Das confissões em portas de banheiros.

Se escrever é dizer o que se pensa, no que você tem pensado já que não escreve?

Eu? No que eu penso?

Penso naquele sorriso, naquela barba, naquele 'Abraço de Urso', naquela voz dizendo 'Não Morde' enquanto me devolvia a mordida, naquelas noites chuvosas e quase sempre frias, entretanto que ficavam quentes nos seus braços.

Me digo todas as noites, esses pensamentos românticos precisam se tornar atitudes, mas nada acontece, todo esse romantismo fica preso, preso nas palavras digitalizadas ou naquelas em que escrevi na porta de um banheiro qualquer, esperando que o mundo reconheça meu amor por você, entretanto esperando que você nunca saiba. O medo, de me perder como aquelas horas que perdemos enquanto você estava dentro de mim, me domina. Claro que isso não é uma atitude muito madura, mas quem é maduro quando esta com medo?

Mais uma noite, mais um cigarro, mais um pensamento que me leva a um labirinto sentimental, me pergunto a cada tragada se vou conseguir encontrar o caminho de volta, de volta aos seus braços.

Queria pensar em outra coisa, mas não posso controlar. Queria que a cada página menos você estivesse vivo dentro de mim, mas isso é quase impossível, porque amanhã é um daqueles dias, em que eu acordo cedo pra ficar bonita e esperar a primeira estrela do céu me avisar que está na hora de ver você, naquela mesma cafeteria, pra ver o seu sorriso e sentir o seu abraço; depois de meses... Eu sei como tudo vai terminar. Em uma semana o sorriso não caberá em meu rosto, sentirei o corpo flutuar, mas depois desses sete dias virá à melancolia, como se o combustível da felicidade tivesse chegado ao fim, então voltarei a acender mais cigarros, encher mais copos com whisky, mais páginas com palavras doces e carregadas de saudade a cada sílaba.

Espero que um dia isso chegue ao fim, não sei quanto tempo meus pulmões e meu coração irão aguentar...

Ana S.

Ana Santiago
Enviado por Ana Santiago em 04/05/2014
Código do texto: T4794309
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