A bailarina e o amor

Bailarina sempre dançava, rosto repleto de encanto. Vivia um sonho. Palcos sempre cheios. Sempre muito aplaudida. Não sentia falta de nada. Apenas de um amor. Coração tantas vezes sofreu, e não mais quis se entregar a esse sentimento. Entretanto, seus olhos um dia brilharam, brilho este pelo palhaço que fez toda a plateia sorrir. Mas a bailarina tinha medo de mais uma vez ferir teu coração, tantas vezes ferido por amores errados, por pessoas que não sabiam amar. Até que um dia ouviu dizer que o palhaço a via como a mulher da sua vida, e até compassou seu coração objetivando poder conquistá-la, mas ela nunca desconfiou de tamanho sentimento. Achava que era algo passageiro. Afinal, era apenas um palhaço. Mas era dele que ela precisava. Ele iria fazê-la feliz. Ele iria amá-la todos os dias. Ela resolveu, então, dar seu coração a ele. A bailarina, porém, havia perdido toda sua vontade de ser verdadeiramente feliz. Na dança, a música já se tornou algo comum. Passos no palco eram decorados, sempre os mesmos, toda noite. Ela não via ninguém à sua volta. Nunca viu. Apenas na entrada ao palco, e na saída aos aplausos.E ela entrava pra mais uma apresentação. Nesta, meio que por instinto, pode abrir bem seus olhos, olhos estes que um dia o palhaço pode ver de perto, em um abraço, um momento não mais repetido. Ao abrir os olhos, ela conseguiu ver, bem ao longe, seu amado. Ele nem sequer piscava a cada movimento da bailarina. Ela, por sua vez, fez seus melhores passos e, por um momento, reparou na música que se tocava. Aquele som suavemente penetrou na alma da menina, e o ritmo a tornou mais bela e linda. Pensava que podia voar, voar como um cisne, e via seu palco todo florido e colorido. Ela bailava o ritmo dos sonhos. Todos puderam ver seus olhos brilhando como esmeraldas, sentir o cheiro de pirulito de morango nos cabelos. E nos lábios avermelhados, todos viram seu sorriso. E ela viu o sorriso do palhaço, dessa vez mais perto. Ele, durante todo o espetáculo, não conseguiu tirar os olhos dela. A apresentação dela havia terminado. Aliás, a música terminou. Ela, ainda cansada pelos rodopios, se dirigiu a seu amado. Seu vestido branco pesava como nunca havia pesado antes, seus pés apertavam dentro de seus sapatinhos como se fossem explodir. Ela, então, chegou perto de seu palhaço (naquele momento ele era seu), olhou-lhe nos olhos e, antes de dizer alguma palavra, ele colocou a mão no bolso e pegou o coração que durante muito tempo ficou ali guardado à espera dela. Com as mãos espalmadas, esticou o coração e ofereceu a ela. Seus corações aceleravam e suas alegrias eram vistas por todos ali. As lágrimas dos dois não permitiram que nenhuma palavra fosse dita, e todo o silêncio foi substituído por um barulho uníssono que ecoou no palco naquele momento: os aplausos da plateia.

Deivide Douglas
Enviado por Deivide Douglas em 17/03/2015
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