Meu doce pecado (part. VI)

Capítulo 7

O encontro

Na sexta-feira como o combinado, Alexander e eu nos encontramos em seu apartamento. Antes de sair de casa, passei horas e horas tentando encontrar uma roupa que fosse adequada a ocasião: passar a noite com um desconhecido assassino, isso provavelmente seria meu “encontro da morte”. Escolhi um vestido branco com uma leve estampa de flores rosa, curto e rodado. Meu cabelo estava radiante e descia liso até minha cintura, como de costume calcei minhas sapatilhas azuis, peguei uma bolsa de mão pequena, e meu perfume doce encerrava o look. Maquiagem e bijuterias não faziam meu estilo. Verifiquei as trancas das portas e janelas, coloquei um casaco para me proteger do frio e então sai. Eram por volta das 19h15 quando desci as escadas do prédio, tínhamos combinado o jantar no horário das 19:35, e com minha pontualidade extrema não podia me atrasar. Peguei um táxi, Alexander morava distante, não dava para ir caminhando. E com os últimos crimes que rodeavam a cidade era perigoso circular pelas ruas à noite. Mas, perante os fatos anteriores por mim presenciados o perigo maior era o que estava fazendo: direcionando-me a casa do assassino frio, o qual eu não tinha nenhum medo e o achava maravilhosamente lindo e interessante.

Alexander havia me dado o seu endereço, ele morava na Rua Failly, casa 13, quadra sete. Quantos números de azar num mesmo endereço. Cheguei ao local às 19:33. A casa era amarela, dois andares, com uma janelinha com grade na frente, tinha uma linda varanda, a porta era grande e larga. Havia alguns degraus na entrada. A Rua Failly era muito antiga e tradicional, muito famosa por ser calma em todos os horários do dia. Desci e paguei o taxista, pontualmente as 19:35 eu toquei a campainha, Alexander logo me atendeu, ele estava com uma calça jeans, uma camisa azul social, usava o velho óculos de grau e sua barba estava do jeito que eu adorava. Ele me olhou e disse:

- Pontualidade é o seu ponto forte Srtª Williams. Seja bem-vinda a minha humilde residência.

Ele me puxou para dentro com uma enorme leveza, fechou a porta, enquanto eu admirava as pinturas nas paredes, os móveis antigos e bem conservados, não era assim que eu imaginava a casa de um assassino de mulheres. Dei de cara com a mesa de jantar com uma toalha branca, estava organizada da seguinte forma: dois pratos, os talheres, copos, uma garrafa de vinho, um jarro de flores e velas.

Ele me olhou sorrindo e disse:

- Vejo que acertei no meu look, combinou com o seu. Você está radiante Sarah! Hoje te prometo um jantar inesquecível. Vamos dançar?

A parte do “inesquecível” não me agradou muito, acho que pela hipótese de Alexander ser um criminoso, o “inesquecível” dele poderia ser meu assassinato. Sem hesitar ou querer saber da minha resposta ele me puxou para perto de um pequeno aparelho de som no cantinho da mesa que ficava na sala. Segurando firmemente em meus braços e fixando seu olhar em mim, falou:

- Gosta de Robert Cray? Blues? Ele é maravilhoso.

- Ouço às vezes, gosto muito. Mas, dançar? Eu não...

Sem que eu completasse minha resposta, ele me apertou em um botão e começou a tocar: Change Of Heart, Change Of Mind (mudança de coração, mudança de mente). Bom o motivo de Alexander colocar aquela canção é uma dúvida. Eu estaria provocando uma mudança de coração e de mente sobre ele?

Era o motivo que eu aceitava naquele momento. Ele me envolveu em seus braços carinhosamente, levando suas mãos até minha cintura, e eu o abracei, levando minhas mãos até sua nunca. Ficamos num passo meio desengonçado, Alexander encostou seu rosto em meu pescoço e disse:

- Adocicado Sarah? Adoro esse perfume!

Fiquei com as bochecas rosadas e extremamente sem jeito, não o respondi. Depois de poucos minutos a música parou, mas Alexander não me largou ele ficou parado mantendo sua atenção em minha face. No silêncio de suas palavras cabiam os melhores beijos, que senti pulsarem de seus lábios querendo sair, mas ele os segurava, e eu também.

Ele me largou e sorrindo disse:

- Que música maravilhosa, não acha Sarah? Robert Cray realmente transmite uma mudança de coração e de mente a quem ouve sua voz.

- Sim, pude sentir todas as palavras dele nesse momento.

- Que ótimo você entende aquilo que está por trás da letra e da voz Sarah! A dança foi boa, mas vamos comer, estou faminto.

Alexander se dirigiu até a cozinha enquanto eu me sentei à mesa, ele trouxe uma bandeja coberta a colocou sobre a mesa, tirou a tampa e disse:

-Huuum... Está com uma cara ótima, eu não sei se você gosta, mas é a única coisa que sei fazer, além de combinar perfeitamente com o vinho branco que comprei. Eu só queria fazer algo caseiro.

Era macarão com almôndegas, e aparentava estar divino.

Sorrindo, lhe disse:

- Sinceramente macarrão é meu prato predileto, como advinhou? Huum... Seu carteiro investigador.

- Não queira me agradar assim Sarah. Falou isso sorrindo.

Servimos-nos e estava tudo muito bom e maravilhoso. Mas eu não podia esquecer de que meu motivo maior de estar ali era ganhar a confiança de Alexander para poder obter provas daquilo que buscava, o casaco cinza-escuro dele era a peça principal, se eu conseguisse encontrá-lo seria ótimo. Então disse a Alexander que precisava ir ao banheiro, e ele me indicou que usasse o banheiro de seu quarto que ficava no segundo andar.

Subi as escadas e fui até lá, quando cheguei à porta de seu quarto olhei para baixo e Alexander estava lá recolhendo os pratos da mesa. Entrei, fechei a porta. Seu quarto era comum e aparentemente normal, cama, guarda roupa, uma escrivaninha e um tanto quanto desorganizado. Abri primeiro seu guarda-roupa e quando olhei...

Isabela Dantas
Enviado por Isabela Dantas em 08/10/2014
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