ESCOBAR

...Junto ao prédio comercial estava decaído e em prantos o amigo Assis e... eu gostaria de ajudá-lo, mas não podia. Acredito que ele estava sendo injustiçado, talvez, por suas próprias letras. O ruim de tudo isso é que eu estava lá em cima, vendo tudo, mas nada podendo fazer.

Bem, ele continuou a prantear até que uma pessoa que nem mesmo o conhecia aproximou-se dele querendo ajudá-lo em meio àqueles monstros que o impediam de entrar naquele prédio e encontrar o que lhe interessava.

Quando as lágrimas começaram a faltar, então resolveu desabafar com a pessoa que havia se aproximado: Estava apaixonado por uma garota muito nova e bela. Os pais dela o impediram de namorá-la. Ele já não sabia o que fazer e estava exatamente onde ela e seus pais trabalhavam, porém foi barrado pelos seguranças. Gritava intensamente e altamente que jamais desistiria dela e que a amaria pelo resto de sua vida. A angústia bateu mais forte quando olhou nos dedos, da agora protestante Capitú, e vira um anel dourado de casamento: Parecia que a vida acabara naquele momento – eu queria estar lá.

Quando resolveu erguer sua cabeça, percebeu um lindo olhar de Capitú, agora arrependida de seu ‘suposto” passado. Olhar brilhante, emocionante, apaixonante e que lhe trouxera uma luz em meio àquela escuridão emocional. Então começa a perceber a beleza dos cabelos evangélicos tradicionais, mas também de uma pele bem pintada, linda, delirante... de amante. Capitú foge, pois não quisera sujar seu nome novamente e acha que desta vez seu esposo, Bentinho, não iria perdoá-la.

...Lá vai fugindo de seus instintos aquela morena café com leite, lábios vermelhos carnudos, cabelos cristãos, saia vermelha, nádegas pomposas e um anel de casamento na mão... e tentando alcançá-la, em meio à feira estreita de Campina Grande, estava Assis, culpado de minha existência e também de minha morte. Este “amigo”, deus das letras e “assassino” de seu personagem, novamente angustiadamente corre à procura de Capitú, sua mulher preferida, porém, nunca a encontrando, termina casando-se com uma mulher cultural que lhe ajudou a ser um medalhão na história. A angústia de Assis foi não ter amado a amante de sua história e, se você quer saber, ele tinha uma inveja enorme porque eu consegui, por isso fui tirado da história. Poderia fazer algo, mas não fiz. Morri na história, porém estou vivo dentro dela... Aqui em cima, no céu dos personagens, conversando com anjos e com o Divino, vendo Assis lamentar.

...pena que não participaremos do mesmo céu, ou participaremos?.........

Por Magno Holanda