**Estranho Acidente**

Dos mais estranhos acontecimentos que vivi, foi a forma como a conheci.

Desempregado, em situação desagradável, aceitei o primeiro emprego que apareceu como mensageiro.

No meu primeiro dia, o primeiro serviço, fui levar uns memorandos até determinada repartição e no corredor, aconteceu um acidente da pior qualidade.

Subi correndo as escadas e ao virar-me em direção as salas a direita, dei um esbarrão em uma moça, derrubando os documentos das minhas mãos e esparramando o café que ela trazia.

Roupas sujas, documentos manchados e ela parada na minha frente, me fuzilando com o olhar, eu, desesperado sem saber o que fazer primeiro e como me desculpar.

Além das broncas que escutei, perdi o emprego na mesma hora.

Triste e desorientado, fui para casa, tomei banho, troquei de roupa e saí novamente a procura de emprego.

Eram seis e meia da tarde quando me dei por vencido e tremendamente consternado, entrei em uma lanchonete para tomar um copo d’agua.

- Olha só, se não é o desastrado.

Tomei um susto ao me virar e ver que, quem estava falando comigo, era aquela moça do incidente.

Não tinha dinheiro nem para convidá-la para um café, envergonhado, tentei novamente me desculpar, mas, baixei a cabeça sem saber como agir.

Ela colocou-se ao meu lado e sentindo o meu desanimo, com palavras mansas quebrou o clima e então começamos a conversar.

Por força do destino, após expurgar a tristeza que me corroía, ela pegou o celular, ligou para o irmão e disse que havia uma vaga na firma dele, deixando-me tremendamente esperançoso e agradecido.

No dia seguinte estava assumindo o novo emprego, e este, foi a mola que impulsionou o meu crescimento e a minha estabilidade.

O irmão dela, além de ser o meu patrão, tornou-se um grande amigo.

Meus problemas se agravavam mesmo estando empregado.

Havia saído do interior, morando em uma pensão simples, mas, as economias trazidas zeraram.

Fernando, meu patrão, sentindo a minha preocupação fez-me contar-lhe a verdade.

Imediatamente, recebi um adiantamento de salário e ainda permitiu que, eu ficasse morando em um quartinho no fundo da firma e assim fui lutando como um louco.

A vida passou a me sorrir e aos poucos fui crescendo.

Fernando tratava-me super bem e sua irmã, Sandra, tornara-se uma amiga inseparável.

Cinco anos depois, justamente na festa de aniversário de Sandra, eis que...

Ao levantar-me da cadeira, bato o braço na bandeja com refrigerantes que Sandra estava levando para os convidados.

Era como se, um filme voltasse a passar, aquela cara de espanto misturada a raiva e eu atônito tentando consertar a situação.

Corri, peguei panos e limpei a bagunça toda.

Após a festa, estávamos recolhendo os copos, dando uma ordem na cozinha quando ela falou:

- Quero tomar um cafezinho, mas, dá para você ficar bem longe de mim?

Ela me olhava debochadamente e na sintonia de pensamentos, começamos a rir, depois a gargalhar, até a barriga começar a doer.

Alguns minutos depois, parei e fiquei olhando a mulher que havia feito a grande diferença em minha vida.

Olhando fixamente em seus olhos, roubei-lhe um beijo.

Um beijo, mais outro e mais outro.

E aconteceu...

O despertar da paixão deu-se pelo carinho, pela amizade, pela motivação e principalmente, pelo companheirismo.

Estamos casados há seis anos e não existe uma só vez que, ela me pergunte;

- Você quer café?

Ao nos olharmos, ela, com aquela carinha linda e debochada, sempre me faz sorrir.

Foi acidente mais feliz da minha vida.

Camaro CMRS
Enviado por Camaro CMRS em 16/02/2014
Reeditado em 16/02/2014
Código do texto: T4693071
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