Doce Agressividade

Ela estava dançando com seu belo espatilho preto e vermelho. Chamava a atenção de todos ao seu redor, e sabia que chamava.

Nunca soube decifrar seu segredo, pois por mais rude que parecesse, exalava uma suavidade e agressividade ao mesmo tempo. Conseguia contagiar à todos com seu sorriso e suas histórias, e por mais irônica que fosse na maioria das vezes, sua voz soava sedutora e alegre.

Não sei direito o que sentia. Era como se eu precisasse simplesmente estar ali, ao seu lado. Eu a abraçava e podia sentir seus fartos seios abaixo do meu queixo, me aconchegando como um travesseiro. Ela sabia que eu gostava e continuava... Mas era proibido. Eu a via como uma mãe ao mesmo tempo que sonhava em tê-la como uma amante. Ela poderia me adotar e me aconchegar sempre que me sentisse vazio, em seus braços.

Era quase como um incesto. Ela poderia ser minha mãe e eu adoraria que fosse. Esse sentimento proibido pela diferença de idade só me deixava mais louco. Eu nunca soube como encaixá-la em minha vida: seria minha mãe adotiva? Minha amante? Ou minha amiga? Ela sempre me ouviu e sempre esteve lá quando precisei de algo. Ela sempre me aconselhou como uma amiga, sempre me abraçou como uma mãe e sempre me olhou como uma amante...

Tentei descobrir como era possível tantas características fatais em uma pessoa só. Como alguém com tamanha beleza e ironia poderia ser doce e agressiva ao mesmo tempo? Eu nunca fui o único a tentar decifrar. Eu sei que muitos outros tentaram, e muitas outras também. Mas ninguém conseguiu. E se conseguiu, não foi totalmente.

- “Quer beber?” – ela me perguntou. Eu poderia beber de seus lábios agressivos e tentadores naquele momento.

- “Quero”.

Ela então me passou a garrafa. Olhou-me com seus olhos irônicos e agressivos, ao mesmo tempo em que soltava um meio sorriso malicioso ao me ver beber. Os lábios dela haviam tocado este local. E lá estava eu, tendo um contato indireto com eles.

Me abraçou novamente e tive um contato com seus fartos seios. Eu ficaria ali pra sempre. Mas ela sabia que era proibido, e eu também. Me soltou então e continuou a dançar. Soltou seus longos cabelos negros, até a cintura e destacou-se novamente, como sempre, em meio às inúmeras garotas muito mais novas do que ela. Mas com certeza, de todas ali, ela era a mais jovem e indecifrável delas.

La Belle Noelle
Enviado por La Belle Noelle em 07/11/2014
Código do texto: T5026245
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