter ficado ainda mais claros com o passar dos anos, e tudo bem pois ele sempre adorou olhos claros.

Perguntavam-se se em algum lugar do espaço, alguém observava a terra e sentia-se exatamente como eles se sentiam. Mas não, não havia ninguém. Aquele sentimento era único e para sempre seria único. Repetiam:

Nunca é tarde demais. Nunca é tarde demais.

Carol Santucci
Enviado por Carol Santucci em 13/10/2013
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