Como o destino quiser - Parte 1

Acordei aquela manhã com o som do despertador ecoando em minha cabeça. Sem vontade alguma, levantei e fui até o banheiro. Escovei os dentes, joguei uma água no rosto e tentei convencer a mim mesma de que hoje seria um dia melhor. Mas como acreditar nisso se era difícil até mesmo olhar meu reflexo no espelho?

- Bom dia! Pronta para hoje a noite?

A voz estridente de Laura me trouxe subitamente de volta a realidade. Ela estava parada ao lado da mesa já arrumada, servindo uma caneca de café.

Laura e eu somos colegas desde o ensino fundamental, e hoje dividimos o mesmo apartamento. Embora eu a ame como uma irmã,

apesar de seu estilo cheerleader, às vezes a convivência pode ser irritante.

- Bom dia – respondi, juntando os livros espalhados pela sala.

- A onde é que você vai sem tomar café?

- Para a faculdade. Tenho um trabalho para entregar, lembra? -Desejei não ter terminado a frase com uma pergunta, isso daria margem para mais assunto, e era exatamente o que eu não queria.

Como esperado, Laura suspirou e atravessou a

sala em minha direção.

- Senta e toma o seu café – insistiu, estendendo- me a caneca. – Você ainda não respondeu minha pergunta.

Bebi um gole de café, e me preparei para o drama que viria a seguir.

- Amanhã é meu primeiro dia de estágio. E você sabe que estou em época de provas…

- O que? Não! – ela gritou, balançando a cabeça negativamente – Não me venha com essa. Ana, já faz quase um ano. Você precisa superar o que aconteceu. Não dá pra passar o resto do curso se escondendo. Você precisa conhecer gente nova, sair desse apartamento!

- Estou tentando sair desse apartamento – rebati, mostrando os livros em minhas mãos.

- Você sabe do que eu estou falando – ela franziu o cenho, seu olhar era duro de reprovação. – Você não quer encontrar o Diego.

Me encolhi ao ouvir o nome dele. Laura tinha razão. Eu não queria encontrá-lo. Não por não ter superado o que sentia, mas por não ter superado a humilhação de ter sido traída - publicamente. Por me sentir a mais tonta das mulheres toda vez que o encontrava. Meu

orgulho estava ferido, e minha dignidade… Bem,

já estava a ponto de espalhar cartazes de procura-se.

Conheci Diego no primeiro ano da faculdade. Confesso que no início não me chamou muito atenção, mas seu senso de humor e seu jeito

encantador acabaram me ganhando. Nós éramos um casal normal de namorados. Estudávamos durante a semana, íamos ao cinema aos finais de semana e frequentávamos a maior parte das festas que o pessoal do campus organizava – isso mais por insistência dele mesmo.

Tudo corria muito bem até ele ser pego semi nu aos beijos com uma caloura dentro da dispensa de uma dessas festas. Fomos assunto por semanas, ele foi sensação no youtube e demos uma boa matéria para o jornal da faculdade.

- Você precisa ir!

Mais uma vez, Laura me trouxe de volta a realidade

.

- Vai ser divertido. Todas as nossas amigas estarão lá, e você vai poder mostrar a todos, e ao Diego, que o que passou já é página virada -concluiu.

- E o meu estágio?

- Você já foi para muitas aulas virada, um dia de estágio não vai fazer mal. Até ajuda a relaxar.

- Talvez você tenha razão – enfim, me rendi.

Outro suspiro. Ela sentou-se no sofá a minha frente e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo.

- Eu sempre tenho razão. E você está atrasada.

(continua)

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Bruna Venturini
Enviado por Bruna Venturini em 04/09/2014
Reeditado em 04/09/2014
Código do texto: T4948932
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