Milagre - um amor no Natal -Parte 3 final-

Milagre - Um amor no Natal

-Parte 3-

Raul olhou-a fixamente e seu maxilar se contraiu. Quanta saudade tenho sentido de você! – pensou, lamentando o tempo perdido. — Oi! – cumprimentou sorrindo.

Eliza caminhou para ele e o abraçou. Ele agarrou-se a ela e chorou.

Andressa, que chegara ao pátio na intenção de ajudar à amiga, parou também emocionada, e apenas assistiu aos dois.

— O que faz aqui, Raul? – Eliza perguntou quando conseguiu falar. — Por que se esconde? Por que foge?

— Não fujo! – acariciou o rosto gelado dela.

— Tenho sofrido tanto!

— Eu também. Pode acreditar. Mas... – ele suspirou e soltou-a. — Eu tenho um segredo.

Eliza olhou-o compreensiva. Raul sentiu-se seguro para compartilhar seus dramas e temores. Levou-a para dentro do hotel. — Bem, como pode ver, somos dono deste hotel e de alguns outros no Brasil. Nunca lhe contei porque nada disso é meu.

Ele gastou alguns minutos contando-lhe sua história. Sempre fora considerado o filho rebelde. Desde a adolescência dera problemas aos pais, mais ainda quando demonstrou não querer trabalhar nas empresas da família. Queria ser jogador de basquete e os pais não concordavam. Brigava muito com o irmão mais novo, Renan – o filho preferido – como o próprio Raul o chamava sempre.

Elba, sua mãe, era uma mulher esbelta e extremamente focada no trabalho. Ela conduzia a família, e o jovem Raul não aceitava a ideia de o pai ser submisso a ela. Para ele, seu pai era quem deveria governar a família e os negócios, já que fora ele quem conquistara sucesso e fortuna. A mãe afastara-se dele assim que ouvira de seus lábios essa afirmação.

As comparações com o irmão eram o que mais o tiravam do sério. Seja como seu irmão, estudioso, carinhoso, atencioso... – palavras como essas o afastavam ainda mais do caçula.

— Você não gosta do seu irmão – acusava a mãe.

— Não é nada disso. Só acho que tem muito "oso" na descrição que fazem dele: estudioso, atencioso... enfim, para mim já está se tornando odioso – Raul desabafou certa vez, gritando para os pais.

Então, quando cresceram, as comparações continuaram, e, ao anunciar que pretendia seguir um caminho diferente do que os pais traçaram para ele, tudo piorou. A mãe ordenou que ele saísse de casa se quisesse ser um jogador. E foi o que Raul fez. Mas em seguida, descobriu que amava o irmão e os pais muito mais do que pudera imaginar até ali, e que seu sonho de ser um jogador não era nada mais do que um modo de tentar chamar um pouco a atenção para si. Era carente de amor e atenção e farto de cobranças. Voltou para casa, pediu aos pais para ficar com eles e começou a trabalhar no hotel, mas então, já namorava Joelma, mãe de Aline, e os problemas recomeçaram. A mãe foi terminantemente contra e, o pai, seu Alceu, a apoiou.

— Ela é uma esportista, mãe. É bonita e saudável.

— Verdade, e sem nenhuma noção da vida real na mente.

Quando anunciou que seria pai, Elba procurou saber exatamente quem era Joelma. Uma surpresa desagradável, até mesmo para Raul, foi a descoberta de que a jovem, de família humilde, fazia programas para sobreviver, e que o esporte era uma tentativa de melhorar de vida. Pressionado a desistir de assumir a criança, mais uma vez Raul deixou a casa dos pais. Amava Joelma e estava decidido a apoiá-la a buscar algo melhor. Sem dinheiro, não oferecia à jovem um bom acompanhamento médico e a mesma veio a falecer no parto.

— Ela tinha pressão alta e não resistiu – contou-lhe a mãe de Joelma.

Arrasado e com a filha nos braços, Raul procurou pelos pais que, surpreendentemente a acolheram. O sonho deles, de ter uma menina, enfim se realizara. Porém, nem isso fez melhorarem os ânimos entre mãe e filho.

Raul passou a trabalhar em diversos empregos, a partir de então, até que conseguiu uma vaga num banco de amigos de seu pai, mas não era feliz. Faltava a paz e a harmonia no seio familiar, pelas quais tanto ansiava.

— Estou entendendo tudo perfeitamente – Eliza falou quando ele parou de contar sua história. — Só não entendo o que o fez distanciar-se de mim há um ano.

Raul levantou-se da poltrona do quarto de Eliza e foi até a janela. Olhou a paisagem parcialmente branca de neve, respirou fundo e disse: — Neve! Tem a ver com o meu irmão – voltou-se para Eliza: — Aconteceu algo terrível e minha família não me perdoa.

Eliza pôs-se ao lado dele. — O que houve, Raul?

— Eu fiz uma promessa e devo cumpri-la.

— Uma promessa... Para quem? Por quê?

— Meu irmão tem 25 anos. Estava noivo... Um futuro promissor nas empresas da família... até que... – Eliza esperou quando viu que Raul sofria para contar-lhe seu segredo. Segurou-lhe o braço e sentiu os músculos contraídos de tensão. — Insisti tanto para que ele esquiasse comigo no inverno. Estávamos aqui em Ushuaia, neve boa, mas Renan odiava esquiar – Raul sorriu para evitar as lágrimas. — Ele sempre odiou qualquer brinquedo veloz e eu sempre lhe dizia que ele devia mesmo era ficar somente dentro dos escritórios de mamãe. Quando repeti isso, Renan resolveu me mostrar que também tinha coragem para esportes radicais e saímos juntos. Mas só eu voltei para casa – duas lágrimas rolaram pela face de Raul. — O acidente foi grave. Uma lesão na coluna o deixou sem os movimentos da cintura para baixo.

— Raul...! – Eliza virou-o de frente para ela e limpou-lhe o rosto.

— Meus pais me culpam a todo momento e me odeiam mais a cada dia. Fuji daqui e conheci você... Quando vim para casa, no Natal, Renan contou-me que sua noiva o deixara. Ela é jovem e bonita e lhe disse que não poderia prender-se a ele. Desde então Renan vem definhando, está vivo, mas morre um pouco a cada dia, por dentro, e a culpa é minha. Foi aí que fiz a promessa: eu voltaria para casa, trabalharia no hotel e deixaria você – ele chorou muito nesse momento. — Mesmo amando-a tanto, prometi deixá-la e esperar que, com minha própria penitência, algum ser, algum anjo ou sei lá o que, curasse Renan. Talvez assim meus pais me perdoassem, e se não me amassem, talvez pudessem pelo menos conversar comigo, viver harmoniosamente. Eu os amo e sinto tanto a falta deles.

Eliza chorou com Raul e voltou a sentar-se na poltrona. Ele foi até ela e ajoelhou-se à sua frente. Pediu perdão por tê-la abandonado, mas disse que estava convencido de que abrir mão de seu grande amor era o caminho mais perto para a recuperação ou até mesmo a cura de Renan. — Sei que jamais a esquecerei, mas sem vê-la, sem falar com você, a dor da saudade é um tanto mais suportável.

Eliza balançou a cabeça em negativa, freneticamente. — Não, não é assim... Você não teve culpa...

— Mas meus pais me culpam. Dizem que eu queria matar meu irmão por inveja.

— Você não pode aceitar isso, Raul. Olha, minha vida mudou. Sofri muito quando você desapareceu, mas foi a melhor coisa que me aconteceu – ele olhou-a, assustado. — Sim. Com sua falta, eu pude abrir meu coração para Deus e ele tem sido maravilhoso comigo.

— Deus – Raul falou sem entonação. — Tantas vezes já o culpei pela frustração que é a minha família e principalmente pelo que aconteceu a Renan.

— Mesmo assim Ele pode mudar tudo isso. Deus é poderoso, Raul, quero que saiba disso. Se você tivesse falado comigo antes, eu já teria vindo para lhes apresentar o amor de Deus que mudou minha história, e sei que pode mudar a sua também.

— Só me interessa se Ele puder curar Renan. Ele pode?

Eliza assentiu. — Sim, Ele pode. Porém, o que Deus mais quer, é que você e sua família vivam em paz, que sejam felizes, que se amem...

— Ah, Eliza, aí já é querer demais! Para mim já estaria de bom tamanho se Renan voltasse a andar, ainda que com dificuldade...

Sem esperar que Raul terminasse de falar, Eliza colocou a mão direita em seu ombro e orou por ele e pela sua família. Ao final, Raul olhou-a, surpreso e disse-lhe que ela estava diferente. Mas, na verdade, ele também estava. O semblante pesado agora dava lugar a um brilho, e mesmo que ele não percebesse, Eliza podia ver que seus olhos estavam diferentes. Ela lembrou-se que prometera levar o milagre do amor de Deus por onde andasse e quis, ardentemente, conhecer a família de Raul e orar com eles.

— Eles são difíceis, mas Renan gostaria muito de conhecê-la – ele falou, levantando-se. — Quer mesmo ir à nossa casa?

A casa magnífica ficava ao lado de outras tão suntuosas quanto à de Raul, e a paisagem ao redor era das mais belas. Eliza observou tudo com cuidado, queria gravar aquela imagem na mente, talvez nunca mais voltasse a vê-la. Entristeceu-se ao pensar na solidão que aquela família vivia, na falta de paz, na impossibilidade de demonstrar afeto e amor, e que o dinheiro, embora não fosse a fonte de seus males, também não podia ajudá-los. Um milagre, meu Deus, essa família precisa de um milagre – ela falou com Deus, mentalmente.

Eliza e Andressa foram bem recebidas por Renan. Ele sorriu para Raul e disse que o irmão tinha bom gosto. Depois, fez questão que elas esperassem pela chegada de seus pais. Enquanto esperavam, ele contou para Eliza que escolheram mudar-se para Ushuaia após o acidente porque queriam evitar a presença de curiosos.

Os pais de Raul chegaram no início da noite. Eliza pensou que nunca vira mulher tão elegante quanto à mãe dele. Elba cumprimentou-a com simpatia e disse reconhecê-la de uma fotografia. Depois, Elba beijou Renan e Alceu a imitou. Raul recebeu apenas um "oi" dos dois. Educadamente, o casal convidou as duas para jantarem com eles e Eliza surpreendeu-se ao vê-los dando graças antes de comerem.

"Talvez seja um pouco mais fácil do que pensei" – pensou Eliza, e na sala de estar começou a falar-lhes do amor de Deus. Contou-lhes de sua vida, suas tristezas e do seu encontro com o milagre do amor. Compartilhou textos bíblicos que falavam dos milagres de Jesus e completou dizendo que Ele ainda era interessado em realizar milagres.

— Ele pode curar meu filho? – perguntou Elba.

— Sim, pode. Mas ele quer lhes dar muito mais do que isso. Um dos nomes de Jesus é Príncipe da Paz e é isso que Ele quer lhes dar. Por mais que vivamos guerras, dores, limitações e dificuldades, a presença de Jesus nos garante paz, sempre.

A mulher olhou rapidamente para Raul, depois perguntou para Eliza: — E o que eu teria de fazer para ter tudo isso? Sei que nada vem de graça.

Eliza sorriu. — A graça de Deus nos é suficiente quando nos entregamos a Ele. Não é necessário mudarmos nada em nós, o amor de Deus é que nos transforma. Basta que queiramos ser diferentes, que deixemos mágoas e rancores e demos lugar ao amor de Jesus.

— Eu não sei... – disse a mulher. — Tenho sido muito ferida e tenho ferido muito durante toda a minha vida. Há coisas que não consigo superar.

— Se quiser, o milagre do amor de Deus pode ajudá-la. Nós somos assim, não conseguimos nada por nós mesmos. Mas veja bem, em seus últimos momentos de vida na cruz, Jesus pediu a Deus que perdoasse seus algozes, isto é, o amor de Deus cura e nos ajuda a superar.

— Você pensa assim mesmo ou isso serve mais para reconquistar Raul?

— Não penso assim. Eu creio assim, porque também aconteceu comigo. É diferente. Quanto ao seu filho, eu o amo, muito mesmo, mas primeiro quero vê-lo feliz de verdade, para então pensar em mim e em nós dois – todos se entreolharam em absoluto silêncio. Eliza continuou: — Essa é a época do Natal, faz um ano que minha vida mudou... bem, eu... Raul compartilhou algumas coisas comigo, hoje, mais cedo. Gostaria muito de orar com vocês, pedir que sua história seja diferente...

— Acredito em você e em sua boa intenção, Eliza, mas eu não estou pronta. Há muito o que considerar – a mulher levantou-se. — Pode fazer sua oração, só me desculpe por não poder participar.

Eliza pediu que todos dessem as mãos assim que a mãe de Raul saiu da sala. Em seguida orou pedindo por um milagre de amor para aquela família e declarou vitória para Renan. A mãe de Raul assistia de longe, meio que escondida, mas, quem reparasse com atenção, veria em seu rosto sério, caminhos feitos por duas grossas lágrimas, despertando em seu coração, o amor há muito adormecido.

Raul levou Eliza e Andressa de volta para o hotel. Depois que a amiga entrou, Eliza ainda ficou com ele por alguns minutos. Ele perguntou se a veria de novo e Eliza respondeu que talvez não. Precisava voltar para casa e para o trabalho. — Certo. Espero que me entenda e que seja minha amiga para sempre.

Eliza emocionou-se, mas conteve-se. Chegava a hora da despedida e sabia que nunca mais veria Raul. Iria esquecê-lo, ainda que doesse muito. Antes, deixou com ele uma bíblia, e despediu-se após abraçá-lo. Ambos derramaram lágrimas sinceras.

Eliza saía de uma festa no centro comunitário onde era voluntária logo após as 17 horas. Estava cansada e o dia seguinte, véspera de Natal, seria bastante cheio. Caminhou rapidamente para um ponto de taxi e, quando sinalizou, ouviu seu nome sendo chamado. Virou-se e um homem bem-vestido sorriu para ela.

— Poderia me acompanhar, senhorita? – ele falou apontando para o carro que o esperava. — Sou o motorista de dona Elba e ela gostaria de lhe falar, no carro.

Com o coração aos pulos, Eliza entrou no veículo. Deparou-se com Elba que lhe deu um sorriso afetuoso. — Finalmente a encontramos – disse a mulher. — Estou aqui para pedir que venha comigo a Ushuaia.

— O que aconteceu, dona Elba?

— Não aconteceu nada, mas eu gostaria que acontecesse... bem, na verdade, Renan começou a sentir as pernas – a voz de Elba embargou. — E isso aconteceu após sua oração.

Sem mais nenhuma pergunta, Eliza concordou em ir para Ushuaia. Avisou a família, a amiga Andressa e em poucos minutos estava pronta para a viagem.

Aline correu para Eliza e abraçou-a, feliz.

Renan também sorriu quando a avistou e estendeu-lhe os braços. — Venha cá, minha cunhada linda! Deixe-me abraçá-la – Eliza caminhou até ele reparando no quanto estava diferente. — Aconteceu alguma coisa depois que você orou por mim. Sinto minhas pernas. É claro que muito pouco, mas já sinto. Agora acredito que um dia andarei.

— Sim, andará! – exclamou Eliza. Ela voltou-se para Elba e Alceu, emocionada. Seus olhos procuraram por Raul, discretamente, mas não o viram. — Eu creio que Deus quer completar o milagre em vocês. Arrisco-me a dizer...

— Eu já mandei buscá-lo – Elba interrompeu-a e foi até Eliza. — Você me ajuda? Quero perdoar Raul e lhe dizer do quanto eu o amo... – Elba chorou. — Li muito a bíblia que você deixou aqui e aprendi um pouco sobre o verdadeiro amor. Estou em falta com o meu filho porque eu sempre quis governar a empresa e a família de igual modo e cobrava muito de Raul desde que era apenas uma criança. Quando cresceu e demonstrou pensar diferente de mim, não pude aceitar, e, como forma de puni-lo, fiz uma escolha e passei a tratá-lo diferente de Renan. E eu sei que lhe causei muito sofrimento... Eliza, você acha que Raul me perdoará?

Eliza limpou os olhos e suspirou, apontando para trás de Elba. — Por que você mesmo não responde, Raul?

Elba virou-se imediatamente e deparou-se com Raul atrás de si. Ele chorava lágrimas abundantes em silêncio. Elba foi até ele e parou. — Sim. Eu a perdoo, mamãe – Raul respondeu.

Elba abraçou-o e chorou soluçando. — Por favor, me perdoe, meu filho. Eu... eu...

— Não precisa dizer mais nada, mãe. Eu ouvi sua confissão para Eliza. Eu também preciso do seu perdão, do perdão de papai e de Renan – Raul aproximou-se do irmão. — Eu jamais tive a intenção de machucá-lo, mano. Você é meu irmão, meu sangue e eu o amo. Me perdoe pelo acidente... eu fui tão infantil em desafiá-lo...

— Está tudo bem, Raul. Você não teve culpa – eles se abraçaram. — Eu também te amo, meu irmão!

Alceu, que apenas chorava, abraçou os filhos e chamou a mulher e a neta.

Por alguns minutos Eliza assistiu à cena linda de reconciliação entre aquela família que aprendera a amar independente de sua relação com Raul. Ainda chorava, observando-os, quando Raul voltou-se para ela.

— Como poderei agradecê-la por isso? Acho mesmo que nunca serei capaz de recompensá-la...

— Não há necessidade disso, Raul. Eu só me deixei usar por Deus e pelo milagre do amor que só Ele pode realizar.

Raul abraçou-a e depois a levou para junto de sua família que ainda estava, muito emocionada.

— Não posso partir sem antes fazer uma pergunta: Vocês querem receber o milagre de Deus em suas vidas através de Jesus? Estamos na véspera do Natal, quando comemoramos o nascimento de Jesus, mas Natal é qualquer dia, a qualquer hora que alguém se arrepende de seus pecados e recebe a Jesus em seu viver, e esse é o maior de todos os milagres.

Todos os cinco responderam que sim. Eliza sentiu que seu coração explodiria de felicidade. Dando glória a Deus, orou pela família. Então o milagre aconteceu. Renan contou que sentia que algo o impulsionava a levantar-se da cadeira de rodas e todos o encorajavam. Nos minutos que se seguiram, eles presenciaram o milagre da cura daquele jovem, quando esforçou-se para levantar-se e, após conseguir manter-se me pé, começou a dar pequenos passos até que, por fim, andou.

Eliza aproveitou que a família de Raul estava em um momento de alegria e resolveu deixá-los, em silêncio. Lá fora, novamente contemplou a paisagem branca e os desenhos que a neve formava nos telhados, nas calçadas e plantas. Tudo tão diferente de casa, tudo tão lindo! Caminhou sentindo o frio no rosto e que parecia chegar a todos os seus ossos. Iria embora, sem seu grande amor, porém estava feliz por ter lhes apresentado a Jesus, e tinha plena convicção de que aquele amor jamais os abandonaria.

— Aonde pensa que vai? – ela ouviu a voz de Raul e parou. Ele a alcançou. — Está fugindo de mim?

— Eu preciso ir para casa. Minha família me espera para o Natal – ela respondeu, quase chorando. Queria ficar em Ushuaia. Queria ficar com Raul.

— E me abandonar? Nada disso! Já não basta o tempo que ficamos separados?

— Eu não sei – Eliza pendeu a cabeça para a esquerda e uma lágrima rolou.

Raul a tomou nos braços e beijou-a. — Não quero ficar nem mais um minuto longe de você, Eliza. Deus nos deu a bênção da cura de Renan e, conforme prometi, eu a quero de volta.

— Mas... e minha família? O Natal é tempo de ficarmos com aqueles que amamos! Eu preciso voltar.

— Fique com Raul. Será um prazer para todos nós – falou Elba, aproximando-se. — Sua família está aqui, seus pais e irmãos, trouxemos todos.

Um a um, todos da família de Eliza apareceram na varanda da mansão.

— O que me diz? – Raul perguntou, sorrindo.

— Eu fico. É claro que eu fico - Eliza respondeu extremamente feliz.

Raul a abraçou de novo. Eles voltaram para a mansão e se confraternizaram mais uma vez.

Durante a ceia de Natal, Raul pediu a palavra e fez uma declaração de amor emocionante para Eliza. — Nunca, jamais poderei ter algo melhor em minha vida. O presente que você deu a mim e à minha família é incomparável. Depois que li as marcações em sua bíblia, entendi o verdadeiro motivo do Natal, que sou eu, você, todos ao redor desta mesa e toda a humanidade. Sim, nós somos o motivo do nascimento de Jesus. A morte dEle foi importante, mas, foi em seu nascimento que começou tudo o que vivemos aqui, hoje. E o que me deixa ainda mais feliz, é o fato de ter conhecido o milagre do amor de Deus através de você, a mulher que eu amo, e quero viver para sempre ao seu lado – ele estendeu-lhe o anel. — Eliza, quer casar comigo?

Sob aplausos das duas famílias, Raul a beijou quando Eliza respondeu: — Sim, meu amor. Eu quero ser sua esposa, e dia após dia viveremos um amor gerado nas mãos de Deus para nós. E proclamaremos por onde passarmos o maior milagre do Natal: Deus é amor!

Hêzaro Viana
Enviado por Hêzaro Viana em 27/12/2014
Reeditado em 29/12/2014
Código do texto: T5082773
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