Chapéu Branco: A paixão de Hellena

Um sonho? Talvez, mas um sonho tão real que ainda hoje, após 39 anos, ainda sinto todo o sentimento que me consumia na época. Estava eu sentada na pracinha do mercado público, tinha lá eu meus dezesseis anos de idade, idade certa para se apaixonar? Acho que não, pelo menos minha mãe sempre falava que não. Só sei que andava meio triste, sentia vontade de encontrar alguém com quem compartilhasse minhas alegrias, tristezas, me sentia só, e realmente precisava de alguém.

Acordei decidida a achar alguém, mas sabia eu que não seria naquele banco de praça, só sabia que precisava estar ali.

Eram mais ou menos, cinco e quarenta e cinco da tarde, mal sabia eu que minha vida mudaria dali em diante, havia me arrumado toda como se estivesse adivinhando, passei meu batom cor de rosa, que havia usado pela primeira vez, olhei o quase por do sol, sem nada para fazer, como se esperasse algo acontecer der repente.

Quando me preparara para deixar aquele banco e direcionar-me a minha casa, eis que um homem surge a minha frente, alto, cabelos claros e olhos castanhos também claros e algo que me chamou muito minha atenção, ele usava um chapéu branco. Ele me perguntou se eu estava ali esperando alguém, eu disse que não, e perguntei se ele estava esperando alguém. Resposta: Sim, você. Uma chama de emoção me consome, apesar de achar que foi uma cantada barata. Conversamos muito aquela noite, seu nome era Eduardo, nossa conversa se estendeu por horas, depois por dias, até que com uma semana, demos nosso primeiro beijo.

Começamos uma bela história de amor, sempre estava usando seu chapéu branco, ele nunca quis me dizer o porquê de gostar tanto daquele chapéu, já que ele sempre usava o mesmo. Fazíamos tudo juntos, lanchávamos, brincávamos, estudávamos, era tudo mesmo, até que certo dia, em sua casa... Hum, aquele dia, chovia, fazia frio, muito frio, foi ali que tivemos nossa primeira noite de amor, foi lindo... A partir dali, tinha certeza que Eduardo, era o homem de minha vida.

Resolvemos nos casar, mas meus pais não permitiram, só lembro que chorei muito aquela noite, senti vontade até de tirar a própria vida, quando senti uma coisa boa em mim, olhei a janela e estava ali uma rosa vermelha, com uma mensagem pregada nela dizendo “você será muito feliz, não se preocupe.”. Fiquei melhor, e me tranquilizei.

No outro dia, resolvi aparecer naquele mesmo banco da praça para agradecer o presente, quando chego lá encontrei apenas seu chapéu branco em cima do banco. Senti que nunca mais o veria, e assim aconteceu, desde aquele dia nunca mais vi Eduardo e seu chapéu branco. Todos dizem que ele só quis brincar comigo, mas não acho, sinto que o que ele realmente me amou, e hoje tenho Eduardo Jr. para confirmar isso. Por que não o vi mais, só o destino terá a missão de me explicar, hoje com 55 anos, tenho certeza que esse foi meu maior amor.