Texto ruim para um sentimento bom.

Tenho escrito pouco e mal. O que me preocupa bastante, porque escrever é a minha válvula de escape, é a minha forma de colocar pra fora todo os sentimentos e as loucuras que existem em tanta quantidade em mim que quase me sufocam. Hoje me obriguei a escrever isso aqui. Sentei na varanda, ouvindo Cazuza, olhando a minha velha conhecida folha em branco e pensei em você.

Meus textos quase sempre tem algum você, não é? Beira o insuportável. E esse você é sempre uma paixão dilacerante, mal resolvida e tida como eterna, com aquele velho tom de inacreditável. Mas não posso evitar, não dessa vez. Quando a cada vez que eu fecho olhos penso de você. A cada copo de bebida que eu encho, encaro e esvazio. A cada música que escuto. A cada esquina que eu dobro. A cada novo alerta no celular. Você, você, você. Você e a distância congelante entre nós. Sofro muito e abertamente com isso, você sabe, todo mundo sabe. O que ninguém sabe é que quase sempre eu choro, imagino cenas, prometo para mim mesma que sempre vou te esperar, faço planos para nós dois. É meio triste saber que tudo tem um ar de impossível, mas eu gosto de lembrar de Voltaire que diz que sonhos existem para serem realizados e tal.

Esses dias abri mão de uma meia dúzia de babacas, alguns até meio inconscientemente, não estou tentando provar nada para você ou para ninguém, só fiquei feliz por ter evitado enfiar mais paixõezinhas idiotas na cabeça. E depois fiquei triste, lembrando que quase joguei pela janela essa dorzinha gostosa que é fingir que no mundo inteiro eu só enxergo você. Eu enxergo várias pessoas, várias possibilidades, mas de todas elas eu prefiro você, essa é a questão. Um dia você vai me preferir também, eu sei que sim. Até lá é provável que eu continue escrevendo textos assim, longos e prolixos, para despejar um pouco de toda essa paixão que eu tenho te dedicado. O texto é ruim, mas o sentimento é bom, merece ser retratado aqui, nos meus devaneios.

Esse é pra você, Amilton. Me desculpe por te expor, mas eu precisava revelar a quem venho atribuído toda essa paixão para dormir em paz.

Denyse Barrêto
Enviado por Denyse Barrêto em 20/10/2014
Reeditado em 20/10/2014
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