Uma rosa, um beijo e um adeus

Era fim de tarde de uma terça-feira e eu a convidei para irmos a algum lugar onde pudéssemos conversar tranquilamente. Prontamente, ela aceitou. Feliz fiquei por ela ter aceitado o meu convite, pois pensei que ela iria rejeitar assim que eu fizesse tal pedido.

Passamos em frente a algumas lojas e cafeterias, mas nenhuma delas nos agradou. Decidimos, então, entrar em uma pequena casa de chá onde servia o famoso chá das cinco. Devo dizer que não sou muito fã de chá, mas ela disse que alí poderíamos conversar sem muito barulho a nossa volta. Ela estava certa, pois o lugar além de ser agradável, naquele dia só tinha algumas pessoas um pouco distante da gente.

- Então... sobre o que vamos conversar? Ela olhava fixamente em meus olhos e sorria gentilmente enquanto sorvia o delicioso chá.

- O tempo dessa cidade é bem maluco, não é verdade? – Idiota! Disse a mim mesmo. Vá direto ao assunto e para de dar voltas. Porém, não dei ouvidos à minha mente. – Há dias que está muito frio e em outros impera o calor. Não sei se um dia irei me acostumar a esse clima... Disse eu um pouco desajeitado.

Ela sorriu. Ah, se ela soubesse o quanto me fazia bem aquele sorriso! Seu sorriso era como se fosse um remédio de alegria para uma alma igual a minha.

- Um dia irá se acostumar. Garantiu ela.

Eu estava sentado em uma cadeira onde eu tinha uma completa visão de quem entrava e saía da casa de chá. Uma moça com um vestido azul e com um ar primaveril, entrou com um cesto de rosas de várias cores, mas vermelha só tinha uma. Pensei em chamá-la, mas uma outra pessoa a chamou primeiro e lá se foi a linda rosa vermelha. Ela passeou por todo o lugar e vendeu as outras rosas do cesto e por fim passou por nossa mesa.

- Gostaria de uma rosa para dar a essa linda dama? Disse a moça do vestido azul.

- Bem, pelo que vejo, não há rosas em seu cesto.

- Quanto a isso não precisa se preocupar! Minha irmã está do lado de fora com uma outra cesta e irei buscá-la caso deseje uma rosa.

Eu olhei para a minha amada que estava frente a mim e eu disse para a moça: - Quero a sua melhor rosa!

Ela foi buscar e voltou com uma rosa de uma cor de vermelho intenso e brilhante. Todos que estavam na casa de chá olharam para a rosa e se admiraram com tal perfeição. De longe a rosa já tinha me agradado, mas quando a tive em minhas mãos eu vi que era mais que bela. A moça disse o valor e eu nem quis o troco. Grata ficou e disse que formávamos um belo casal. Eu pensei em explicar a ela a minha situação, mas decidi tirar proveito. Quem sabe era o destino me dando uma ajudinha...

Entreguei a rosa.

- Muito bonita, não acha?

- Linda! Disse ela com um sorriso nos lábios e depois ficou quieta.

- Algum problema?

- Nenhum. Ela olhou as horas no relógio.

- Tem que ir a algum lugar?

- Sim, ao aeroporto. Viajerei para o exterior e não sei quando irei voltar. Disse ela com uma tristeza no olhar.

Aquela notícia me pegou desprevenido e isso me deixou um pouco triste. Não fazia ideia de que ela iria para outro país, pois ninguém tinha falado nada na empresa.

Nos levantamos e eu passei pelo caixa para pagar a conta. Ela quis contribuir, mas não foi necessário. Já do lado de fora, ela pegou uma das minhas mãos e agradeceu pela agradável fim de tarde que teve. Disse que foi a melhor de todas e eu pude ver a verdade em seus olhos.

- Táxi!

Nada falamos até o táxi chegar. Eu abri a porta de trás para ela e antes dela entrar, ela me deu um apertado abraço, beijou-me no rosto e disse adeus. Até hoje me lembro desse adeus dito ao pé do meu ouvido.

Ela entrou no táxi e eu fechei a porta. Antes do táxi partir, ela cheirou a rosa e sorriu. Ela lançou um olhar de gratidão em minha direção e disse o endereço ao taxista. Eu acenei em despedida e lhe disse o meu último adeus. Fiquei observando o táxi seguir o seu caminho e imaginei um desfecho diferente, caso eu tivesse dito o que por ela sentia há algum tempo.

Leandro Marçal
Enviado por Leandro Marçal em 15/10/2013
Reeditado em 17/10/2013
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