Cicatriz de amor

Esperava por ele, sentada em um dos bancos que decoravam a calçada que circunda a lagoa. Conheceram-se na internet e haviam conversado uma dúzia de vezes. Conversa após conversa, dia após dia, tornaram-se amigos, confidentes e resolveram marcar aquele encontro.

Os cabelos escuros e longos voavam ao vento, na mão um caderno de anotações. Ali estava ela, seus rascunhos, seus sonhos e pesadelos.

Não viu que ele estava parado em frente à loja de flores, nervoso e ansioso por uma aproximação. Comprou uma rosa vermelha, sabia que era a flor preferida dela e sentou-se descansando a flor sobre a madeira do banco.

Olhou para ela e sorriu. De cabeça baixa, ela retribuiu o sorriso.

- Se eu falar que esperei ansiosamente por este momento, você acredita?

Colocou a rosa nos cabelos dela, depositou-lhe um beijo na testa e convidou-a para caminharem na calçada.

– Nunca nos vimos antes, mas é como se te conhecesse há muitas, muitas vidas.

Ela voltou a sorrir com um jeito meigo que tocou seu coração e ele estendeu a mão de encontro à mão dela. O sol começou a se esconder e ficaram iluminados pela luz fraca do crepúsculo.

Regressaram ao mesmo banco onde haviam se encontrado. Ele, com as mãos suadas, virou-se em direção àquela que sabia que a partir daquele dia poderia mudar sua vida, e disse:

- Amanhã estarei aqui, no mesmo horário. Te espero e te quero!

Quero trazer-te para a minha realidade. Desejo intensamente mergulhar em teus medos e proteger-te deles com o meu corpo e a minha alma.

Levantou-se e a beijou demoradamente. Ela, por sua vez, o abraçou fortemente, sabendo que nunca mais voltaria a vê-lo.

Nem todo final tem que ser feliz, nem todo final tem que ser um final...

Havia dentro dela uma ferida de amor. Sabia agora que jamais seria cicatrizada.

Guarda me em ti
Enviado por Guarda me em ti em 24/03/2014
Reeditado em 24/03/2014
Código do texto: T4742311
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