(Rascunho) Prefácio- O pedido.

Epílogo- O pedido.

 

I-

 

Apesar de toda as situações o terem atirado na profundeza mais sombria e dolorida de sua doença, e por mais que muitos de seus sonhos tivessem desabado por terra, não estava mais triste. Toda a solidão que o habitava, toda a ira e angustia de um passado do qual fizera com que perdesse a fé haviam deixado finalmente e mesmo que voltassem a tentar levá-lo para baixo durante algumas vezes, dera lugar a um sentimento que o fizera desejar a vida. Outra vez em sua vida confiara em alguém e a amava além de todas suas expectativas, amava em seus defeitos e qualidades, pois tudo aquilo a tornava perfeita, não, mais do que perfeita a seus olhos, a seu coração. A amava de corpo e alma.

Os anos foram passando, o tempo cantava a sua canção, que já não mais melancólica era, assumindo o som de sopro silencioso do vento, ouvido por tão poucos. A cada dia desejava ser o melhor, e a cada erro se entristecia, voltando a buscar por novas formas de evoluir. Os sonhos abandonados e desejos perdidos voltavam para seu coração pouco a pouco. Ela sabia, em toda a modéstia, que se não entrasse em seu caminho o rapaz já haveria de ter deixado de existir muito tempo atrás, pois estava fraco e embora descobrisse de sua doença a pouco tempo, entendia que poderiam superá-la juntos, como fizeram muitas vezes com outras dificuldades.

 

No final do sexto ano, algo lhe ocorreu, deixara a cidade por um tempo, expondo a necessidade de terminar um assunto inacabado com seus velhos companheiros de caminho, não era de todo mentira ou verdade, entretanto, nada que a impactaria negativamente.

– Sinto muito meus irmãos, mas para mim este é o fim. – Exclamou ao vê-los, e todos entendiam o que estava fazendo novamente, contudo dessa vez estavam todos certos de que ele estava preenchido pela certeza e verdade em seus atos, desta vez não era um erro de um jovem tolo (mesmo ainda sendo afobado demais e entrar em várias encrencas por esse motivo.).

– Foi um prazer meu irmão. – Disseram eles. – Desde que seu coração esteja seguro. – Entregara a eles o Objeto que guardara a anos desde que lhe fora dado. Ele deixara sua vida de mago para trás, mas suas palavras por si só eram cheias da magia.

 

Nunca havia estado na planície antes, era sua primeira vez e por ironia, fora para dizer adeus.

Durante a semana em que esteve fora teve seu tempo para terminar o que acreditava ser a sua obra mais importante. Ao retornar, fora a última vez ver seu médico. Já estava forte e consciente o suficiente para abandonar a droga da qual tomava para a ansiedade e depressão.

Toda a pressa, os apegos banais, tudo se foi.

A paz profissional por fim chegara, o 'redator', lhe oferecera um respeito do qual na realidade não o interessara, contudo, fizera com que parasse de ouvir certas coisas de outras pessoas.

 

Em algum momento do fim do no sexto ano, a garota estava no terceiro ano de sua faculdade, e ele sequer era formado apesar de ter um ótimo emprego. Ela notara algo de diferente nele naqueles dias, estava mais afastado e pensativo quando se viam, assim como outras vezes vira no passado. Uma excitação estava marcada em seu olhar, e Ela já o conhecia bem e conseguia notar muito bem, porém nada falara.

 

II-

 

A família da mulher ria e comemorava, e ela ansiosa, ele não chegava e não dera notícias em momento algum, temia ter acontecido algo com ele, por suas situações de doença, ou então uma tragédia qualquer. Enfim finalmente chegara, notado pela sua dificuldade em estacionar o carro, fazendo um barulho infernal na sua tentativa magnânima de estacionar bem. Saíra do carro, tropeçando e caindo de cara na calçada. Motivo de muitos risos, inclusive dele próprio, pois agora já não mantinha a face fria e dura como era no início. Aprendera com o decorrer dos anos a ter bom humor.

Ela fora furiosa ter com ele, por seu sumiço. Contudo parara estonteada ao ver nele. Ao entrar na casa logo a família percebeu algo que nunca vira antes nele. Estava com uma cruz em seu pescoço. Mesmo sempre dizendo coisas como, minha família é cristã, negando sua falta de religiosidade, afinal ninguém nunca soube que na realidade não era ligado a apenas uma religião. Ninguém dissera nada, nem mesmo ela, que no final das contas dera uma boa bronca nele por seu desleixo, contudo mal sabia ela que tudo daquela vez tinha sido de propósito.

No final da noite, mais uma situação inesperada.

Fora até o carro, no momento em que percebera que todos estavam se preparando para irem para suas casas. Pedira um minuto a todos, e isso por si só era algo raro, pelo fato de ele nunca ter sido o mais comunicativo. Trouxera consigo. Um livro.

 

–      Este é meu último texto. Digo, o ultimo que escrevi... Digo... O que mais recentemente terminei! – nunca havia perdido sua dificuldade de expor suas ideias oralmente.

–       Gostaria que todos ouvissem a última página de meu livro. – a dúvida ficara estalada na face de todos, ele estava discursando e falando de seu próprio trabalho, era um dia realmente raro.

 

Chamara a sua namorada para seu lado e dera o livro para ela. – Leia para mim, por gentileza, você sabe como sou um péssimo locutor. – relutante por algum momento, finalmente cedera.

Começara a ler e a narrativa era sugestiva, e ela própria começara a gaguejar. Sua mãe fora a primeira a notar do que realmente se tratava, enquanto os outros boiavam no que estava acontecendo. Por fim Ela travara.

 

–         Termine Amor. Está quase lá. – Disse ele, e nessa altura a maioria, se não todos já notavam do que se tratava, pelo nervosismo dele e dela.

 

E por fim a última frase, a última oração, terminada em uma única questão:

–       Quer se casar comigo?

E ela lera, gaguejando e tremendo como nunca visto antes. E agora era a vez dele. Se ajoelhou diante dela, tirando de um de seus bolsos a pequena caixinha que todos já estavam esperando naquela altura.

 

– E então... Nenem...? Aceita se casar comigo? E todos ficaram em silêncio.

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 26/12/2013
Código do texto: T4625347
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.