Réveillon

Por questões de trabalho acabei não conseguindo ir pra casa de meus pais passar as festas de fim de ano com minha família. Era ano novo e gostaria de não passa-lo no hotel. Lembrei-me de um amigo que conheci recentemente, ele havia me convidado para passar a virada de ano em sua casa. Tinha alguém para me apresentar, contudo minhas tentativas de encontrar uma mulher para partilhar a vida comigo tem sido bem frustrantes. Prefiro não pensar nisso, pelo menos não no momento, pois ando muito ocupado com trabalho e sempre acabam reclamando de minha constante ausência... Só de pensar em acabar passando por tudo novamente me sinto cansado. Apesar de que a esperança nunca morre.

Resolvi ir para essa tal festa do Brad, mas não iria sozinho. Vou levar o Christiano comigo, terei de convencê-lo. Sei que não será difícil e no fim não foi mesmo. Fomos no carro do Chris. Ao entrar, a grande maioria das pessoas estava vestindo branco como já era de se esperar. Bem, todas as mulheres estavam, com exceção de duas. Uma estava de vermelho e a outra, surpreendentemente, estava de preto. Não consegui tirar os olhos dela, não apenas pela roupa tão inusitada para a ocasião, mas... Tem algo nela que me chama a atenção.

Quando dei por mim o Chris havia sumido, “deve ter ido aproveitar a festa” foi logo o que pensei. Encontrei o Brad e já me veio com a história de me apresentar alguém. De certo havia várias mulheres lindas ali, mas realmente não estava afim de outra tentativa por agora. Entretanto, para não ser descortês com o anfitrião da festa aceitei conhecer a tal garota. E para minha surpresa e alegria era exatamente a mulher de preto.

-Então, amiga, esse é o Tomás. Ele é gato, talentoso e ‘tá’ solteiro.

-Quanto você já bebeu? - Ela perguntou para o Brad e não contive o riso.

-Quase nada! Tom, meu lindo, essa é Alana. Grande amiga. Uma fofa, algumas vezes pelo menos. É gata, como dá pra ver, talentosa (apesar de nem sempre conseguir enxergar isso), gosta de Shakespeare. Até deu o nome do carro de Hamlet. Não... Como você o chama mesmo¿

-Hammy!

-Hammy! Viu, além de tudo é espirituosa...

-‘Tá’ bom né Brad?!

Ela parecia muito desconfortável com aquela situação imposta pelo Brad.

-Sorry! Acho que ‘tô’ falando demais. Melhor ir e deixar vocês conversando, mas depois quero que me contem detalhes.

-Ele é meio exagerado. Disse ela.

-O nome do seu carro é Hamlet mesmo?

-Sim. O apelido dele é Hammy!

-Isso é curioso.

-Sempre gostei de dá nomes pras minhas coisas favoritas. E adoro meu carro. De onde conhece o Brad?

-Estava em uma festa uma vez e ele veio falar comigo assim do nada. Acabou me convidando pra essa festa junto com o Chris, uma amigo meu. E você?

-Bem, de certa forma o mesmo. Em uma festa veio falar comigo e logo ficamos amigos. Ás vezes, ele ajuda a mim e uma amiga com essa websérie que temos.

-Websérie? Sobre o que? - Não conseguia tirar os olhos dela, o jeito como falava e sorria eram inebriantes.

-Duas amigas que moram juntas, é um sitcon. Graças ao Brad encontrei um bom curso de fotografia e atuação pra melhorar minhas habilidades na série.

-Isso é bem interessante. São apenas vocês duas?

-Sim. Fazemos tudo. Escrevemos, atuamos, dirigimos e até editamos. Na verdade cada uma faz uma coisa, mas como sempre pegamos a opinião uma da outra prefiro dizer que as duas fazem tudo.

-Entendo, então...

Nesse momento chegou uma mulher loira, alta e de olhos azuis. Posso garantir que era linda, como nunca vi igual. Já chegou invadindo meu espaço, me abraçando, tentei não ser rude com ela, pois me parecia um pouco bêbada. Porém, quando fui olhar para a Alana na tentativa de demonstrar meu descontentamento por aquela interferência em nossa conversa ela já não estava mais ali. Olhei ao redor e a vi saindo pela porta da sala em direção ao jardim. Tratei de levar a moça para o sofá onde consegui deixa-la. Sim, era uma linda mulher. Sim, não estava em busca de uma relação mais completa e ela parecia disposta a isso, entretanto não conseguia tirar da minha cabeça aqueles olhos, aquele sorriso e o jeito tímido de falar sem manter contato visual por muito tempo. Tinha de procura-la. Tinha de ter certeza se não seria ela a mulher certa. Como disse antes a esperança nunca morre.

Não estava tão longe da meia-noite, então resolvi pegar um champanhe pra nós comemorarmos a virada de ano sem interrupções, apenas nós dois e um jardim. Ao sair tive uma das mais belas visões, nunca sairá da minha memória. Uma bela piscina, um lindo jardim, a lua, estrelas e ela. Deitada em uma das cadeiras de sol olhando para o céu. Parecia uma pintura de tão maravilhosa que a vista era.

-Já é quase meia-noite. Imaginei que quisesse um champanhe.

Parece que a assustei. Tratei mostrar meu melhor sorriso, para que ela pudesse ter certeza do quanto não queria estar em nenhum outro lugar senão ali naquele jardim em sua companhia.

-Obrigada! – Disse recebendo a taça de minha mão. Então sento na cadeira ao lado.

-Aqui é muito bonito. – Digo.

-É sim. Essa piscina com essas plantas e esse céu. Cenário perfeito!

-É uma bela vista realmente. – Olho para ela ao falar isso que fica vermelha. É uma noite fria e está com um vestido rendado, tive de perguntar. – Não está com frio?!

-Sim, um pouco.

-Gostaria de usar minha jaqueta?

-Se não for nenhum incomodo.

-De forma alguma. - Coloco a jaqueta em seus ombros.

-Obrigada. Eu adoro frio, mas já estava começando a incomodar. Só que não queria entrar.

-Por que fugiu da festa? - Tive de perguntar, para ter certeza se não fugia de mim.

-Principalmente, por ter olhado pela vidraça e visto esse cenário. Como poderia resistir a passar a virada de ano nesse lugar?

-Mesmo sozinha?! – Me sentia bobo em insistir na pergunta. Em querer saber se havia agradado a ela minha presença, assim como a dela agradou a mim.

-Bem, o Brad está com vários convidados, a minha amiga está por aí em algum lugar, aposto que bem ocupada e você estava com uma loira grudada no pé. Então só restou minha doce companhia.

-Ela foi bem inconveniente não é? - Fiquei feliz com a resposta, pelo visto me ver com aquela garota a incomodou.

-Parecia que eu nem estava ali.

-Ela está um pouco altinha. – Tentei justificar a atitude sem denegrir a imagem da garota.

-Quer dizer bem bêbada não é?!

Não tive como não rir deste comentário, afinal ela tinha razão. Quando nossos risos cessaram meus olhos acabaram parando nos dela, que me pareceu encabulada com a situação e acabou por desviar o olhar, mas retornou seus olhos aos meus em seguida e isso me deixou muito contente. Resolvi que era uma boa hora para uma dança, então levantei e fui até ela.

-Me concederia esta dança?

-Claro.

Começamos a dançar a música Young and beautiful ao lado da piscina. Sentindo seu corpo tão próximo, sua respiração e seu cheiro. Não resisti... Beijei-a.

-Como é doce o sabor do seu beijo. – Comentei.

-O seu também não é ruim. –Falou sorrindo. – Entretanto, preciso de um pouco mais para ter certeza.

Logo em seguida já era meia-noite. Como as horas passam rápidas quando se está com alguém que vale a pena.

-Feliz ano novo! –Falei.

-Ele começou muito bom. Feliz ano novo!

Continuamos com os beijos quando ela demonstrou querer sentar-se. Voltamos para cadeira de sol. Ficamos ali por um tempo. Estava muito agradável, até o momento que ela pediu para pararmos.

-Tom!

-O que houve?! Algo errado?

-Errado não. Só que... Acho melhor pararmos por aqui. Desculpe, mas acho melhor ir pra casa.

-Oh! Claro. Não. Você me desculpe. Venha eu te levo. – Creio ter exagerado um pouco na empolgação, porém a culpa é apenas de seus deliciosos beijos.

-Não precisa, estou de carro.

-Então me dê uma carona, porque vim com o Chris e, bem, acredito que não queira ir embora tão cedo.

-‘Tá’ bem. Vamos.

Eu quem deveria leva-la em casa, porém vim no carro do meu amigo que havia sumido. A carona, também, seria uma bela desculpa para ficar mais um tempo junto dela. E estava bastante curioso para ver seu carro.

-Ual! Esse é seu carro¿ - Um lindo carro, realmente.

-Sim, esse é o Hammy.

-Bel Air 57!

-Hammy, Tom. O nome dele é Hammy.

-Ok. Desculpe. O Hammy é muito bonito.

-Obrigada.

Paramos na porta do hotel que estava hospedado. Pedi logo seu número para garantir que a veria novamente. Falei o quando adorei a noite e ela demonstrou sentir o mesmo. Um beijo de despedida e entrei no hotel. Cheguei ao quarto com um enorme sorriso. “Que noite maravilhosa!” pensei. Estava chateado por não ter podido ir para casa nesse final de ano, porém acabou sendo muito melhor assim. Conheci uma garota incrível. Como prometi amanhã mesmo vou ligar para ela e até já sei nosso programa. Agora vou dormir, pois quanto mais rápido conseguir mais rápido a verei novamente.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 22/07/2015
Reeditado em 29/07/2015
Código do texto: T5320158
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